Filhos: a mão de obra das colônias
Segundo o historiador Adonis Fauth, os alemães que mais progrediam foram aqueles que desembarcaram da Alemanha no Rio Grande do Sul, com os filhos adultos, prontos para integrar a força de trabalho das famílias. Exemplo disso foi a família Ruschel, que se instalou na Estrela em 1870. Ao adquirir a casa do Menna Barreto, além de explorar as potencialidades do rio Taquari, instalaram um hotel e transformaram o casarão em um espaço que servia como sede administrativa.
Alemães cultivam em Lajeado um esporte com mais de 500 anos
Lajeado e Santa Cruz se destacam no Eisstocksport, um jogo tipicamente germânico que se assemelha à bocha. Em Lajeado, as canchas de Eisstocksport atraem famílias ao Parque Histórico, onde é praticado. Não se trata apenas de sorte, mas exige técnica e habilidade. O parque oferece três pistas para a prática desse esporte, que exige concentração e precisão. O time de Lajeado participa ativamente do Campeonato Gaúcho e, inclusive, já representou o Brasil em competições europeias, demonstrando alto nível técnico. Com mais de 500 anos de história, o Eisstocksport teve origem na Europa, onde era praticado em pistas de gelo. Adaptado ao clima brasileiro, o jogo é disputado em canchas de concreto.
Na época em que os rapazes retiravam para dançar
As danças eram especiais na colônia dos imigrantes. O início do baile era marcante. Na primeira música, alguns casais já saíam dançando. Também dançavam mulher com mulher e moça com moça, cada qual mostrando sua destreza na dança.
O salão de baile, modesto em tamanho, abrigava os músicos num palco elevado, de onde se podia observar todo o ambiente. Mulheres de um lado, homens de outro.
Dois rapazes combinavam e iam juntos para tirar para dançar duas jovens. Eles se aproximavam e batiam palmas diante delas — o gesto simbolizava que elas parassem de dançar com as amigas e continuassem a peça com eles. Era costume que a moça aceitasse ao menos uma ou duas músicas, como forma de gentileza.
O momento especial dos bailes
Nos bailes dos imigrantes, a música tinha um sabor especial. Os músicos, naquela época, não ganhavam dinheiro como hoje. O dono do salão oferecia apenas comida como pagamento. E para entrar no baile, ninguém pagava nada. Mas como os músicos ganhavam a vida então? Era bem simples: eles cobravam dos rapazes que queriam dançar com as moças. Um dos músicos ficava de olho e, quando via um casal na pista, ele ia até o rapaz e pedia uma pequena quantia. Era como se fosse um “ingresso” para cada dança. O rapaz pagava na hora, bem na frente da moça. Para não esquecer de quem já tinha pago, o músico colocava uma fitinha no casaco do rapaz. Era assim que os músicos recebiam seus pagamentos.
Corridas de cavalos: atração irresistível aos domingos
Nas colônias germânicas as corridas de cavalo exerciam grande atração. Os domingos em que aconteciam tais competições eram dias de grande festa porque reuniam muita gente e carreiristas de muitas localidades. Considerando que todos vinham a cavalo, pode-se imaginar o número destes animais. Antes da noite, alguns cavaleiros ainda tinham que se exibir um pouco, antes de voltarem para casa. Montados em seus cavalos bem tratados e bem encilhados mostravam a sua destreza, fazendo subir os seus animais em pinotes e piruetas aos gritos e estalos do relho e chicote. Estas evoluções eram conhecidas pelo termo de “escaramuçar”.
Colônias contavam com bois, mulas e outros animais domésticos
Inicialmente, os imigrantes usavam o cavalo como animal de trabalho, como era o costume na Alemanha. Mas, como havia disponibilidade de bovinos e estes eram mais fortes para atender as necessidades de serviços de puxar as enormes toras, os imigrantes optaram pelo uso destes animais, também, no serviço de aração das terras. Assim, os cavalos ficaram mais restritos ao uso como meios de locomoção e de transporte de pequenas cargas.