Projeto imobiliário dá lugar a ampliação de complexo verde

JARDIM BOTÂNICO

Projeto imobiliário dá lugar a ampliação de complexo verde

Parceria que envolve Imojel, Certel e município teve início há quatro anos, teve a participação do Ministério Público nas tratativas e resultou em iniciativa ambiental voltada a preservação de uma área verde de 4,3 hectares

Projeto imobiliário dá lugar a ampliação de complexo verde
Crédito: Rafael Borghetti
Lajeado

Da possibilidade de execução de um novo loteamento à expansão do maior espaço de preservação permanente de Lajeado. Após muitas tratativas, que envolveram Imojel, governo municipal, câmara de vereadores, Certel e Ministério Público, o Jardim Botânico chega a 32 hectares de área verde e se consolida como um dos maiores do RS.

Negociações iniciadas há quatro anos, mas que remetem também ao começo do século. Em 2000, a Imojel, que já tinha importante atuação no bairro Montanha e arredores, se tornou proprietária do terreno localizado ao lado da extensa área verde. À época, esta cortava a avenida Benjamin Constant, antes da ampliação da via.

Os planos de construir um empreendimento imobiliário e urbanizar a área foram substituídos por uma proposta de preservação, sem comprometer o valor ambiental do local. Assim, chegou-se à parceria público-privada (PPP), anunciada no começo deste ano e oficializada nessa quinta-feira, 5, em cerimônia promovida ao lado da área a ser anexada pelo Jardim Botânico.

Diretor da Imojel, Paulo Pohl detalha o processo. “Quando começamos a projetar a utilização da área, percebemos o quão importante era para o meio ambiente. Tentamos diversas formas de preservação. A parceria com a Certel foi decisiva para transformarmos o que seria um projeto imobiliário em um grande projeto ambiental”, pontua.

Reequilíbrio ambiental

Pohl, durante a cerimônia de oficialização da parceria, fez questão de exaltar a presença e o papel do promotor de Justiça, Sérgio Diefenbach, nas tratativas para formalizar a doação dos 4,3 hectares ao Jardim Botânico. “Ele é um dos grandes mentores deste projeto”.

Diefenbach abriu um expediente, há quatro anos, para averiguar os impactos decorrentes de um loteamento na área. Foi aí que, entre muitas conversas, se costurou a parceria para dar uma destinação voltada a preservação ambiental.

“Estamos coroando uma etapa de um expediente instaurado há quatro anos, debatendo questões de proteção ambiental dessa área. Há a obrigação legal de fazer a preservação de todo aspecto ambiental, ainda mais num momento em que o planeta está em fase de desequilíbrio. E Lajeado corre o risco de entrar em desequilíbrio ambiental também, alertou.

Por isso, o promotor saudou a parceria e acredita que a destinação ao Jardim Botânico foi a melhor saída possível. “Ter esse espaço, em tempos de desequilíbrio ambiental, é um ganho enorme. É possível conviver com o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Há espaço de diálogo entre ambos”.


Crédito: Aldo Lopes

Tempo e diálogo

No âmbito do município, duas palavras-chave foram essenciais no processo de maturação da parceria: tempo e diálogo. Tempo, pois as negociações já haviam iniciado há anos. Diálogo, porque se buscou uma convergência entre as partes envolvidas para que se chegasse à melhor proposta para o coletivo.

“Estar aqui hoje representa uma volta no tempo. Grandes feitos em Lajeado tem essa característica. Do fator tempo e do fator diálogo. Isso faz com que o desfecho seja muito melhor para a comunidade”, destaca o prefeito Marcelo Caumo, ao lembrar do tempo de tramitação da proposta inicial, de loteamento.

Segundo Caumo, nas origens, aquela área fazia parte de toda essa vegetação nativa que hoje abrange o Jardim Botânico. Agora, voltam a integrar o mesmo complexo verde. “Surgiu a oportunidade dessa triangulação, que viabiliza a aquisição de uma área muito importante a ser agregada ao Jardim. Por outro lado, a Certel consegue uma área para construir seu centro administrativo”, pontua.

Presidente da câmara de vereadores, Lorival Silveira (PP) lembrou do papel do legislativo ao aprovar, por unanimidade, a troca de terrenos e citou o legado que fica para Lajeado. “Num momento onde o mundo está preocupado com meio ambiente, a preservação sempre é interessante. Ganha a população. É algo que fica para a eternidade”, reforça.

Estar aqui hoje representa uma volta no tempo. Grandes feitos em Lajeado tem essa característica. Do fator tempo e do fator diálogo. Isso faz com que o desfecho seja muito melhor para a comunidade”

Marcelo Caumo, prefeito de Lajeado

 

É um momento histórico, onde se unem lideranças e enxergam que o meio ambiente pode ganhar com ações inteligentes”

Erineo Hennemann, presidente da Certel

Investimento futuro

Outra parte importante na negociação, a Certel também comemora a parceria. Além de contribuir para a preservação de um importante espaço, ganha uma área para construir sua nova sede administrativa, que acompanha o crescimento da atuação da cooperativa na cidade.

“É um momento histórico, onde se unem lideranças e enxergam que o meio ambiente pode ganhar com ações inteligentes”, destacou o presidente da cooperativa, Erineo Hennemann, que também deu detalhes sobre como será o novo empreendimento na cidade.

“Vamos construir um centro de operações em Lajeado, para oportunizar aos nossos associados melhora no atendimento operacional. Estamos muito felizes com a iniciativa e também com esse investimento”. Hoje, só em Lajeado, são mais de 20 mil associados.

 

Quando começamos a projetar a utilização da área, percebemos o quão importante era para o meio ambiente. Tentamos diversas formas de preservação. A parceria com a Certel foi decisiva para transformarmos o que seria um projeto imobiliário em um grande projeto ambiental”

Paulo Pohl, diretor da Imojel

 

Estamos coroando uma etapa de um expediente instaurado há quatro anos, debatendo questões de proteção ambiental dessa área. Há a obrigação legal de fazer a preservação de todo aspecto ambiental, ainda mais num momento em que o planeta está em fase de desequilíbrio”

Sérgio Diefenbach, promotr de Justiça

 


 

ENTENDA A NEGOCIAÇÃO

– Há cerca de quatro anos, a Imojel projetava a construção de um novo empreendimento imobiliário nas proximidades do Jardim Botânico. A área pertencia à construtora desde 2000, mas não poderia ser utilizada para loteamentos;

– Para dar uma destinação diferenciada ao local, Imojel e município buscaram a parceria da Certel para avançar no projeto ambiental. O Ministério Público também participou das tratativas e teve papel importante;

– No começo do ano, a Imojel confirmou a destinação dos 4,3 hectares para o município visando a ampliação em 25% do Jardim Botânico. Em contrapartida, cedeu um terreno no bairro Montanha à construtora;

– A partir disso, Imojel e Certel fizeram uma troca de terrenos, que possibilita à cooperativa a construção de uma sede administrativa em Lajeado, visando qualificar o atendimento na cidade e municípios do entorno.

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