A maior  das riquezas

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

A maior das riquezas

Chega o final do ano e a maior parte das pessoas não faz uma retrospectiva realista e sensata sobre o que fez, o que não fez, o que poderia ter sido feito e o que não deveria ter feito de maneira alguma.

Ao invés disso, preferimos acreditar nas riquezas que virão se adotarmos antigos rituais pagãos: comer doze uvas, guardar as sementes da romã na carteira ou consumir lentilha até se fartar.

Não bastasse tudo isso, ainda há a risível crença de que as cores das roupas de baixo, distintas dependendo do objetivo, podem trazer amor ou dinheiro, luxúria ou riqueza sem nenhum tipo de esforço ou trabalho.
O mundo mudou e hoje as redes sociais estão repletas de falsos messias que ensinam como ficar rico, como influenciar pessoas ou como atingir a felicidade em pouco tempo, bastando para tal adquirir os conhecimentos que eles vendem.

Mas nem sempre foi assim, os antigos maçons falavam em polir a pedra, no sentido de melhorar a si mesmo, enquanto a Bíblia traz uma parábola assustadora em Mateus 19:22-24 onde Cristo afirma: “Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.”

É uma parábola do Evangelho que desperta hostilidades e radicalismos até hoje. “Ao jovem rico que lhe pergunta o que é preciso para entrar no reino, Jesus responde silenciosamente: “Dê os teus bens e distribua-os aos pobres”. Incapaz de obedecer, o jovem regressa a casa com lágrimas nos olhos, e é aí que Jesus entrega aos seus discípulos o famoso aforismo que diz, “será tão difícil um homem rico entrar no reino de Deus quanto um camelo passar pelo buraco da agulha.”

Essa frase que sugere uma impossibilidade e de certa maneira exclui os ricos dos reinos divinos eh na verdade um erro de tradução do grego, onde camelo e uma espécie de corda são escritas de forma identica. Ainda assim se trocarmos camelo por corda trocamos o impossível pelo pouco provável.

Mas há problemas de compreensão também com o que seria essa tal agulha…. uma teoria pretende identificar o “fundo de uma agulha” com uma suposta portinhola lateral nos muros de Jerusalém, pela qual passavam os pedestres quando os grandes portões daquela cidade já estavam fechados. Era um portão tão estreito para a cidade que os camelos tinham dificuldade para passar. Aos poucos o impossível vira uma possibilidade que exige algum grau de dificuldade.

O que será então que Jesus queria dizer? Que era para abdicar do dinheiro e da riqueza ou era para ter cuidado com as tentações e desvios que a riqueza poderia causar?

Não sei a resposta e penso que essa discussão deve durar por mais dois mil anos… enquanto isso talvez seja importante reflitor se a verdadeira riqueza não está na saúde, na família, na alma tranquila e nos amigos. Talvez tenha sido esse o verdadeiro sentido da famosa parábola!

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