Ato em Arvorezinha reúne famílias participantes do programa de fomento

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Ato em Arvorezinha reúne famílias participantes do programa de fomento

Na região de Lajeado, 137 famílias de dez municípios são contempladas

Ato em Arvorezinha reúne famílias participantes do programa de fomento
Foto: divulgação

“Não há pessoa que vá até a minha casa que não saia com pelo menos um produto”. O relato feito pela agricultora Ângela Fátima Gasparin, da localidade de Linha Torres Gonçalves, Arvorezinha, resume o sentimento de orgulho vivido pelas famílias que integram o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais. Uma das 20 beneficiárias da política pública que transfere renda para famílias em vulnerabilidade social ou que vivem em situação de pobreza extrema, Ângela era só sorrisos quando adentrou o espaço da Câmara de Vereadores, local em que ocorreu o encerramento do programa, em ato realizado na quarta-feira, 11.

Acompanhada de uma sacola repleta de alimentos cultivados sem o uso de agrotóxicos, como couve-flor, brócolis, repolho e couve, a produtora destacou a transformação possibilitada pela política pública, que busca contribuir para a inclusão, a emancipação social e produtiva e a melhoria da qualidade de vida de famílias de baixa renda. “Antes eu até tinha uma horta, mas ela não era nem tão organizada e nem tão completa”, afirmou, verbalizando ainda o orgulho que sente do espaço, localizado junto à casa que compartilha com o marido, Antônio Carlos da Silva.

“É uma coisa que mexe com a nossa autoestima e que nos anima para ir melhorando outras coisas”, comentou ainda sobre o projeto, que é operacionalizado pela Emater/RS-Ascar, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) do Governo do Estado. Com o objetivo de propor o desenvolvimento de atividades produtivas para famílias de baixa renda inscritas no Cadastro Único (com renda de até R$ 109 por pessoa), o programa destina R$ 4,6 mil para cada família. “É um valor que dá para fazer bastante coisa”, garante Ângela, que no primeiro mês já colheu um pé de alface de “mais de dois quilos”.

O senso de compartilhamento expressado por Ângela é replicado por outros participantes, como é o caso de Cristina da Silva, da localidade de Linha Segredo. Ao lado do marido Edevandro e das filhas Michele e Gabriele, a agricultora também utilizou o recurso para a construção de uma horta. Nela, produtos como pepino, tomate, ervilha, pimentão, radite e outros servem para o consumo não apenas da família, mas também de vizinhos, amigos e parentes. “Para nós o principal é saber que estamos cultivando um produto ‘limpo’, que a gente sabe de onde vem”, comenta, citando o fato de que as meninas adoram os vegetais.

Para a extensionista da Emater/RS-Ascar Rafaela Czermaneski, assim como Ângela e Cristina, cada família tem sua história, sua bagagem, que renderia algum tipo de relato. Com a política pública, o serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural e Social (Aters) se aproximou mais das famílias em vulnerabilidade, dando-lhes visibilidade e principalmente perspectivas no que diz respeito à produção para autoconsumo. “Aqui, muitos ainda são produtores de fumo e a ideia é justamente estimular à busca por alternativas que lhes possibilitem ao menos o básico, em termos de alimentação”, avalia.

Rafaela foi a responsável por apresentar os resultados da ação, em formalidade que contou com a presença de representantes de uma série de entidades que foram parceiras do projeto, entre elas a Prefeitura, o Centro de Referência da Assistência Social (Cras), a Secretaria de Agricultura, o Sindicato Rural, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), a cooperativa Sicredi e a Afubra. “Afinal, ninguém faz nada sozinho”, mencionou a extensionista, agradecendo a participação de todos. “A gente espera que esse tipo de experiência possa se espalhar”, pondera a extensionista da Emater/RS-Ascar Elizangela Teixeira.

Para as próprias famílias, além da construção das hortas, dos galinheiros e dos açudes, o programa permitiu um olhar mais amplo para as propriedades, seus arredores, a organização e a limpeza. “Nós não tínhamos nem banheiro e agora temos”, vibrou Cristina, a respeito de uma conquista que pode soar pequena para a maioria das pessoas, mas que é enorme para as famílias. “Foi um projeto transformador, de muita mudança, reforço da autoconfiança e até um maior otimismo de todos”, refletiu Rafaela, agradecendo aos envolvidos durante o encerramento simbólico.

Outras lideranças, que também acompanharam as etapas da ação, como a primeira-dama, Gildana Borsatto, o secretário de Agricultura, Ecologia e Meio Ambiente, Eleandro Guarda, o gerente da Afubra de Arvorezinha, Juliano Landim, e o supervisor da Emater/RS-Ascar Cezar Burille, entre outros, também celebraram a conclusão do Fomento. “Evidentemente, este é um trabalho que não se encerra aqui, ficando a Emater à disposição dos nossos assistidos”, garantiu Elizangela, apontando o caráter multidimensional da pobreza no campo e a consequente falta de oportunidades, que vai além da insuficiência de renda.

Em todo o Estado o Programa de Fomento, na Etapa Estiagem – que teve início no primeiro semestre de 2023 e está sendo concluído –, 10 mil famílias estão sendo atendidas. Na região de Lajeado, compreendida pelos vales do Taquari e Caí, são 137 famílias, de dez municípios, que convivem com a exclusão e que são apoiadas. A ideia do projeto, de acordo com Elizangela, também requer bom senso, uma vez que se tratam de cenários de alta complexidade. “Nesse sentido, a intenção é construir para além do caráter tecnicista ou econômico”, finaliza a extensionista.

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