Como foi a decisão pela área educacional?
No Ensino Médio, não tinha muito claro aquilo que iria seguir como profissão, mas tinha maior afinidade com a área das humanas. Minha mãe foi professora e sempre me incentivou a cursar o magistério, escolha que não segui. No ano em que iria concluir o Ensino Médio, o curso de História estava sendo aberto na Univates, daí decidi fazer o vestibular, fui aprovada e ingressei no curso. Nas primeiras semanas de aula, já estava apaixonada e sentia que era ali que iria seguir. Como iniciei muito cedo (17), aos 19 já recebi uma proposta para assumir um contrato, e aqui estou.
Quais os desafios de ser coordenadora pedagógica?
O trabalho consiste em lidar com diversas demandas, que vão desde a organização e simplificação da rotina escolar até a formação continuada, reuniões, avaliações externas, contato com famílias. Acredito que no contexto atual da educação (de desmotivação, desvalorização e distorção de valores), o principal desafio seja a de garantir condições ideais de aprendizagem na escola, uma vez que as diferenças individuais são evidentes (acompanhamento familiar, diversas lacunas ocasionadas pelos eventos dos últimos anos, políticas públicas que considerem e apoiem meios para fortalecer a demanda).
Como consegue conciliar o comércio e a escola?
Minha família tem um comércio no ramo de alimentos desde 1998. Sempre auxiliei, intercalando minha carga horária entre escola e mercado. São realidades diferentes e não posso negar que existem desafios, especialmente de atender bem as duas demandas. No entanto, me sinto realizada em poder atuar em ambos os lugares, justamente pelos desafios e energia existentes.
Como enxerga o papel do professor na construção de um sistema educacional?
O professor tem uma grande vantagem no seu trabalho: de encontrar e tocar pessoas e vidas. Tenho pela consciência que hoje não sou como era há 20 anos, nem como era há 10 ou três. Precisei me adaptar, mudar, entender, amadurecer. Talvez essa seja a mágica da educação – a transformação.
Muitas vezes não concordo com coisas que vejo na área. Sinto que a educação é tratada como um grande tubo de ensaios da sociedade, onde se fazem testes com propostas e métodos, os quais o resultado depende da continuidade ou não da experiência. Isto me chateia, pois no contexto tratado, muitos perdem e aí está, para mim, a principal injustiça e desigualdade.
No entanto, se todos desistirmos, deixaremos de atender à expectativa de muitos que querem e sonham com um futuro de mais cultura.