Números, parte dois

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

Números, parte dois

“Quando uma pessoa ou uma empresa gastam mais do que ganham elas vão a falência.
Quando um governo gasta mais do que ganha ele te manda a conta.”
Ronald Reagan

Em 2022, os 27 estados brasileiros contribuíram com R$ 2,218 trilhões em impostos para o governo federal. Desse total, apenas R$ 607,8 bilhões foram repassados de volta aos governos municipais e estaduais, o que representa pouco mais de um quarto do valor total arrecadado em tributos federais. Esse é um número gigantesco e assombroso, mas que ajuda a explicar como funciona parte da política brasileira, feita na base do velho toma lá, dá cá.

O estado de São Paulo lidera essa lista totalizando R$ 830 bilhões repassados ao governo federal apenas no último ano. Como unidade mais rica da federação, foi São Paulo quem mais contribuiu com impostos federais e em troca, vejam só, foi o que menos recebeu recursos federais de volta. Em seguida vem o estado do Rio de Janeiro (R$ 447 bi), Distrito Federal (R$ 158 bi), Minas Gerais (R$ 141 bi), Santa Catarina (R$ 107 bi), Rio Grande do Sul (R$ 102,8 bi) e Paraná (R$ 100 bi).

Por outro lado, entre os estados que menos contribuem estão o Amapá (R$ 1,79 bi), Roraima (R$ 1,8 bi), Acre (R$ 2 bi), Tocantins (R$ 4,8 bi), Rondônia (R$ 5,63 bi), Sergipe (R$ 6,4 bi) e Piauí (R$ 6,7 bi).
Em 2021, último ano totalizado nas plataformas federais, o Rio Grande do sul arrecadou em média 9 bilhões de reais por mês em impostos sobre importação, exportação, IPI, IRPF, IRPJ, ITR, IRRF, COFINS, PIS/PASEP, CSLL, CIDE … Esse valor representa aproximadamente 300 milhões de reais por dia, ou R$ 12,5 milhões por hora!

No final do ano passado, após verificação estrutural da ponte do rio Taquari ficou visível a fragilidade da ponte entre Lajeado e Estrela. Nessa época começou a se falar muito na necessidade de uma segunda ponte, cujo preço foi estimado grosseiramente em 100 milhões de reais. Lembro também que uma das soluções pensadas na época era negociar essa segunda ponte com a concessionária da BR 386, a CCR, em troca de aumento do tempo de concessão. Essa solução, apesar de seus méritos, tira responsabilidade da federação e joga ela novamente sobre os usuários através do pagamento de pedágio.

Além disso há de se discutir se não seria melhor a construção de uma segunda ponte ligando Lajeado a Estrela, fora do eixo da BR 386, ajudando a criar o tão falado anel viário e ao mesmo tempo evitando ficar refém de duas pontes uma ao lado da outra.

Temos novas administrações no vale do taquari e imagino que elas certamente estão conscientes que essa é a obra mais importante da década para nossa região. E custará míseras 8 horas de arrecadação de impostos federais do Rio Grande do Sul!

Acompanhe
nossas
redes sociais