A paixão do professor Ladair Rahmeier pela educação contagiou toda a sua família. Seu compromisso com o “educar” orientou o comportamento de todos, que passaram a valorizar a disciplina e o respeito, tanto dentro quanto fora da sala de aula. Mais do que isso: o método de ensino de Ladair deu origem a uma prática inovadora no colégio, que se consolidou com o tempo: a gincana, na qual aprender e competir caminham lado a lado, promovendo um aprendizado mais significativo e eficaz.
A gincana, atualmente, é uma atividade anual aguardada com entusiasmo pelos alunos, e está plenamente integrada ao projeto pedagógico da escola. Sua força reside no fato de unir professores, famílias, alunos e ex-alunos em torno de um mesmo objetivo. Além de ser um momento de diversão, é também educativa, ao ensinar valores essenciais como liderança, trabalho em equipe e organização.
A história educacional da família Rahmeier inicia em 1960, quando Ladair se torna interno do colégio e começa a aperfeiçoar sua convivência com pessoas. Aprende sobre organização, sociedade e pessoas. Noções que levará para a vida toda. “Eu morava no interior de Fazenda Vilanova. Não havia escolas. Meu pai decidiu que eu iria para o CEAT”, conta o professor aposentado.
Após ingressar no colégio, vivenciou todas as etapas até se tornar professor. Foi aluno, virou secretário e mais tarde, mestre em pelo menos oito disciplinas: técnicas comerciais, geografia, mecanografia, contabilidade, processamento de dados, informática e educação física. Mais tarde, se tornou treinador de basquete e de atletismo. A escola o ensinou a ser um professor colaborativo, de múltiplas funções. Enquanto ensinava, assimilava. “Aprendi tudo no Ceat.”
O professor que criou a Gincana
Em 1982, o apreço de Ladair pelo esporte o motivou a criar uma competição que, ao mesmo tempo, integrasse e desafiasse os alunos a se envolverem. Assim, nasceu a ideia da gincana, inicialmente em uma escala pequena, mas que, com o tempo, ganhou uma grande dimensão comunitária. “Um dos objetivos da gincana era a interação e despertar a liderança. Isso pegou bem”, conclui o idealizador. Professor, treinador, secretário, contabilista e aluno, Ladair dedicou 40 anos ao colégio. A estrutura da instituição o incentivou a colaborar em diversas atividades escolares. Ele acompanhava os alunos nas viagens das oitavas séries e organizou a primeira Olimpíada Nacional Evangélica, em 1986. Mais tarde, aventurou-se treinando os times de basquete e viu sua paixão pelo esporte se consolidar ao observar os alunos atuando no Clube Atlético Bira. “Eu aprendi tudo dentro do Ceat, desde arrumar a cama até conviver com pessoas”, resume o professor.
A família seguiu o exemplo de Ladair, que na escola aprimorou a relação com a esposa, educou os filhos e agora envolve-se com as histórias dos netos, estudantes do ensino fundamental. A esposa Ildete Rahmeier também foi professora do Ceat e alfabetizou centenas de alunos. Os pequenos, que antes não sabiam ler uma palavra, entraram para a primeira série com o alfabeto na ponta da língua.
A professora que introduziu as primeiras letras
Os Rahmeier passaram grande parte de suas vidas na escola. Nas quadras, Ladair compartilhava os segredos dos arremessos do basquete, enquanto nas salas de aula, sua esposa, Ildete Rahmeier, guiava os pequenos pelos primeiros passos com as letras do alfabeto. Do mundo das vogais na pré-escola até o ingresso no Ensino Fundamental, foi um longo percurso de aprendizado. A professora se destacou com maestria nessa jornada. “Trabalhei durante 25 anos como alfabetizadora. Ensinava a eles os primeiros cálculos e textinhos”, emociona-se.
As lembranças dançam na mente da alfabetizadora. Muitos alunos se tornaram personalidades influentes. “Fui professora da prefeita Gláucia, do prefeito Marcelo e de médicos”, rememora Ildete. Alfabetizar é o primeiro passo do processo educativo. Ildete entende a educação como o pilar para o crescimento individual. Mas é também uma tarefa coletiva, que se inicia em casa, com a influência dos pais e aprimora-se na sala. “Mãe e pai educam. Professor ensina e continua o processo educativo”, enfatiza.
Em 2023, Ladair e Ildete foram homenageados pelo Memorial do Ceat, uma espécie de museu que narra a história da instituição. No espaço, fotos e registros de alunos ilustram a evolução da escola ao longo dos anos. Há também galerias com medalhas de atletismo e recordações das gincanas realizadas, destacando o legado deixado pelos dois. Muitas dessas medalhas foram conquistadas sob a orientação de Ladair, que sempre ensinou aos alunos a importância da disciplina e do respeito, tanto ao corpo quanto à mente, valorizando o equilíbrio físico e mental.
O casal de professores passou o amor pela educação para a filha e netos. O sentimento de querer atuar em aula se mantém presente Ildete: “Tenho uma saudade louca de educar e voltar pra sala. Foi sensacional”
Quando a educação vem de berço
Nascida em um ambiente familiar dedicado à educação, Renata Rahmeier Marquetto iniciou seus estudos na primeira infância e permaneceu no mesmo colégio por 15 anos, observando de perto a prática pedagógica de seus pais.
A empresária deixou o CEAT aos 18 anos, quando iniciou sua trajetória acadêmica. As lembranças das aulas, das gincanas e das viagens das oitavas séries são muito especiais para ela, marcando também a importância dos relacionamentos pessoais. Para Renata, o aprendizado escolar foi além das salas de aula. Noções de ética e respeito foram fundamentais para a formação de seu caráter. Ela acredita que o ensino de qualidade impacta toda a comunidade. Sociedade educada reflete diretamente na cidadania. A educação integral envolve tarefas simples e exige um olhar atento. “Jogar lixo na lixeira, respeito aos professores e agir com ética fazem parte do ensino”, destaca Renata.
A criação dos filhos Mateus e Davi segue a mesma linha pedagógica. Na escola onde os avós estudaram, os meninos são estimulados nas suas habilidades e a melhorar os dons naturais. Mateus encontra prazer nos jogos de futebol com os amigos, enquanto Davi se dedica à música, aprimorando-se no violino.
Certa de que a educação é o maior legado que pode deixar, Renata é convicta: “Eu não me preocupo com o futuro dos filhos, porque sei que eles estão sendo ensinados a enfrentar desafios, resolver problemas e vão trilhar um caminho lindo”. Nesta tarefa, a empresária se assume espectadora. E está pronta para acompanhar a evolução dos garotos. A educação faz o futuro.