“A habilidade do cirurgião também está em saber quando não operar”

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“A habilidade do cirurgião também está em saber quando não operar”

Neurocirurgião Isaac Bertuol é o 25º entrevistado do quadro

“A habilidade do cirurgião também está em saber quando não operar”
Isaac Bertuol, neurocirurgião (Foto: Pedro Rodrigues).
Lajeado

Natural de Caxias do Sul, Isaac Bertuol sempre soube que sua vocação era para a medicina, especialmente para a neurocirurgia. A inspiração para seguir essa carreira veio de seu avô, que, mesmo sendo serralheiro, sempre dizia que Isaac seria o “médico do Nono”. Essa lembrança de infância foi o primeiro passo de uma trajetória que se consolidaria na área da saúde.

Formado em Medicina pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Bertuol ingressou na residência médica em Neurocirurgia no Hospital Pompéia, em sua cidade natal, e completou a especialização em 2006. Posteriormente, ele se aventurou em uma segunda residência, em Porto Alegre, na área de Endovascular, uma especialidade que trata de patologias cerebrais por meio de cateterismo. Em 2008, Isaac era um dos poucos médicos no Estado especializados nessa área.

Sua escolha pela neurocirurgia foi clara desde o primeiro semestre da faculdade. Segundo ele, a medicina já era um desafio por si só, e a neurocirurgia representava a especialidade mais desafiadora. “Sempre fui movido por desafios, e a neurocirurgia é uma das áreas mais nobres da medicina, pois lida com o cérebro, um dos órgãos mais complexos do corpo humano”, conta Bertuol. Sua formação e seu desejo por desafios o levaram a ser um dos pioneiros na especialização endovascular no Estado.

A vinda para Lajeado foi uma decisão inesperada para o neurocirurgião. Depois de concluir as duas especialidades, Isaac planejava retornar a Caxias do Sul. No entanto, uma oportunidade surgiu em Lajeado, após uma amiga sugerir que ele entrasse em contato com um profissional da área. Em 2010, recebeu o convite para fazer sobreaviso no Hospital Bruno Born e, bem recebido pela equipe, decidiu estabelecer residência na cidade.

Isaac, que inicialmente sentiu frustração por não conseguir atuar em sua cidade natal, hoje se sente agradecido por ter sido levado a Lajeado, que considera uma cidade fantástica. “Foi difícil ter as portas fechadas em um lugar onde eu sonhava atuar, mas Deus me trouxe para um lugar onde posso realmente fazer a diferença”, afirma.

A neurocirurgia, com suas longas cirurgias, que podem durar de 4 a 8 horas, exige preparo físico e mental. Para Bertuol, lidar com a gravidade de alguns casos e o prognóstico ruim, como óbitos ou sequelas, é um dos aspectos mais desafiadores da profissão. “Quando o caso é muito grave, o prognóstico é ruim, isso me deixa muito chateado”, admite o médico.

Em sua prática, ele enfatiza a importância de avaliar cada situação com cautela, utilizando duas ferramentas: a balança e a escada. A balança simboliza a análise de risco e benefício, e a escada a abordagem progressiva de tratamentos, do mais simples ao mais complexo. Para ele, a habilidade do cirurgião não está apenas em saber operar, mas em saber quando não operar, respeitando o paciente e sua família.

Sobre o Bruno Born

Com 15 anos de experiência no Hospital Bruno Born, Isaac Bertuol acompanha a evolução da instituição. Ele destaca as mudanças significativas nas últimas décadas, desde a tecnologia e administração até o cuidado com os pacientes. “O Bruno Born hoje é uma referência em saúde, e a qualidade médica, juntamente com a tecnologia e o atendimento, fazem a diferença”, ressalta.

Além de sua dedicação à neurocirurgia, Isaac encontra alívio para o estresse mental causado pela profissão na prática de esportes, uma atividade que considera essencial para manter o equilíbrio.

“Estou muito contente por estar aqui. Acredito que a medicina vai além da técnica, trata-se também de tratar o paciente como gostaríamos de ser tratados”, conclui. Para Isaac, o maior legado que pode deixar aos pacientes é o respeito e o carinho, características fundamentais no relacionamento médico-paciente.

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