A vida já foi muito mais dura no início do século passado, é bem verdade. Mas não há dúvidas de que o momento mais desafiador do Vale do Taquari como sociedade ocorreu em maio de 2024, durante os dias (e noites) mais tensos, arrepiantes e mortais da maior enchente já registrada na nossa história regional. A força avassaladora do Rio Taquari levou dezenas de vidas e deixou rastros de destruição semelhantes àqueles só registrados nas guerras. Bairros inteiros foram devastados e literalmente desapareceram do mapa. Só restaram as lembranças. E as poucas lembranças físicas de quem perdeu praticamente tudo em poucas horas ou minutos. Cidades foram despedaçadas, pontes sucumbiram e os serviços básicos restaram suspensos por intermináveis dias e semanas. Muitos querem esquecer. Compreensível, é claro. Mas não podemos esquecer o que nos tirou tanto. Precisamos, sim, tirar lições de todas as etapas e detalhes da tragédia e usar as lembranças vivas para reconstruir e reerguer o Vale com inteligência e ousadia. Não podemos perder a chance de construir um futuro mais seguro às próximas gerações, e aos próximos séculos de vida na região.
Provocações e reações
Após tentar emplacar – sem sucesso – a redução de CCs no fi m da mandato, em uma clara provocação à futura gestora Carine Schwingel (que durante a campanha prometeu reduzir os CCs), o governo de Estrela voltou a provocar a próxima gestão ao levar, nessa segunda-feira, toda a frota de maquinários para o entorno da prefeitura. “Pegamos tudo
estragado em 2021 e queremos mostrar que agora está tudo funcionando”, provoca um ex-secretário municipal. Um ato desnecessário, e que certamente não vai atingir em nada a prefeita eleita.
Desafogo à BR e futuro na política
Elmar Schneider (MDB) cumpriu o último ato como prefeito de Estrela na manhã desse domingo, durante a inauguração da nova de concreto sobre o Arroio Boa Vista, uma demanda histórica às comunidades de Linha São José e Bairro Boa União, que vai reconectar a cidade e servir de desafogo à BR-386, especialmente para quem se desloca diariamente pela ERS-129. E a partir da próxima semana, Schneider vai começar a pensar o futuro na política. Além de articular um cargo no governo estadual, o agora ex-prefeito não esconde o desejo de concorrer a deputado em 2026.
O que precisa avançar em 2025?
O Vale do Taquari possui uma série de desafios para o ano que começa nesta quarta-feira. A principal meta é devolver dignidade a todos que perderam praticamente tudo nas trágicas enchentes de setembro de 2023 e maio de 2024. A questão habitacional precisa ser o grande norte dos futuros gestores e líderes regionais. Para isso, claro, é preciso manter a roda econômica girando a todo o vapor e a recuperação dos nossos modais logísticos, assim como a constante qualificação da mão de obra, precisam estar sempre no centro dos debates. O ano que se inicia amanhã também precisa servir para avanços no saneamento básico, na educação pública, no respeito à natureza e na segurança das principais cidades. Por fim, e não menos importante, o próximo ano precisa servir para que a sociedade tenha um olhar muito mais atento ao setor primário, às agroindústrias familiares, aos bravos empresários do campo. São meus singelos votos para o tão aguardado 2025.
Mulheres em Lajeado
O município de Lajeado vive um momento histórico em 2025. São duas mulheres à frente dos poderes Executivo e Legislativo. Ambas do PP. Além da prefeita eleita Gláucia Schumacher, a vereadora reeleita Ana da Apama vai assumir a presidência da câmara de vereadores.
TIRO CURTO
- Ex-servidora de Lajeado, com atuação junto ao RPPS, Cláudia Weber reside hoje em Balneário Camboriú e vai assumir, em 2025, o cargo de Diretora de Finanças da prefeitura catarinense. Detalhe: o orçamento de BC será superior a R$ 2 bilhões e comandado pela primeira prefeita da história daquele município, Juliana Pavan (PSD).
- Segunda prefeita na história de Lajeado, Gláucia Schumacher (PP) terá quatro mulheres no quadro de secretários municipais. Ao lado delas, sete homens.
- Diversos futuros prefeitos – e prefeitas – do Vale do Taquari prometem a criação de novas secretarias municipais e, ao mesmo tempo, reduzir o custo da máquina pública. Aguardemos!
- Tradicional empresa de Lajeado, a Costaneira investe alto no município vizinho. E o novo Centro de Distribuição anunciado para a BR-386, em Estrela, é mais um dos tantos movimentos já consolidados ou ainda em estudo por outras empresas lajeadenses e, também, da região alta do Vale.
- Parabéns à Construtora Giovanella e à Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) pela agilidade na construção da estiva (ou passagem molhada) no Rio Forqueta, entre Lajeado e Arroio do Meio. Em meio ao inferno, garantir duas vias para veículos pesados em um trecho tão próximo da BR-386 e da ERS-130 é um avanço e tanto ao Vale. E também alivia a ERS-129 entre Colinas e Roca Sales.
- Já escrevi na edição passada e reforço: Março precisa ser o nosso “mês da libertação”. Não podemos aceitar menos do que a liberação da ponte sobre o Rio Taquari por parte da CCR Viasul, e a entrega da nova ponte sobre o Rio Forqueta por parte da EGR. Nada de postergar para junho!