A estudante de mestrado Ândrea Pozzebon-Silva, do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Universidade do Vale do Taquari – Univates e o professor André Jasper estão embarcando, na próxima sexta-feira, 27, para participarem da XLIII OPERANTAR, a expedição científica brasileira à Antártica. Os dois retornam ao Brasil em meados de fevereiro de 2025.
Essa é a primeira vez que Ândrea, que é licenciada em Ciências Biológicas pela Univates irá ao continente gelado, enquanto Jasper já participou em duas oportunidades anteriores – a OPERANTAR XII – no verão 1993/1994; e a OPERANTAR XLII – no verão 2023/2024. A participação da jovem pesquisadora marca, também, a primeira vez em que um estudante da Universidade acompanha uma expedição ao continente.
O objetivo é coletar amostras fósseis para o desenvolvimento de pesquisas no Laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas do Museu de Ciências (LPEB/MCN). O material coletado representa uma oportunidade sem precedentes para o avanço dos estudos sobre as paleofloras de Gondwana e o impacto dos paleoincêndios vegetacionais no período Cretáceo, compreendido entre 145 milhões e 66 milhões de anos atrás, que são alguns dos temas de pesquisa na carreira científica de Jasper.
“Assim como na OPERANTAR XLII, nossa participação na expedição deste ano se dá pelo projeto PALEOANTAR. Nosso objetivo específico é a coleta de fósseis de plantas que ocorrem na Península Antártica e a busca de indícios da ocorrência de paleo-incêndios vegetacionais naquela região quando ali ainda havia uma floresta abundante (ao longo do Período Cretáceo)”, explica o docente.
“Além da coleta de materiais para as coleções do Museu de Ciências da Univates (MCN/Univates) esperamos encontrar registros inéditos para a nossa área de estudo, incluindo restos de carvão vegetal fóssil, os quais são indicativos diretos de paleo-incêndios vegetacionais”, detalha o pesquisador. “Isto permite compreender a dinâmica ambiental do continente enquanto ele ainda não era completamente coberto por gelo como é hoje. Com base nessas informações, é possível entender a significância dos sistemas de altas latitudes na evolução do Sistema Terra ao longo do tempo”.
A participação da Univates na OPERANTAR XLIII demonstra a maturidade científica da instituição. Os resultados advindos do projeto são importantes tanto para a pesquisa quanto para o ensino e a extensão da IES. A divulgação científica é um elemento importante no processo, sendo que os pesquisadores envolvidos irão multiplicar as informações com a comunidade acadêmica e a sociedade regional quando retornarem.
Confira aqui os diários de bordo da viagem de Jasper entre 2023 e 2024
Diário de bordo / Expedição à Antártica / Parte I
Diário de bordo / Expedição à Antártica / Parte II
Diário de bordo / Expedição à Antártica / Parte III
Quem irá pela primeira vez
Para Ândrea, a oportunidade é ímpar. “Representa muito, no sentido mais amplo possível. Minha primeira viagem ao continente gelado será com meu orientador, assim como a primeira viagem dele na OPERANTAR XII, foi com a orientadora dele, professora Tânia Lindner Dutra, a primeira pesquisadora brasileira a ir para a Antártica”, informa a jovem pesquisadora.
“Esse legado que agora o professor André passa adiante, faz com que eu me sinta muito privilegiada por ter sido escolhida para compor a equipe de Paleobotânica do PALEOANTAR. Carrego comigo também o apoio de muitas e pessoas que estão ao meu lado, que também partilham o desejo de conhecer o Sul do mundo. Sinto que também estou indo por elas. Ser uma mulher cientista, mãe, explorando o fim do mundo, é uma visão que quero passar para todas as meninas e mulheres: vocês podem sonhar e conquistar o que quiserem, ainda que o caminho às vezes seja difícil, não desistam”.
“Entendo que a viagem irá representar um grande evento na minha vida. Para além disso, não busco criar expectativas pois, acredito que viver o inesperado em uma localidade onde tudo é incerto, pode ser muito mais interessante. Toda a expedição nada se assemelha a férias e a conforto, muito pelo contrário”, observa Ândrea. “Entender os perigos e as adversidades possíveis de uma expedição como essa devem ser a bússola que guiará nossas ações para que o planejamento das atividades em campo, do acampamento, e toda a logística sejam mais eficientes possíveis. Sei que será uma experiência científica e antropológica fascinante (nos seus ônus e bônus). Me sinto aberta e pronta para o que vier”, diz.
“Acredito que todos temos sonhos. A Antártica começou a permear os meus por meados de 2018, quando iniciei meus estudos na Biologia e iniciei também como bolsista de iniciação científica no Laboratório de Paleobotânica e Evolução de Biomas, sempre orientada pelo professor André. Sabia que era difícil. Talvez não imaginasse ser tão possível assim. Não deixei de sonhar e fiz o meu trabalho da melhor forma que pude. As oportunidades surgiram e meu orientador já sabia desse meu anseio”, detalha a pesquisadora. “Sem o apoio dele e as portas que ele lutou para abrir, nada disso seria possível. Sou eternamente grata a ele, aos meus colegas de laboratório e também ao Programa de Pós Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD/UNIVATES) por apoiar e incentivar minha ida a essa expedição. Trazer bons materiais e produzir ciência de qualidade é meu maior objetivo para honrar essa oportunidade”.