Como você chegou ao Brasil?
Meus pais já moravam aqui, e decidiram trazer minha irmã e eu para estarmos mais próximos deles. Foi uma decisão muito importante para nossa família. Mudar para um novo país, especialmente na infância, traz uma sensação inicial de estar “perdida”. No meu caso, foi ainda mais desafiador porque eu não falava português e precisei aprender a língua para frequentar a escola e me comunicar em diversas situações.
Como você se adaptou ao Vale do Taquari?
Minha adaptação foi mais tranquila do que eu imaginava, principalmente porque meus pais já estavam no Brasil antes de nós. Eles já tinham amigos, conheciam o ambiente e prepararam tudo para a nossa chegada.
Tudo foi organizado de forma que nos sentíssemos acolhidas desde o início. Com o passar do tempo, fomos crescendo e nos adaptando como uma família. E ainda ganhamos uma nova integrante: minha irmãzinha caçula, que considero uma verdadeira gaúcha-nigeriana (kkkk).
Metade da minha vida foi vivida aqui no Brasil, e isso faz com que eu considere este país como meu também. É muito gratificante saber que sou bem-vinda tanto na Nigéria quanto no Brasil, e que posso chamar os dois países de lar.
O que precisamos mudar como comunidade, no Vale do Taquari, para acolher as pessoas?
Na maior parte do tempo, sou muito bem tratada aqui. Porém, já enfrentei situações de racismo “sutil”, momentos que geraram desconforto e, em alguns casos, até atrapalharam o andamento de algo importante para mim. No entanto, venho de uma família que sempre me ensinou a ser confiante e a acreditar na minha verdade.
Por isso, nunca permiti que essas situações me afetassem profundamente, porque sei que o racismo não é sobre mim, mas sim sobre a ignorância de quem age dessa forma.Ainda assim, esses episódios foram poucos. Eu e minha família somos, na maioria das vezes, bem acolhidos e respeitados. Por isso, só tenho a agradecer pelas boas experiências que tivemos aqui.
Quanto ao que precisa mudar, acredito que é fundamental continuar combatendo o racismo em todas as suas formas, sejam elas explícitas ou sutis, para que ninguém mais passe por situações de discriminação. É um processo que depende de conscientização, educação e empatia.
Como se adaptar mais rapidamente a um novo país?
Acho essencial buscar alguma comunidade com a qual você se identifique. Pode ser uma comunidade religiosa, política, social ou qualquer grupo que compartilhe valores, interesses ou opiniões semelhantes aos seus. Isso vai abrir portas para conversas e interações. E, a partir dessas conexões, você poderá ser apresentado a outras pessoas, amigos e até familiares dessa nova rede. Aos poucos, você começa a criar seu próprio círculo no novo país.
Como você está planejando seu futuro?
Quero ser uma mulher empreendedora em várias áreas, especialmente na minha paixão por tecnologia. Pretendo me aprofundar no desenvolvimento de sites e, quem sabe, abrir minha própria agência ou startup de desenvolvimento de software.. Quero usar minhas redes sociais para inspirar outras pessoas, mostrando que é possível ser estudiosa, bem-sucedida, e ao mesmo tempo feliz e confiante, por dentro e por fora. Meu objetivo é me tornar uma mulher realizada em todas as esferas da minha vida.