Esperança de 25 famílias é ter uma casa para morar

PARA 2025

Esperança de 25 famílias é ter uma casa para morar

Oito meses depois da enchentes de maio de 2024, 58 pessoas permanecem em abrigos no Vale e, para o próximo ano, o maior desejo é recomeçarem em nova moradia

Esperança de 25 famílias é ter uma casa para morar
Carmen Martins e a vizinha Clara Dullius estão nos containers desde setembro e passam os dias na esperança nas novas casas (Foto: Bibiana Faleiro)
Vale do Taquari

As festas de fim de ano foram diferentes para muitas das famílias que ainda vivem as consequências das enchentes. Para algumas, a falta de um parente que foi vítima da tragédia. Para outros, a ceia e a virada de ano foram em containers ou, ainda, em abrigos.

Depois de quase oito meses, cerca de 58 pessoas ainda vivem no abrigo do Ginásio do Esporte Clube XV de Novembro, em Cruzeiro do Sul, o único ainda ativo no Vale. Em pequenos espaços cercados por madeira, fizeram suas casas e enfrentam, entre os maiores desafios, o frio no inverno e o calor no verão. A limpeza, ainda que organizada, é coletiva, e também gera conflitos.

O município pretendia realocar as famílias para as moradias provisórias do governo do estado, no bairro Cascata, até o Natal. Mas a estrutura no entorno ainda não foi finalizada. Não há data para que os moradores saiam dos abrigos.

Secretária de Habitação de Cruzeiro do Sul, Elisângela Becker destaca que a obra no bairro Cascata está demorando mais do que o previsto. “Já estamos com os módulos das casas provisórias, porém, como foi colocado em uma área desapropriada, que não tem infraestrutura de água, luz e esgoto, a demora é maior do que os primeiros módulos”.

8 meses no abrigo

A família de Marcos Roberto Farias, 41, é uma das que ainda vive nos abrigos desde maio de 2024 (Foto: Bibiana Faleiro)

Nesse Natal, com algumas frutas e três frangos assados, os próprios moradores organizaram uma ceia conjunta, e o mesmo se repetiu no Ano-Novo. Apesar de gostarem da companhia uns dos outros, não vêem a hora de poderem celebrar em suas próprias casas.

A família de Marcos Roberto Farias, 41, antes moradora do bairro Glucostark, na cidade, é uma das que ainda vive nos abrigos desde maio de 2024. Durante as cheias, conseguiram salvar alguns colchões, televisores e poucas peças de roupa.

Afastado do trabalho por problemas de saúde, Farias espera que 2025 seja diferente. A esperança é poder voltar ao emprego e reconstruir a vida com a esposa e os filhos em sua própria residência.

“Nós sabemos que, saindo daqui, vamos ficar no container mais um ano e meio ou dois. Mas vai ser nosso espaço, não vamos precisar limpar as coisas dos outros, vamos ter nossa organização”.

Para a família de Farias, o único problema é o espaço, já que quatro dos filhos vão morar com os pais na unidade. Mesmo assim, sonha pelo dia em que receberá as chaves do espaço.

Desejo para próximo ano

No município, outras 64 pessoas receberam as casas provisórias, que ficam um pouco abaixo do ginásio, em setembro. Entre elas, Clara Dullius, 26, ex-moradora da Vila Zwirtes. “É difícil o que a gente passou até agora, estamos desde o dia 2 de maio fora de casa. Mas, graças a Deus, nós temos um teto”.

Apesar de ter o próprio espaço, Clara afirma que a distância do Centro da cidade dificulta a ida a médicos ou outros serviços que os moradores precisam. Além disso, destaca a falta de local para as crianças brincarem e o forte cheiro de esgoto aos fundos dos container. O filho de Clara, Pietro, que completa 1 ano neste mês, já adoeceu algumas vezes no local.

“Eu espero que para 2025 cada um esteja na sua casa, e pelo menos um pouco do que a gente passou amenize”.

Recomeço

Outro abrigo que ainda estava ativo no Vale, foi fechado no penúltimo dia de 2024, em Arroio do Meio, quando o governo do Estado, por meio da secretaria de Habitação e Regularização Fundiária (Sehab) entregou chaves de 40 moradias temporárias.

A entrega ocorreu em uma área comprada pelo município no bairro Medianeira. Com isso o governo municipal conseguiu zerar o número de pessoas alojadas em abrigos.

Secretário da Sehab, Carlos Gomes destacou que, no estado, serão entregues 500 unidades temporárias, distribuídas por nove municípios, com investimento de R$ 66,7 milhões do Tesouro do Estado. Até o momento, 292 já foram entregues. Todas as moradias são mobiliadas.

Leomar Antônio Polônio da Silva, 42, foi um dos moradores que recebeu a unidade provisória nessa semana. Ele recebeu as chaves com a esperança de recomeçar. “Eu e meu filho vamos ser muito felizes daqui pra frente. Passar o fim do ano aqui e tentar erguer a nossa família de novo”.

Leomar Antônio Polônio da Silva, 42, foi um dos moradores que recebeu a unidade provisória em Arroio do Meio (Foto: Gabriel Santos)

Em Arroio do Meio, o Estado já possui um convênio com o município para o início de obras para mais 42 moradias definitivas que serão construídas com recursos do Ministério Público.

Acompanhe
nossas
redes sociais