No início de 2024, 19 estudantes da região embarcaram para Itália como parte de um intercâmbio cultural entre o Instituto Estadual de Educação Monsenhor Scalabrini de Encantado e o Instituto Estadual de Ensino Superior Primo Levi, situado em Montebelluna, região de Veneto. A comitiva ficou quase 20 dias em terras internacionais para o programa. Agora, a Terra do Cristo Protetor recebe desde a última sexta-feira, 3, um grupo de 26 alunos italianos para viver a experiência em chão brasileiro.
O intercâmbio foi realizado pela primeira vez em 2019 e foi uma ideia possível graças a formação do Acordo de Cidades Irmãs – “o Gemellaggio” – estabelecido entre Encantado e San Pietro Valdastico (Vêneto), em 1994. Este foi o segundo gemellaggio firmado no RS. Anos mais tarde, em 2016, Encantado reforçava sua relação de origem com a Itália, especialmente com as cidades vênetas, ao firmar o Pacto de Amizade com a cidade de Valdobbiadene.
O objetivo é oferecer aos alunos a oportunidade de conviver com outra cultura e promover a troca de hábitos e costumes por meio dessa nova realidade. Estreitar relações com as cidades-irmãs e parcerias também estão entre as metas. Ainda no último sábado, 4, a comitiva já conseguiu conhecer o Cristo Protetor, onde puderam ouvir os relatos de como foi sua concepção e construção e importância cultural e econômica que o monumento proporciona ao município.
O roteiro do grupo, durante a estadia na região, irá percorrer um itinerário extenso que inclui visitas a várias cidades do Rio Grande do Sul e outros destinos turísticos importantes, entre eles estão Venâncio Aires, Lajeado, Paverama, Bento Gonçalves, Carlos Barbosa, Porto Alegre, Triunfo, Ilópolis, Foz do Sul Iguaçu (PR) e São Miguel das Missões. Segundo a diretora do Scalabrini, Valesca Pasqualetto, inicialmente a viagem estava programada para o primeiro semestre de 2024, mas foi adiada devido às enchentes.
Primeira experiência internacional
Os brasileiros que participaram do intercâmbio em 2024 conheceram Veneza, San Pietro Valdastico (Vêneto), Valdobbiadene, Piacenza e Roma durante a viagem. Marina Do Amaral Gonzatti foi uma das jovens a participar da experiência. “Foi minha primeira vez fora do país. Estranhei um pouco no início com a diferença cultural que é bem grande, mas a família que me abrigou me acolheu muito bem e com isso consegui conhecer uma vivência muito rica e apreciar todo aprendizado proporcionado pelo intercâmbio”, conta a estudante.
Essa visão também parece ser a dos colegas italianos que agora estão aqui hospedados com as famílias dos brasileiros que participaram do projeto em 2024. “Está sendo uma experiência muito formativa, é minha primeira vez no Brasil e também a primeira vez que cruzo o oceano em uma viagem. É uma nova cultura e estamos nos adaptando as tradições locais que são muito diferentes do nosso cotidiano. O que mais gosto aqui é a natureza, os animais e as florestas que diferem bastante do que temos na Itália. Superou minhas expectativas e aconselho a todos a experimentarem se puderem” revela a italiana Amália Teresa Costa.
Tradição viva
Acompanhando a comitiva de alunos estão a professora Maria Cristina Licciardi e a vice-diretora, Rossella Zanni. “A principal razão para estarmos aqui é manter a troca entre a tradição italiana e brasileira, conseguimos reconhecer nossa cultura em crianças daqui, percebemos a curiosidade deles sobre a realidade na Itália e por isso desejamos manter esse vínculo entre os nossos países mesmo com todos os quilômetros que nos separam”, aponta Maria.
Conforme a educadora é um prazer poder contar sobre os antepassados que deixaram a Itália e chegaram aqui na região, viveram e se desenvolveram. “É encantador ver essas cidades e o que a união e o trabalho conseguiram conquistar, ainda mais perceber que muitos ainda mantém alguns costumes italianos que aprenderam com seus familiares, portanto, essa troca serve acima de tudo para a nova geração manter viva essa importante conexão”, afirma Rossella.
Na terça-feira, 7, o grupo veio até a unidade do Grupo A Hora em Encantado onde receberam materiais sobre o Vale do Taquari. A professora do Colégio Martin Luther em Estrela, Janaine Trombini, foi a tradutora durante a passagem da comitiva.