Como o jiu-jitsu entrou na sua vida?
Meu filho foi quem me puxou. Ele era faixa marrom e fazia Educação Física. Quando decidiu abrir uma academia, me convidou para participar. Na época, eu tinha 58 anos e era muito sedentário. Já estava naquela fase em que você pensa: “É isso, acabou. Vou me aposentar e ficar em casa”. Estava sedentário, cansado e com a saúde comprometida. Entrei para acompanhar meu filho e, no fundo, porque sabia que precisava mudar.
A decisão de começar foi difícil?
Muito. Começar aos 58 anos é complicado. Só o aquecimento já me destruía. Quando terminava os treinos, os outros ficavam conversando, rindo, brincando e eu só queria ir para casa, sentar no sofá e descansar. No início, parecia impossível. Mas a arte marcial ensina resiliência. Você persiste, passa pelas dificuldades e se adapta. Quando vê, não consegue mais viver sem o esporte.
O que mudou na sua vida nesses seis anos?
Tudo. Antes, eu pensava que a vida de uma pessoa idosa era se aposentar, ficar em casa e esperar o tempo passar. Hoje, eu vejo que isso não precisa ser assim. O esporte me ensinou que você pode prolongar sua vida com qualidade. Não precisa ser um idoso que só reclama e vive de remédios. Você pode ser ativo, saudável e até competitivo. A felicidade não está numa pílula, está no esporte.
E o jiu-jitsu? O que ele representa para você?
É mais do que um esporte. Ele transforma a pessoa física e mentalmente. Você se sente mais preparado para a vida, enfrenta as dificuldades de outra forma. O jiu-jitsu é sobre resiliência: o processo é lento, mas os resultados aparecem. Além disso, é um ambiente de apoio, para se socializar, conhecer pessoas e celebrar a vida. Fiz muitos amigos e me sinto parte de algo maior.
Como foi a preparação para o campeonato mundial?
Esse título era um objetivo. Já tinha participado duas vezes antes: na primeira, fiquei com o bronze; na segunda, com a prata. Este ano, me preparei muito. Um ano de muito treino. Me dediquei ao máximo. E deu certo. Vencer no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, foi uma experiência incrível.
E a saúde, como estava o antes e o agora?
Quando comecei, eu pesava 108 quilos. Achava que caminhada resolveria, mas não fazia diferença. Hoje, estou com 92 quilos. Além disso, meus exames estão excelentes. Fiz uma bateria com mais de checapes, e todos deram ótimos resultados. Não tomo remédios. Minha saúde vem do treino diário e de uma rotina ativa.
Você pratica outras atividades além do jiu-jitsu?
Faço academia duas vezes por semana. Levanto peso, puxo ferro, mas meu foco é o jiu-jitsu. Ele é minha prioridade, o que realmente me motiva e me mantém em movimento.
O que diria para quem está parado, sem fazer atividade e que pensa em mudar de vida?
Eu diria que nunca é tarde. Não importa a idade, você pode começar. Mas é preciso entender que não existe milagre. Não há mágica que substitua o esforço. O esporte é o caminho para a saúde, o bem-estar e a felicidade. Ele te dá disciplina, amigos, apoio e, principalmente, uma nova perspectiva de vida.