“Declamar é dar vida à palavra, é sentir a alma do verso”

ABRE ASPAS

“Declamar é dar vida à palavra, é sentir a alma do verso”

Conhecida pela dedicação à arte declamatória, Andréa Eloi, 51, carrega mais de 25 anos de trajetória ensinando poesia e colecionando títulos em competições nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Natural de Lajeado, desde a infância, encantada pelo universo dos versos e influenciada pela família, transformou a paixão em legado. Com mais de 300 prêmios conquistados, orienta as novas gerações que buscam se encontrar na poesia

“Declamar é dar vida à palavra, é sentir a alma do verso”
Foto: acervo pessoal

Como teu interesse pela declamação iniciou?

Desde pequena, eu já amava a arte. Aos cinco anos, enquanto fazia balé clássico, entrei no CTG Bento Gonçalves por influência dos meus padrinhos. Meu pai sempre foi um grande incentivador. Minha primeira experiência foi durante o Passeio da Bombacha, na Semana Farroupilha. Participei declamando em várias paradas pelo centro da cidade. Aos poucos, fui ganhando espaço e, logo, vieram os concursos, onde criei amizades que perduram até hoje. Nunca busquei troféus, mas a satisfação de interpretar e sentir cada poema.

Qual apresentação mais te marcou até hoje?

Foram duas: o Enart e o Rodeio Internacional de Vacaria, ambos em 2002. No Enart (Encontro de Artes e Tradição Gaúcha), escolhi poemas que expressavam minha alma, um deles misturava português e espanhol, narrando a trajetória do gaúcho. Já no rodeio de Vacaria, declamei na final para um público que se emocionou profundamente. Meu pai sempre dizia que vencer em Vacaria era a consagração de um declamador, e foi um momento inesquecível.

Qual é o processo de preparação para as apresentações?

Me dedico inteiramente ao poema. Trabalho cada palavra, entendo a história e converso com os poetas. Minha facilidade em decorar me permite focar na interpretação e na emoção. Não planejo gestos, deixo o coração conduzir. Antes de competir estudo profundamente o texto e a vivência que ele carrega.

De qual maneira escolhe os textos que vai declamar?

Prefiro poemas que me tocam, principalmente os românticos e campeiros. No entanto, em festivais, respeitamos o que o poeta nos oferece. Se o texto não me emociona, prefiro deixar para alguém que se identifique mais.

Como você observa a evolução da declamação ao longo dos anos?

Mudou muito. Hoje, muitos buscam fama ou remuneração. Antes, era puro amor à arte. Me inspiro em grandes nomes do passado, como Patrocínio Vaz Ávila, que declamava com alma e deixava o público tocado. Tento transmitir esse sentimento aos meus alunos, para que a poesia seja mais do que palavras, seja vida.

Ainda há objetivos que gostaria de alcançar na declamação?
Conquistei tudo o que sonhei, mas o amor pela poesia me mantém em movimento. Não busco troféus, mas quero continuar inspirando pessoas e ver o brilho nos olhos de quem começa a trilhar esse caminho.

Qual conselho deixa para quem está iniciando na poesia?
Apaixone-se pela poesia. Viva cada verso como parte de você. Não busque reconhecimento, mas a conexão com a palavra e o público. A poesia tem o poder de transformar vidas.

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