Após quase quatro anos de dúvidas, discussões, recuos e tragédias climáticas, o Estado avança com um novo projeto para concessão das rodovias estaduais do Bloco 2. Com investimento de R$ 6,7 bilhões, a promessa é de modernizar a malha viária do Vale do Taquari e também do norte gaúcho, com investimentos previstos pelos próximos 30 anos.
Os trechos que passam pela região nas rodovias ERS-128, ERS-129, ERS-130 e RSC-453 totalizam, em obras de duplicação, quase 90 quilômetros. Só de Venâncio Aires a Lajeado, na 453, são quase 30 quilômetros que receberão pista dupla. Algumas delas devem iniciar já nos primeiros anos de concessão, uma reivindicação de líderes regionais.
Além da duplicação, alguns trechos também terão ampliação de pista com a construção de vias laterais. É o caso da ERS-128, a Via Láctea, em Teutônia. Dos 3,7 quilômetros a serem duplicados, 3 quilômetros terão, em paralelo, faixas adicionais para facilitar o fluxo interno de veículos, sem a necessidade de passar pela rodovia.
Em pontos onde as pistas não serão duplicadas, a futura concessionária vai construir terceiras faixas, como forma de melhorar a trafegabilidade. Só a Rota do Sol, a partir de Estrela, concentrará investimentos que alcançam 30 quilômetros da rodovia. Há também obras do tipo previstas entre Encantado e Muçum, na ERS-129.
Plano apresentado pelo Estado inclui duplicação de 3,6 quilômetros da ERS-128 (Via Láctea) na entrada de Teutônia. Demais obras até Fazenda Vilanova contemplam construção de acostamento, vias marginais, rotatórias e passarelas
Elevação de pontes
Demanda surgida a partir da enchente histórica de maio, que derrubou a ponte da ERS-130, entre Lajeado e Arroio do Meio, as travessias localizadas na região irão contar com cotas elevadas e acréscimo de camada drenante nas duplicações, por estarem localizadas em áreas atingidas pelas cheias.
Em todo o bloco 2, são 16 pontes que serão construídas com cota elevada. Doze delas ficam no Vale, em cidades como Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Lajeado, Muçum, Teutônia e Venâncio Aires. Conforme a Secretaria da Reconstrução Gaúcha, a estruturação dos projetos viários leva em conta obras com foco na resiliência.
Continuidade dos debates
O presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT), Ângelo Fontana, lembra que a concessão das rodovias é aguardada há muito tempo, pois permitirá melhorias na infraestrutura e na trafegabilidade, com obras que o estado ou a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) não têm conseguido realizar.
Fontana acredita que a iniciativa foi motivada pela pressão dos cidadãos sobre o governo. No entanto, ele ressalta a importância da continuação de intensos debates entre os responsáveis e a comunidade, buscando o melhor consenso para atender ao Vale do Taquari e resolver os problemas existentes.
“Quem não está pagando hoje começará a pagar, mas com um custo proporcional ao trecho utilizado. Não vejo isso como um problema, porque teremos a possibilidade de implementar o melhor plano de concessão do estado. Cabe a nós realizarmos a organização”, explica Fontana.
ERS-453 de Estrela a Garibaldi possui obras de ampliação previstas a partir do 3° ano de concessão. Perímetro urbano de Estrela será o primeiro, com duplicação da pista. Já o trecho até Teutônia deve receber obras a partir do 5° ano
Ajustes pontuais
O grupo de trabalho da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT) apoia a proposta do governo do Estado para o modelo de concessões do Bloco 2, apresentado na quarta-feira, 18. Ainda que sejam necessários alguns ajustes pontuais, a avaliação geral é positiva, segundo o presidente da Valelog e vice-presidente da CIC-VT, Adelar Steffler.
“O parecer do nosso grupo técnico de técnicos da região, que trabalha nesse plano há muitos anos, é positivo para a proposta. Ainda precisam ser realizados alguns ajustes, mas ficamos muito satisfeitos com o que o governo do Estado nos apresentou”, salienta.
Steffler reconhece que um dos principais entraves para a aceitação da proposta por parte da população está no custo do pedágio, que varia a cobrança média entre R$ 2,10 e R$ 5,70. Acerca disso, explica que “o valor do pedágio pode ser reduzido, mas isso resultará em um menor investimento e, consequentemente, menos obras sendo realizadas”.
Duplicação da ERS-130 está entre as prioridades de líderes da região. Obras iniciam a partir do 4° ano
Inclusão da 332
Rodovia que liga Encantado a Soledade, a ERS-332 deve ser incluída no plano de concessão com a partir do quinto ano após um pedido da CIC-VT. Para isso, será feito um estudo de viabilidade. “Isso é uma reivindicação nossa. A região não pode mais estar conectada em uma rodovia só, precisamos de alternativas para distribuir melhor o fluxo de veículos e a 332 é a melhor delas”, afirma Steffler.
Fora da lista de prioridades, prevista para iniciar somente no oitavo ano de concessão, o prazo da duplicação deverá ser tema de debate da CIC-VT para uma tentativa de ampliação. “Vamos ter que lutar para que a rodovia de Encantado [ERS-332] tenha o seu cronograma antecipado, porque essa foi uma das áreas mais afetadas pela enchente”.
DUPLICAÇÕES
- 29,83 km – Venâncio Aires – Lajeado
- 25,7 km – Estrela – Carlos Barbosa
- 28,08 km – Lajeado – Encantado
- 3,7 km – Teutônia
12 pontes com cota elevada
- ERS-128 | Teutônia
- ERS-129 | Encantado
- ERS-129 | Muçum
- ERS-129 | Muçum
- ERS-130 | Lajeado
- ERS-130 | Lajeado
- ERS-130 | Arroio do Meio
- ERS-130 | Arroio do Meio
- ERS-130 | Encantado
- RSC-453 | Venâncio Aires
- RSC-453 | Cruzeiro do Sul
- RSC-453 | Estrela
Consulta pública
A próxima etapa no processo de concessão é a abertura de consulta pública para receber sugestões e críticas. O edital de licitação está previsto para o primeiro semestre de 2025, com o leilão realizado na B3, em São Paulo. O critério para definir o vencedor será a combinação entre menor aporte público e maior desconto tarifário.
CONTRIBUIÇÕES CONSIDERADAS NA MODELAGEM
- Área de escape da ERS-129 em Muçum
- Conselho de usuários participativo para estoque melhoria
- Estudo para inclusão da ERS-332 na concessão, ao final do 5º ano
- Divisão do Bloco 2 (Norte e Vale); Estudo comprovou que não seria viável
OBRAS POR TRECHO
RSC-453
Venâncio Aires > Garibaldi
55,3 km de duplicação
30,3 km em terceiras faixas
24 km de acostamentos
6 km de vias marginais
13 passarelas
3 passagens inferiores
14 rotatórias
1 trombeta
2 diamantes (elimina entrecruzamentos)
ERS-128
Teutônia > Fazenda Vilanova
3,7 km de duplicação
21 km de acostamentos
3 km de vias marginais
2 passarelas
4 rotatórias
ERS-129
Encantado > Casca
31,8 km de duplicação
24,9 km em terceiras faixas
45 km de acostamento
4 km de vias marginais
8 passarelas
10 passagens inferiores
14 rotatórias
3 diamantes (elimina entrecruzamentos)
ERS-130
Lajeado > Encantado
28,1 km de duplicação
10 km de ciclovia
9 km de vias marginais
3 passarelas
3 passagens inferiores
3 passagens superiores
4 rotatórias
1 diamante
NÚMEROS TOTAIS
- R$ 6,7 bilhões serão investidos ao longo dos 30 anos de concessão
- R$ 4,5 bilhões de investimentos nos primeiros dez anos
- R$ 1,3 bilhão de aporte do Estado via Fundo do Plano Rio Grande
- 414,9 quilômetros de rodovias concedidas
- 244 quilômetros de duplicação previstos em rodovias do Bloco 2
- 24 pórticos a serem instalados para cobrança da tarifa de pedágio free flow
TERCEIRAS FAIXAS
- 30,03 km
Estrela > Garibaldi - 3,8 km
Encantado > Muçum
