Enquanto os sinos ressoam e as luzes iluminam as cidades, o mundo se envolve na magia do Natal e celebra uma das datas mais especiais do ano.Ao mesmo tempo, outra forma de encanto ganha vida pelas estradas e pelos céus. De mãos firmes no volante ou a bordo de aeronaves, motoristas, pilotos e comissários trabalham para que outras pessoas possam abraçar suas famílias. A cada quilômetro percorrido, eles diminuem a distância e aliviam a saudade. E, por meio dos reencontros, despertam os mais sinceros sorrisos e criam lindas lembranças.
Para a cozinheira Gessi Fornari, estes profissionais são como ajudantes do bom velhinho. Prestes a embarcar na rodoviária de Lajeado, ela conta que seu destino é a cidade de Caxias do Sul, onde vai reencontrar a filha, neta e bisnetas. “Acho muito importante este trabalho, pois eles nos ajudam a abraçar quem amamos. A expectativa para revê-las é grande, estou com muita saudade”, revela.
Será a primeira vez, em 17 anos, que Gessi passará o Natal com a família. Antes disso, ela também desempenhava o papel de ajudante no Natal, trabalhando como cozinheira no hospital de Arvorezinha. Ainda assim, para ela, estar de plantão nessa data sempre foi especial. “É uma sensação única, porque sabemos que estamos fazendo algo único por alguém naquele momento”, reflete.
Magia que contagia
O motorista de ônibus, Mauro Henrique Brentano, conta que a magia do Natal contagia os passageiros, em especial as crianças. “Percebo nelas a ansiedade para chegar no local esperado a fim de rever os parentes. O mais bonito é ouvir que estão prestes a reencontrar os avós, pois muitos só conseguem esta oportunidade, do final de ano, para revê-los”.
Este não será o primeiro Natal em que Mauro trabalhará. Atuante no transporte de passageiros desde 2016, ele já presenciou diversas histórias de encontros emocionantes e despedidas marcantes. “Transportar essas pessoas com segurança até seus destinos é gratificante, pois sinto que faço parte de um momento especial que muitos planejam ou aguardam por meses”.
Para Mauro, o espírito natalino deveria estar presente ao longo de todo o ano. Uma visão semelhante compartilhada pelo taxista Ermínio Reichert, conhecido como Magrão, que também lamenta que a alegria típica dessa época desapareça rapidamente. “Nessa época do ano, vemos todos contentes, sorrindo. É virar o ano, que tudo muda”, reflete.
Com 28 anos de experiência como taxista, Magrão encara o Natal e o Ano Novo como parte da rotina de trabalho. Ainda assim, consegue participar da ceia com a família e conciliar as corridas durante as festividades de dezembro. “Hoje, com os aplicativos, ficou mais difícil para nós, taxistas, mas o importante é aproveitar o momento e ajudar a reunir essas famílias”. Ele atua no ponto da rodoviária de Lajeado.
Natal sobre os ares
Ao mesmo tempo em que possibilitam o reencontro de númeras famílias, muitos destes profissionais enfrentam a distância dos seus próprios lares. Para o arroiomeense Djones Loch, os primeiros anos trabalhando como piloto de linha aérea foram desafiadores. No entanto, com o tempo, ele e sua família aprenderam a lidar com as ausências em datas especiais.
Ainda que o desejo de estar com os entes queridos seja grande nesse período do ano, ele conta que ver a felicidade das outras pessoas recompensa. “Saber que faço parte disso me enche de alegria e traz um sentimento de realização e dever cumprido”.
Para Djones, o Natal é uma data importante e encantadora, capaz de envolver as pessoas na busca por um mundo melhor. Estar em uma profissão que abdica do bem pessoal em favor do coletivo, reforça o espírito natalino.
No Natal de 2023, Djones passou a noite de 24 de dezembro em pleno voo para Paris. “À meia-noite, quando estávamos voando sobre o Oceano Atlântico, recebemos uma mensagem da empresa desejando um Feliz Natal. Um gesto simples, mas que nos deixou muito feliz naquele momento”. Neste ano, ele estará novamente nos ares no Natal. Mas para não deixar de lado a tradição familiar, antecipou a ceia para uma data especial em que todos pudessem estar presentes.
Mudança cultural
A lajeadense Ana Carolina Melz Mallmann também sobrevoará o mundo neste Natal. Ela trabalha como aeromoça há três anos e hoje está em um país muçulmano, onde vivencia um contraste cultural. Ana Carolina relata que, nesta região, trabalhar no Natal pode significar compartilhar a data com pessoas que não o celebram, tornando o dia apenas mais um na rotina.
Ainda assim, ela encontra maneiras de celebrar a data com os amigos, que a ajudam a diminuir a saudade da família nesta época do ano. “Minha visão sobre o Natal continua a mesma, de ser uma data especial para celebrar em família. Contudo, hoje valorizo muito mais, além de todo respeito que criei por todos profissionais, independente da área, que trabalham nesta data”.
Nos destinos em que o Natal é comemorado, a companhia aérea na qual Ana trabalha contribui para criar uma atmosfera mais festiva. Eles colocam músicas natalinas durante o embarque e desembarque, oferecem um menu especial e até chocolate quente. “ O clima dos passageiros é sempre o de aproveitar o voo e ter uma experiência legal”.
Por ser apaixonada por esta época do ano, Ana Carolina revela que não se importa em operar voos com destino à Europa para vivenciar as famosas cenas de filmes natalinos. “Ver as decorações e luzes, visitar mercados de natal, é um clima único e muito mágico”.