Como foi que você descobriu o Linfoma de Hodgkin?
Em 2022 apareceu uma íngua na parte da clavícula direta, mas por não doer de início, não dei muita bola, porém, mais tarde, comecei a sentir dores na parte do ombro e braço direto, seguido de cansaço e suores noturnos. Então, no ano de 2023, resolvi procurar um médico reumatologista, que na época me pediu alguns exames e me encaminhou para um médico da “cabeça e pescoço” que me encaminhou para fazer uma tomografia e uma biópsia. Uma semana antes da biopsia, comecei a ter forte dores no peito também. Em agosto de 2023, fiz minha biópsia, retirando 3 linfomas na parte do pescoço e clavícula. Após um mês de espera, o resultado veio para positivo para Linfoma de Hodgkin. Fui encaminhada, então, para o tratamento no HBB.
O que mudou na sua vida após a descoberta da doença?
Mudou tudo, modo de pensar, agir, hábitos. Você vê a vida de outra forma, vê nos detalhes o que ela pode nos proporcionar. Você vê que a sua saúde é a coisa mais importante para poder aproveitar as coisas mais simples que ela pode te oferecer. A Dani de antes pensava muito mais nos outros (outros afazeres, namoro, casa, trabalho) e esquecia de mim. Hoje eu sou minha prioridade, meu corpo, mente, e alma precisam estar em equilíbrio para me sentir bem. Acredito que o câncer veio para me curar de dentro para fora.
Como foi para você lidar com essa situação, pensou por algum momento em desistir?
No início fiquei em choque, e a primeira coisa que a gente se pergunta é: “porque comigo?”
Mas eu sempre tive muita fé, e o câncer me aproximou ainda mais de Deus. Acredito que tudo tem um propósito maior, e Ele sabia que eu conseguiria passar por isso. Ele me afastou de pessoas, mas também me trouxe outras que talvez eu jamais conheceria se não tivesse o câncer. Nunca pensei em desistir. Eu tinha pessoas, família, amigos, minha mãe que torciam por mim e eu tinha certeza desde o início que eu já estava curada, mas que eu precisava passar por esse processo, e Deus queria me mostrar o quão forte eu era. Ele sempre estava comigo, essa era a certeza para não desistir.
Como foi o tratamento, todo o processo até ter o diagnóstico da cura?
Foi bem desafiador, desde a parte da cirurgia (biópsia), o pós-operatório. Lembro que tive minhas primeiras sessões de quimioterapia na veia (em torno de 4/5 horas durava cada sessão) de 15 em 15 dias, mais 7 injeções toda vez após cada quimioterapia, para minha imunidade sempre estar boa e não precisar parar o tratamento. Metade do ciclo, mais uma cirurgia para colocar o cateter, que me ajudaria a não sentir tanta dor na hora do tratamento. Sentia muita dor. Outra parte foi a queda do meu cabelo que começou logo após a primeira quimio. Lembro que pedi para minha mãe e meus melhores amigos que cortassem para mim. Me deixaram leve e confiante, que era só mais uma fase, e que iria passar.
Hoje você consegue ter uma vida normal, como antes do diagnóstico da doença?
Acredito que consegui melhorar meus hábitos, claro, que por conta do cateter, algumas coisas ficaram mais sensíveis para mim, todo cuidado é necessário. Mas voltei a ter minha rotina de exercícios, alimentação mais saudável, tudo dentro do possível para voltar à normalidade.
Quais as maiores dificuldades encontradas e enfrentadas durante o tratamento?
Antes mesmo do diagnóstico, no dia da minha consulta, tive a informação do falecimento do meu avô materno. Foi bem difícil liderar com isso no momento, ainda mais por saber que eu estava para fazer uma cirurgia (biópsia). Após dois meses do falecimento dele, veio a notícia do câncer. Meu mundo desabava, pois parecia que tudo estava dando errado. Porém, conforme o tratamento ia acontecendo, e com ajuda terapêutica, fui me estabilizando. Na metade do meu tratamento, veio o término do meu relacionamento. Tudo contribuía para desanimar e não querer continuar, mas eu sabia que tudo dependia somente de mim e Deus. Mais uma vez, eu orei e pedi para Deus mostrar o que era melhor para mim. E tenho certeza que foi o melhor que ele fez!