Você nasceu em Rivera, mas assume uma missão importante em Lajeado, qual é ela?
A minha função em Lajeado é criar novo hábitos de consumo e ensinar aos consumidores que moda circular é o futuro. Isso começou na infância. Desde criança, tudo o que desenhava acabava se configurando em roupas.
A sustentabilidade surgiu a partir do momento em que comecei a criar e me dei conta de como é interessante. Mais tarde, quando entrei na faculdade, fiz meu trabalho de conclusão de curso sobre reciclagem em processo químico o que me abriu as portas. Me deleitei com esse tipo de criatividade. Percebi que juntar peças de tecido para criar outras roupas me fez me sentir completa.
Qual a relação da sua faculdade com a sustentabilidade?
Fiz Designer de Moda na Univates. A faculdade me abriu a mente e a partir dela, entendi como a gente desperdiça no mundo da moda. A produção fabril é a segunda mais poluente do mundo, perdendo apenas para o petróleo. A mídia nos faz consumir a “moda rápida”. Precisamos repensar os hábitos de consumo, porque todas as peças de roupas vão para aterros. Não existe ir para o lixo e não temos um planeta B para morar.
As mulheres consomem mais?
A mulher consome mais moda rápida sim. A economia busca que a moda seja acelerada para que as mulheres renovem as peças. Assim, criam o desejo por novos produtos. Os homens consomem menos moda porque compram peças para reposição, enquanto a ala feminina adquire para ter variedade no guarda-roupa. Minha intenção é desacelerar a moda.
Como as mulheres veem o hábito de comprar em brechó?
A gente usa o termo bazar porque queremos quebrar o preconceito com a palavra “brechó”. Existe um estigma de que as peças destes locais podem não ser adequadas. Mas aqui na Da Vez, temos produtos de alto padrão.
Estamos trabalhando como formiguinhas para fazer a sociedade entender que bazares são uma opção inteligente. Acredito que o preconceito está sendo derrubado. Neste ano, cada vez mais presentes vem com a marca da moda circular e estamos conquistando também o público masculino.
Existe um projeto novo de moda para o Vale?
Em 2025, vou empreender e abrir um atelier e bazar, dentro do conceito americano de “second hand”. Haverá roupas novas e usadas e objetos de decoração. Quero que as pessoas compreendam que consumir moda sustentável não seja apenas um clichê. Que sintam orgulho de vestir moda circular e que a sustentabilidade seja a nossa ostentação.