Região eleva o tom e reivindica batalhão dos bombeiros

Resposta às catástrofes

Região eleva o tom e reivindica batalhão dos bombeiros

Frequência de episódios climáticos extremos, pouco efetivo para atendimento em emergências e demora para análises sobre PPCIs sustentam pedido do Vale para que governo do Estado crie uma regional no quartel de Lajeado

Região eleva o tom e reivindica batalhão dos bombeiros
Por dia, são entre três ou quatro bombeiros direcionados para atender as ocorrências. Unidade de Lajeado também é responsável por outros 12 municípios (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari

Após o governo de Lajeado encaminhar ao vice-governador um ofício com o pedido para tornar a companhia dos Bombeiros do município em batalhão, mais organizações da região assumem essa reivindicação e enaltecem a necessidade de mudança na corporação.

Hoje, o quartel tem cerca de 30 servidores. Todos subordinados ao comando de Santa Cruz do Sul. “Essa é uma decisão política. Passamos por grandes inundações e, em cada episódio desses, sentimos falta de pessoas para socorrer as comunidades. Estamos vulneráveis”, destaca a presidente do Conselho de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini.

Para o início de janeiro, o conselho pretende encaminhar uma nova solicitação ao governo gaúcho. Inclusive com o pedido de uma audiência com o secretário estadual de Segurança Pública, Sandro Caron. Pelo entendimento regional, desde 2020 a intensidade e frequência das enxurradas aumentaram a necessidade de respostas mais rápidas e eficientes. “Dependemos da vinda de bombeiros de outras localidades. Em maio, várias cidades ficaram ilhadas”, relembra.

A estratégia do Codevat é aguardar a posse dos prefeitos e a definição de quem assume a presidência das associações (Amvat e Amat). Assim, buscar a assinatura dos representantes dos executivos municipais e fortalecer a pressão política para sensibilizar tanto o Piratini quanto a Casa Militar.

Descompasso entre estrutura e necessidade

Além do pedido do governo de Lajeado, a Associação dos Vereadores do Vale do Taquari (Avat) também reforça o coro pelo batalhão dos bombeiros em Lajeado. Em ofício encaminhado ao governo estadual em 19 de novembro, assinado pela presidente Vanessa Ahne, os representantes dos legislativos do Vale afirmam que há um descompasso entre a necessidade regional e a estrutura disponível.

“Precisamos de um comando regional que esteja aqui. Assim como temos na Brigada Militar e na Polícia Civil. Com uma administração regional, temos ganhos em todos os sentidos, com uma organização mais presente no cotidiano das cidades”, destaca o prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo.

Os números das ocorrências desde 2023 apresentam aumento expressivo, em especial devido às intempéries climáticas. Entre os principais ao longo do ano passado até metade de 2024, estão o temporal de janeiro e as grandes inundações de setembro, novembro e maio. Foram mais de 1,4 mil na companhia de Lajeado, responsável pelo atendimento em 13 municípios.

Efetivo reduzido

Hoje, há cinco unidades dos bombeiros militares na região. Além de Lajeado, os quartéis ficam em Estrela, Encantado, Taquari e Venâncio Aires. São pouco mais de 100 bombeiros distribuídos nestas unidades.
Em cada uma das companhias, são cerca de 20 a 30 servidores. Organizados em regime de plantão 24 horas, há um déficit nas equipes de socorro. Seriam necessários pelo menos sete profissionais com treinamento para situações de risco. Atuam no máximo quatro por dia.

A expectativa é que com a instalação de um batalhão, o total de bombeiros salte dos atuais 100 servidores para algo em torno dos 120 até 150. Desde oficiais para organizar operações e gerenciar as equipes, quanto de bombeiros para atender as ocorrências.

Análise de PPCI

Além dos atendimentos de sinistros, acidentes, ocorrências de urgência e emergência, outra atribuição dos bombeiros enfrenta problemas devido à distância com o comando. Trata-se dos licenciamentos dos Planos de Prevenção contra Incêndios (PPCIs).

As agendas de atendimentos dependem de gestão feita pelo comando de Santa Cruz do Sul. Há um servidor que faz as visitas aos estabelecimentos (sejam comerciais, industriais, de serviços e até residenciais), encaminha os pedidos, com a vistoria em termos do que é preciso ser feito. Essa autorização vai para o oficial responsável, que deve deferir ou não o projeto.

“Estamos falando de todo o tipo de negócio. As operações empresariais da nossa região precisam de mais agilidade”, ressalta o vice-presidente do Codevat, o economista Rogério Wink, e acrescenta: “seja para uma empresa abrir ou ampliar. Sempre precisa renovar o PPCI. Em condomínios, prédios públicos, como hospitais e escolas. O que queremos é descentralizar essas responsabilidades. Ficar menos dependente de comandos em outras regiões.”

• Frequência de desastres naturais
Desde 2020, o aumento da intensidade e frequência das enchentes evidencia a vulnerabilidade da região. Existe a necessidade cada vez mais de respostas rápidas e eficientes em situações de emergência.

• Áreas isoladas
Nas enchentes de setembro e novembro de 2023, e de maio deste ano, o atendimento se concentrou na parte alta do Vale (como Muçum e Encantado), com áreas inacessíveis após a subida do rio. Parte do efetivo de Lajeado foi deslocado, deixando a parte baixa sem cobertura adequada durante os períodos críticos.

• Demora no apoio externo
As equipes de reforço provenientes de outras cidades do Estado chegam depois dos momentos mais críticos. Isso compromete a capacidade de salvamento imediato e eficaz.

• Demanda por PPCIs
Lajeado tem o maior número de PPCIs (Planos de Prevenção Contra Incêndio) nos Vales, mas há um déficit de servidores que afeta a análise e aprovação desses processos, resultando em prazos mais longos. A criação de uma seção local de licenciamento e um incremento de pessoal ajudariam a acelerar a análise e a regularização dos processos.

• Estrutura pronta
O quartel dos Bombeiros de Lajeado já conta com uma estrutura adequada para sediar um batalhão, com instalações modernas que incluem sala de operações, auditório, academia, alojamentos e garagem para veículos de resgate.

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