Repassar para a responsável pela BR-386 a missão de fazer o projeto e a execução da nova ponte sobre o Rio Taquari, com a possibilidade de ampliar o contrato atual com a CCR ViaSul. Essa ideia foi apresentada ao parlamento nacional durante audiência pública em Brasília na quarta-feira da semana passada.
Chamada por Pedro Westphalen (PP) e Marcel Van Hattem (NOVO), a reunião abordou a necessidade de obras voltadas para a reconstrução do Vale do Taquari. Pelo governo federal, participaram representantes do Ministério dos Transportes, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, esteve na audiência. “O projeto é urgente. Em março começa o período de safra e os problemas que enfrentamos hoje, com engarrafamentos que passam dos sete quilômetros, ficarão ainda piores.”
Em setembro, a CCR ViaSul identificou falhas em pilares submersos da ponte, no trecho da capital/interior. Conforme o diretor de operações da CCR Viasul, Fernando de Marchi, a concessionária iniciou obras de reforço estrutural, mas o tráfego restrito agravou os transtornos para motoristas e empresas que dependem da “rodovia da produção”.
Mobilização regional
A ideia de incluir a construção da nova ponte no contrato da CCR ViaSul recebeu apoio da bancada gaúcha. Segundo Caumo, a prorrogação do contrato é uma solução viável para evitar o uso de recursos públicos. “Com a aprovação da ANTT, a concessionária poderia começar os estudos e a obra de forma imediata”, defende.
De maneira remota, a presidente do Conselho de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini, frisa também a importância de um projeto de longo prazo para investir em um anel viário entre rodovias do estado com a BR-386. “Pela rodovia, passa mais de 50% da produção do estado. É um investimento estratégico para o desenvolvimento”, afirma.
Resposta da ANTT
O superintendente de infraestrutura da ANTT, Jhony de Oliveira, afirma que o pedido para a nova ponte foi protocolado na agência e está em análise pela área técnica. Também destaca a importância de serem consideradas outras demandas logísticas da rodovia, com mais interligação entre cidades cortadas pelo Rio Taquari.
“A questão não se resume à ponte em si. Temos que avaliar as condições de toda a rodovia e o que é necessário para manter um fluxo logístico constante entre os municípios e regiões que ela conecta. Essa rodovia tem impactos que vão além do trecho afetado, atingindo diretamente a economia estadual e nacional”.
Segundo o superintendente, a análise vai considerar tanto a viabilidade técnica da construção quanto os custos e prazos envolvidos. “Esse é um desafio que precisa de soluções coordenadas. Não podemos tratar a ponte isoladamente, porque ela integra um corredor logístico vital para o Rio Grande do Sul e o Brasil.”
Embora o pedido tenha avançado com a mobilização de líderes políticos e regionais, o processo ainda depende de ajustes contratuais que envolvem a concessionária CCR ViaSul e o governo federal. “Nosso papel é assegurar que o projeto contemple as demandas emergenciais da região sem perder de vista a sustentabilidade operacional e econômica da concessão.”
Reforço na ponte
As obras de recuperação da ponte da BR-386, sobre o Rio Taquari, entre Lajeado e Estrela, estão previstas para serem concluídas até o fim do primeiro trimestre de 2025. Pelo relatório da concessionária, as equipes de manutenção e engenharia trabalham no estaqueamento, com o reforço das fundações. Os técnicos informaram que foram feitas a instalação das estacas-raiz e das proteções metálicas nos tubos submersos.
O tráfego opera em sistema de contrafluxo, com uma faixa para cada sentido e uma terceira reversível, ajustada conforme o volume de veículos. O tempo médio de espera para liberação da faixa reversível é de 30 minutos, mas pode variar de acordo com o fluxo e eventuais ajustes na sinalização.
DETALHES
- As obras de recuperação da ponte da BR-386, sobre o Rio Taquari, entre Lajeado e Estrela, avançam para uma nova fase.
- A CCR ViaSul iniciou o estaqueamento e reforço das fundações da estrutura.
- A previsão é de que os trabalhos sejam concluídos até março de 2024.
- Até lá, o tráfego opera em sistema de contrafluxo, com uma faixa para cada sentido e uma terceira reversível.
- Trânsito parcial implantado em 21 de setembro após detecção de movimentos na base dos pilares.
- Plano emergencial iniciado após a tragédia de maio, com limpeza, remoção de detritos e monitoramento das condições da ponte.