Os preços dos combustíveis em 2025 apresentam uma tendência de aumento devido a fatores internos e externos. O aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é um dos elementos que contribuem para uma revisão logo nos primeiros meses do ano.
A alíquota do tributo terá elevação a partir de fevereiro. Na gasolina, a previsão é passar de R$ 1,37 para R$ 1,47 por litro, um aumento de 7,3%. No diesel, subiu de R$ 1,06 para R$ 1,12 por litro, representando um crescimento de 5,31%.
Além do ICMS, a alta do dólar e a retomada das cotações internacionais do petróleo também contribuem para a pressão nos preços. Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, o barril do petróleo Brent subiu de US$ 72 para US$ 76. A valorização do dólar, que ultrapassou a barreira de R$ 6, encarece as importações de combustíveis.
A Petrobras, principal fornecedora de combustíveis no país, está sob pressão para ajustar os preços. Em 2024, a estatal promoveu poucas mudanças. Houve apenas um aumento na gasolina e nenhum no diesel.
No entanto, a defasagem dos preços em relação ao mercado internacional é significativa. A consultoria StoneX estima que o diesel com defasagem de 8,9%, enquanto a gasolina era vendida nas refinarias da Petrobras 12,3% abaixo dos preços internacionais.
Os cálculos da consultoria indicam que a defasagem de 8,9% no diesel corresponde a R$ 0,30 por litro, enquanto a diferença de 12,3% na gasolina equivale a R$ 0, 36 por litro. Caso seja considerada como referência apenas o Golfo do México, a defasagem do diesel vendido pela Petrobras no mercado doméstico seria de 15,9% ou R$ 0, 55 por litro.
A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (ABICOM) aponta uma defasagem ainda maior, de 19% no diesel e 13% na gasolina. Já a XP Investimentos calcula percentuais de 14,9% e 12,5%.
Os aumentos nos preços dos combustíveis têm um efeito cascata em toda a economia, eleva os custos de transporte e da logística e, consequentemente, os preços de bens e serviços. Especialistas apontam que a alta dos combustíveis também pode dificultar a redução das taxas de juros pelo Banco Central, que precisa controlar a inflação.
Lucro de R$ 32 bilhões
Em 2024, a Petrobras abandonou o preço de paridade de importação (PPI) e adotou uma fórmula que considera parâmetros nacionais para o cálculo dos preços, além da cotação do barril de petróleo Brent e do dólar.
Conforme a estatal, essa estratégia permitiu à empresa mitigar a volatilidade do mercado internacional e da taxa de câmbio, proporcionando períodos de estabilidade de preços para os clientes e contribuindo para uma melhor competitividade dos produtos.
Em nota, a Petrobras reafirmou que desde maio de 2023 adota uma estratégia comercial que considera as melhores condições de produção e logística na precificação de diesel e gasolina para vendas a distribuidoras.
Segundo a empresa, essa estratégia contribuiu para o alcance de resultados operacionais e financeiros no terceiro trimestre de 2024, como a geração operacional de caixa de R$ 62,7 bilhões, fluxo de caixa livre de R$ 38 bilhões e lucro líquido de R$ 32,9 bilhões.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) observou que os preços nas refinarias fecharam 2024 com queda de mais de 20% em comparação com o último dia de 2022, quando ainda era vigente o PPI.