Após a tragédia que afetou a região do Vale do Taquari, a força de recuperação do povo local tem sido notável. Empresas atingidas pela calamidade, com o apoio do setor empresarial, se reergueram, mantendo a mão de obra e decidindo não deixar a região, apesar dos desafios. “A comunidade do Vale do Taquari merece reconhecimento por essa resiliência”, reforça o coordenador do Trem dos Vales, Rafael Fontana.
Entretanto, um dos pontos mais críticos para a retomada plena da economia local é a recuperação do Trem dos Vales, um patrimônio histórico e econômico da região. Conforme Fontana, o transporte ferroviário, além de ser um atrativo turístico, também é essencial para o transporte de carga, impactando diretamente a economia do estado. “A ferrovia, no entanto, não tem recebido a atenção devida, especialmente por parte do governo federal”.
Embora o governo tenha montado, no final de novembro, um grupo de trabalho para tratar da situação, até o momento não há informações claras sobre os avanços nas ações. Para Fontana, o segmento ferroviário, que sofreu grandes danos, foi o que menos recebeu suporte. “O governo federal, o Ministério dos Transportes e a Secretaria Nacional de Transportes Ferroviários precisam dar uma resposta mais rápida, pois esse é um ponto essencial para o futuro das rodovias e da economia do estado”, afirma.
Fontana destaca que, no trecho entre Muçum e Guaporé, um levantamento completo sobre os danos foi feito por profissionais da área, resultando em um documento de 700 páginas entregue ao Ministério dos Transportes em novembro. “Esse levantamento visa acelerar o processo de recuperação da ferrovia e possibilitar uma solução para a malha ferroviária do Rio Grande do Sul”.
Enquanto o trecho entre Guaporé e Passo Fundo já foi recuperado e está transitável, com ajustes feitos devido aos danos menos intensos, o trecho entre Muçum e Guaporé ainda está longe de ser restaurado. “Oito meses se passaram e muito material, como terra e mato, ainda obstruem os trilhos. Além disso, há oito pontos de deslizamento e uma ponte que precisa ser reestruturada”, explica.
De acordo com o coordenador do Trem dos Vales, a recuperação total da ferrovia é possível, mas depende da união de esforços entre prefeituras, empresas, governos e concessionárias. “Em um ano, com o apoio necessário, podemos restaurar toda a extensão do trajeto. No entanto, é fundamental que o governo federal divulgue um plano claro e defina as estratégias para iniciar os trabalhos, pois, do contrário, a região corre o risco de perder ainda mais tempo e recursos”, conclui.
A recuperação do Trem dos Vales, além de ser um marco para o turismo, é fundamental para garantir o desenvolvimento econômico da região e do estado.
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