O prazo para finalizar a ponte da ERS-130 estendido para março, associado ao cotidiano de filas e demora entre Lajeado e Arroio do Meio, alimentam o descontentamento de motoristas e trabalhadores.
Tanto que este sábado será de protesto. Organizado por moradores de Arroio do Meio, o ato está marcado para começar às 15h, nas proximidades dos destroços da ponte. Entre os articuladores está o dentista e empresário Estevan Kerbes, conhecido como Tetê.
De acordo com ele, no grupo formado nas redes sociais, há mais de 1,7 mil confirmados. “Nosso objetivo é mostrar as dificuldades que estamos sofrendo e buscar a melhoria da qualidade de vida e da economia da região.”
“Há várias obras previstas para a região. A pressão sobre os políticos é fundamental. Só vai acontecer se mostrarmos força”, destaca Tetê Kerbes. “Temos pessoas de várias cidades avisando que querem participar. Pessoas de Encantado, Muçum, Capitão, Nova Bréscia, por exemplo. Pois a ponte não é somente Lajeado e Arroio do Meio. É todo o Vale”, complementa.
O movimento ganhou visibilidade após o governo do Estado revisar o prazo de entrega da ponte. Pelo contrato, havia sido estabelecida a entrega até o fim de 2024. Em 28 de novembro, o secretário estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella, admitiu ser impossível terminar dentro do prazo. A nova data de inauguração está prevista para o fim de março.
A nova ponte terá 150 metros de extensão, com duas faixas e áreas para pedestres e ciclistas. O custo estimado passa dos R$ 14 milhões. O financiamento da obra é de recursos próprios da EGR, provenientes da arrecadação da praça de pedágio. São 24 vigas para dar sustentação à estrutura. Destas, há 11 finalizadas.
A passagem ruiu em 2 de maio, durante a maior inundação da história do RS. Com isso, o Estado publicou a licitação, cerca de 28 dias após o episódio. A empresa Engedal venceu a concorrência.
Conforme informações repassadas pelo Estado, há dificuldades em termos de mão de obra. Seriam necessários pelo menos 50 operários. Hoje, são menos de 30. Há trabalhadores de fora do RS, em especial do Norte e Nordeste.
Rodovias estaduais em situação crítica
Há diversos trechos com problemas na malha rodoviária do Vale. No acesso à microrregião de Encantado, devido à queda da ponte da ERS-130, o trecho entre Colinas e Roca Sales, em Fazenda Lohmann, virou uma rota fundamental para ligar as microrregiões da parte baixa e alta.
São sete quilômetros de chão batido. “Seguido temos que mandar socorro para desatolar veículos carregados de frango”, destaca o presidente do Conselho Administrativo da Dália Alimentos, Gilberto Piccinini.
“O motorista de caminhão leva até duas horas para atravessar de Lajeado para Arroio do Meio. Isso representa prejuízo econômico e também na saúde do trabalhador”, destaca o vice-presidente da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT), Adelar Steffler.
Estiva como alternativa
O prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel, debate com o governo estadual a instalação de uma estiva (ponte baixa) ao lado da Ponte do Exército.“Agora com a baixa do rio não é difícil fazer. Queremos, pelo menos, deixar o projeto pronto neste ano.”
De acordo com ele, a passagem iria possibilitar a divisão do tráfego, reduzindo as filas devido ao fluxo hoje em um sentido.
No governo gaúcho, o secretário Juvir Costella confirma o intuito de investir na ponte baixa. São estimados o investimento de R$ 2 milhões, como forma de reduzir congestionamentos no trecho.
A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) faz o estudo. “A obra pode representar uma facilidade de circulação, enquanto a ponte da ERS-130 não fica pronta”, destaca o secretário. Os recursos podem ser acessados junto ao Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs) ou do Tesouro Estadual.
Ao lado da Ponte de Ferro
Outro projeto em curso é a construção de uma passagem ao lado da Ponte de Ferro. O governo federal garantiu R$ 10 milhões para a obra. O projeto foi feito pela administração de Lajeado.
Nesta semana, o prefeito Marcelo Caumo esteve em Brasília e se reuniu com integrantes da Defesa Civil Nacional. Foram feitas adaptações e também entregue o pedido de aumento no repasse.
O pedido é para o governo federal assumir todo o investimento, estimado em R$ 13 milhões. De acordo com o secretário Nacional da Reconstrução, Maneco Hassen, cabe ao município de Lajeado proceder com a obra. Com 8 metros de largura e 102,3 metros de comprimento, a ponte está projetada para suportar o fluxo de caminhões e de ônibus.
Em maio, a primeira proposta de ponte foi aprovada e o governo de Lajeado fez uma licitação emergencial. Esse trâmite foi suspenso frente a reconstrução da ponte de ferro pela Construtora Lyall.
O prefeito Marcelo Caumo relata que o pedido de elevação no valor global do repasse está em análise da Defesa Civil. Ele acredita que a resposta deve vir só em 2025.
Projetos e pontes sobre o Forqueta
- Ponte de Ferro
– Reconstruída em duas semanas após mobilização da iniciativa privada, capitaneada pela Lyall Construtora e Incorporadora. A passagem é restrita para veículos leves. - Ponte da ERS-130
– Destruída na enchente do Rio Forqueta, terá uma nova estrutura no local. A obra foi licitada pela EGR e está sob responsabilidade da Engedal, de Santa Catarina. A projeção é de inaugurar até 29 de março. - Nova ponte sobre o Rio Forqueta
– Projeto pronto, com recursos empenhados pelo governo federal. A ideia é construir uma nova estrutura, ao lado da Ponte de Ferro. O trânsito será em dois sentidos, capaz de absorver veículos pesados e caminhões. Estão garantidos R$ 10 milhões. Governo de Lajeado pede mais R$ 3 milhões para custeio integral do poder público federal. - Estiva (ponte baixa)
– Instalar uma passagem ao lado da Ponte do Exército e possibilitar trânsito ininterrupto nos dois sentidos. O projeto está em análise do Estado e o investimento previsto é de R$ 2 milhões.