Crescimento no primeiro semestre e desafios no segundo
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PERSPECTIVAS ECONÔMICAS 2025

Crescimento no primeiro semestre e desafios no segundo

Economista aponta que, enquanto o início do ano deve ser impulsionado pela safra agrícola, o segundo enfrentará uma desaceleração econômica devido à alta taxa de juros e à desvalorização cambial

Crescimento no primeiro semestre e desafios no segundo
Foto: Mariana Lubke

A economista-chefe do Sistema Fecomércio, Patrícia Palermo, compartilha sua análise sobre as perspectivas econômicas para 2025, destacando o crescimento positivo no início do ano, mas também alertando para desafios e incertezas que podem afetar a economia nos próximos meses.

De acordo com Palermo, os dados preliminares indicam que o Rio Grande do Sul (RS) terá um desempenho superior ao do restante do Brasil em 2024, um cenário otimista. No entanto, ela lembra que parte desse crescimento é resultado da recuperação pós-enchente, o que tende a gerar uma recuperação intensa no curto prazo, mas com uma desaceleração subsequente. “Locais que enfrentam tragédias climáticas têm essa recuperação intensa logo após o evento, mas depois a taxa de crescimento tende a diminuir bastante”, afirma a economista.

Patrícia também destaca que a recuperação, embora significativa, pode impactar os investimentos de médio e longo prazo. O medo de fenômenos climáticos recorrentes pode reduzir o apetite para novos investimentos. Nesse contexto, ela enfatiza a importância de medidas governamentais que tragam estabilidade e confiança ao setor privado, assegurando que tragédias como as enchentes não se repitam.

Em relação ao cenário nacional, a economista observa que o Brasil vive um período de pleno emprego, o que deve impulsionar a atividade econômica no primeiro semestre de 2025. No entanto, ela alerta para uma possível desaceleração econômica no segundo semestre, quando os efeitos da safra agrícola diminuírem e a taxa de juros alta continuar pressionando o cenário. “Embora o primeiro semestre seja mais ativo, o segundo tende a perder fôlego, principalmente com o impacto da alta taxa de juros e a desvalorização cambial”.

Ela também critica a abordagem do governo em relação ao equilíbrio fiscal, especialmente no contexto do pacote anunciado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Patrícia aponta que, apesar de algumas medidas, o governo falhou em atacar questões estruturais do desequilíbrio fiscal e ainda tomou decisões que podem pressionar a inflação, como a isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil. “A redução de impostos sem uma compensação clara pode aumentar a demanda e pressionar a inflação em um momento de pleno emprego”, destaca.

A economista ressalta, ainda, o papel das pequenas e microempresas no setor de comércio e serviços, apontando que, embora enfrentem dificuldades, elas podem prosperar com uma maior profissionalização e planejamento estratégico. “É essencial que essas empresas se organizem de maneira mais eficiente, com investimentos bem pensados, gestão de estoques e uma relação mais próxima com os consumidores”.

Quanto ao ano de 2025, Patrícia prevê um crescimento moderado, com um primeiro semestre mais forte, impulsionado pela safra agrícola, que poderá ser uma das maiores da história do Brasil, embora com preços mais baixos. No entanto, ela alerta para os desafios no segundo semestre, quando o impacto da inflação e a alta das taxas de juros devem pesar sobre a economia. “O Banco Central provavelmente manterá a Selic elevada, o que pode desacelerar ainda mais a atividade econômica”, conclui.

A economista também previu um cenário externo conturbado, com o dólar mantendo sua valorização, o que pode continuar pressionando a inflação. A expectativa é que o câmbio se estabilize em torno de R$ 6, um nível que poderá afetar as importações e a dinâmica de preços no Brasil.

Portanto, embora 2025 inicie com perspectivas de crescimento, o ano deverá ser desafiador, com desaceleração no segundo semestre e a necessidade de políticas econômicas eficazes para controlar a inflação e garantir a estabilidade fiscal.

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