É uma alegria poder reencontrar meus ex-alunos pelas ruas
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ABRE ASPAS

É uma alegria poder reencontrar meus ex-alunos pelas ruas

A professora Salete Garcia de Siqueira Spellmeier tem 72 anos e durante 49 anos, lecionou Português e Literatura nas escolas estaduais da região. No Colégio Estadual Presidente Castelo Branco (Castelinho), em Lajeado, instruiu sobre as regras da gramática e da ortografia e iluminou o caminho de muitos estudantes para a arte da literatura. Fora das salas de aula há um ano e meio, desde que conquistou sua aposentadora, Salete esbarra com alunos nas ruas e locais públicos e lembra do prazer de ensinar. Os encontros eventuais com os ex-estudantes indicam a ela, a importância das relações. Para a professora, a educação é o meio mais poderoso de evolução pessoal e intelectual. Mas a pandemia deixou os alunos mais inquietos.

É uma alegria poder reencontrar meus ex-alunos pelas ruas
Foto: Andreia Rabaioli

Em que contexto você decidiu se tornar professora?

Morava em Roca Sales. Sempre gostei de ensinar. Quando pequena, brincava de ensinar com as bonecas. Decidi lecionar Português porque amo as letras. Dei aulas em escolas particulares e estaduais da região. Hoje, encontro os alunos o tempo todo e é uma alegria. Foram 49 anos de magistério. Quando aposentei, recebi mensagem do governador Eduardo Leite, pelos anos dedicados à educação. Foi uma surpresa e uma alegria.

Professora, a leitura continua sendo uma paixão na sua vida após a aposentadoria?

A leitura sempre foi um hábito. Gosto de todos os tipos de literatura: americana, estrangeira, nacional. Moro em Colinas e vim a Lajeado especialmente para adquirir o novo livro do jornalista Daniel Scola, “Aluno da Tempestade”, que aborda a história dele.

Admiro a escrita da garota Malala Yousafzai. Acredito que Machado de Assis deve continuar como leitura obrigatória, sim. Amo Dom Casmurro e sua escrita é uma arte. Seu texto é sofisticado e por isso, sua relevância permanece até hoje.

O que você aprendeu com os alunos?

Eu ensinei muito, mas aprendi mais. Sempre houve uma grande troca. Aprendi a arte da convivência e a valorizar os relacionamentos entre aluno e professor. Após a pandemia, notei que houve uma grande mudança no comportamento deles. Eu os percebi mais tristes, agitados e impacientes.

Qual a orientação para os professores de hoje?

Acredito que haja dificuldades para educar e o celular é um dos obstáculos dentro da sala de aula. Apesar de podermos usar a ferramenta para fazer pesquisa de aula, também existe o aspecto negativo de que o celular dispersa o aluno. Tudo na vida tem dois lados.

Para quem quer ingressar na carreira, é preciso se manter firme. Os professores precisam ser valorizados pelos governos. É necessário de que os estudantes possam sentirem mais respeito por eles, em sala de aula. Mas quanto a isso, acredito que a base seja a família. Os pais devem acompanhar e observar os filhos em aula.

Você está feliz como professora aposentada?

Estou muito feliz. Moro em Colinas e nas horas vagas faço tricô e roupa de bebê. Tenho uma neta que é nossa alegria. Continuo lendo e isso me mantem atualizada.

É muito gratificante encontrar meus ex-alunos pelas ruas e ver como eles evoluíram. A profissão de professora me proporcionou muitas alegrias e aprendizagens.

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