Entidades fecham questão e cobram fim de linha com a Rumo Logística

MODAL FERROVIÁRIO

Entidades fecham questão e cobram fim de linha com a Rumo Logística

Contrato de concessão da malha sul termina em 2027. Sem perspectivas sobre reformas, Fiergs, Farsul e Fecomércio defendem uma nova concorrência sem prorrogação com a atual administradora das ferrovias

Entidades fecham questão e cobram fim de linha com a Rumo Logística
Região solicita ao Ministério dos Transportes a possibilidade de repassar os 46 km para gestão regional (Foto: Fábio Kuhn)

Em meio estudo sobre prejuízos e necessidades de reformas na malha ferroviária gaúcha, liderada por grupo de trabalho do Ministério dos Transportes, três federações representativas dos setores produtivos do agro (Farsul), comércio (Fecomércio) e das indústrias (Fiergs), fecham posição contra a continuidade da concessão com a atual empresa, Rumo Logística.

Em nota conjunta enviada ao ministro Renan Filho, os presidentes das entidades refutam a possibilidade de prorrogação do contrato por mais 30 anos e expressam insatisfação com a concessionária.

As entidades destacam que não houve esforços para melhorar os resultados dos quase 30 anos de administração da Rumo e afirmam que o uso da malha sul é pífio: dos 3,15 mil quilômetros ativos em 1997, restam hoje apenas 1,65 mil, uma perda de quase metade da extensão. “A falta de investimentos e de programas de manutenção preventiva promoveu a situação de sucateamento de ramais e equipamentos rodantes”, afirma o presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn.

Isso fez com que o RS se tornasse o estado mais dependente do país em relação ao uso de rodovias. Conforme dados do Atlas Socioeconômico, 88% do transporte de cargas gaúcho se dá por estradas; no Brasil, a média é de 65%. Os líderes das entidades gaúchas acreditam que essa dependência interfere sobre a competitividade dos setores produtivos e torne cada vez mais elevados os custos logísticos.

Para as federações, o atual modelo ferroviário, operado pela Rumo, não atende as necessidades, o que torna necessária uma nova concessão que garanta a modernização da rede ferroviária gaúcha, com a implantação de ferrovias com mais condições para operação de locomotivas maiores, com capacidade para atender médias e longas distâncias.

A missão federal deve apresentar um relatório sobre as condições da malha até fevereiro, com possibilidade de prorrogação do contrato.

Movimento regional

Representantes da Associação dos Municípios de Turismo dos Vales (Amturvales) e prefeitos do Vale do Taquari buscam apoio do governo federal para viabilizar a retomada do Trem dos Vales, atração turística suspensa após danos na ferrovia provocados pela enchente de maio.

O coordenador do projeto, Rafael Fontana, destacou a lentidão no avanço de soluções para a ferrovia, considerada patrimônio federal. “É necessário uma solução jurídica e financeira para reativar o transporte”, afirma.

Líderes locais pedem prioridade na reforma dos 46 quilômetros entre Guaporé e Muçum, com custos previstos para serem compartilhados em uma parceria público-privada. O trecho apresenta 60 deslizamentos e sete quilômetros de trilhos destruídos. “Hoje, dependemos da boa vontade da concessionária para marcar passeios”, lamenta Fontana.

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