O prazo para finalizar a ponte da ERS-130 estendido para março, associado ao cotidiano de filas e demora entre Lajeado e Arroio do Meio, alimentam o descontentamento de motoristas e trabalhadores. Para pressionar o governo, a comunidade se reúne em Arroio do Meio, próximo à ponte que ruiu, na tarde deste sábado, 14. Organizado por moradores da cidade, o ato começou por volta das 15h.
Entre os articuladores está o dentista e empresário Estevan Kerbes, conhecido como Tetê. “A importância desse ato é o caos que está a nossa região, principalmente a parte alta do Vale. Daqui a pouco tem pessoas morrendo por causa da falta dessa ponte, em uma situação de emergência hospitalar”, destaca Tetê Kerbes.
O movimento ganhou visibilidade após o governo do Estado revisar o prazo de entrega da ponte. Pelo contrato, havia sido estabelecida a entrega até o fim de 2024. Em 28 de novembro, o secretário estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella, admitiu ser impossível terminar dentro do prazo. A nova data de inauguração está prevista para o fim de março.
“Há centenas de empreendimentos turísticos que foram impactados fortemente. São empreendimentos familiares; outros têm empregados e estão sendo forçados a fazer demissões, por causa desse ponte prometida para esse ano. E mentiram para nós. Agora esperamos que cumpram a nova data (29 de março). secretário, governador, nos ajudem, por favor”, pede Leandro Arenhardt, empresário e ex-presidente da Amturvales.
A nova ponte terá 150 metros de extensão, com duas faixas e áreas para pedestres e ciclistas. O custo estimado passa dos R$ 14 milhões. O financiamento da obra é de recursos próprios da EGR, provenientes da arrecadação da praça de pedágio. São 24 vigas para dar sustentação à estrutura. Destas, há 11 finalizadas.
A passagem ruiu em 2 de maio, durante a maior inundação da história do RS. Com isso, o Estado publicou a licitação, cerca de 28 dias após o episódio. A empresa Engedal venceu a concorrência.
A empresária Liselena Neuman, representante do setor logístico, destaca os impactos financeiros causados pela ausência da ponte, que tem afetado diretamente o trabalho das empresas da região. Segundo ela, a conclusão da obra é crucial para melhorar a eficiência logística e reduzir custos operacionais. “Nesse momento o ato representa nós conseguirmos mais agilidade e menos manutenção, porque hoje a gente vive com custos altos, mão de obra extremamente estressada, ansiosa, nervosa, e a conclusão dessa ponte vai ligar e conectar de novo o Vale. E o nosso manifesta é em prol disso, conexão do vale, mão de obra menos estressada e logística com menos custos.”
Conforme informações repassadas pelo Estado, há dificuldades em termos de mão de obra. Seriam necessários pelo menos 50 operários. Hoje, são menos de 30. Há trabalhadores de fora do RS, em especial do Norte e Nordeste.
Falta de interesse do Estado
O empresário Roberto Lucchese também esteve presente no protesto, e se manifestou contra a demora na entrega da ponte e a falta de cobrança por parte das autoridades locais. Em discurso, Lucchese expressou a insatisfação, compartilhada pela comunidade, com a ausência da estrutura essencial para a região.
“Por que vocês e os representantes do Vale não cobraram antes a conclusão dessa ponte? Tínhamos receio das consequências de cobrar o governo do Estado, mas, ao não fazer isso, estamos enfrentando consequências muito piores”, afirmou o empresário.
Ele comparou a obra à importância de uma cirurgia cardíaca, ressaltando a gravidade do problema para os moradores e empresários locais. “Para nós, essa ponte é como uma cirurgia de coração, mas para eles parece uma unha encravada”, criticou Lucchese, referindo-se à aparente indiferença do governo estadual em relação à obra.