Aporte garante verbas com intuito de baratear concessão

INFRAESTRUTURA VIÁRIA

Aporte garante verbas com intuito de baratear concessão

Rodovias estaduais do bloco 2 terão R$ 1,3 bilhão do Funrigs para obras de adaptação antes de repassar à iniciativa privada. Outros R$ 970 milhões serão para recapeamento asfáltico de estradas danificadas pela tragédia de maio

Aporte garante verbas com intuito de baratear concessão
Primeiros passos para a modernização da infraestrutura regional perpassa verbas para rodovias que serão concedidas. Melhorias visam reduzir valor do pedágio. (Foto: FIlipe Faleiro)
Vale do Taquari

Recursos do Fundo de Reconstrução do RS (Funrigs) garantem obras de infraestrutura viária no Vale do Taquari. Parte dos R$ 20 bilhões, dinheiro vindo da suspensão do pagamento da dívida com a União por três anos, servirá para adaptação das rodovias ERS-128, 129, 130 e 453, pertencentes ao bloco 2 do plano de concessões.

A informação foi confirmada pelo governo do RS e publicada no Diário Oficial do Estado. Serão R$ 1,3 bilhão para mais de 410 quilômetros de rodovias, que passam por Casca até o Vale do Taquari, na ligação com Venâncio Aires.

O secretário da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capeluppi, pretende apresentar os estudos de viabilidade técnica e econômica sobre os futuros pedágios no fim deste mês. De acordo com ele, esse aporte visa reduzir a lista de obrigações à futura concessionária, possibilitando equilíbrio entre a tarifa cobrada dos motoristas.

“Tínhamos uma preocupação sobre a modelagem do pacote de concessões. Nossa cobrança era para uma participação do Estado para diminuir o investimento privado”, conta o diretor de infraestrutura da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Nilto Scapin.

Integrante do conselho do fundo de reconstrução, Scapin considera essa autorização importante à modernização das rodovias administradas pelo Estado. “O governo entendeu que precisa recuperar rápido as condições das estradas para colocar o plano de concessões em prática. O entendimento é que o aporte vai aliviar o investimento inicial e proporcionar duplicações estratégicas logo nos primeiros anos de contrato”, realça.

A inundação de maio provocou mudanças nos prazos do governo do Estado para o plano de concessões. Essa revisão atrasou em pelo menos um ano a possibilidade de uma nova administração nas rodovias.

Rio atingiu 34 metros entre Lajeado e Estrela e danificou a ponte da BR-386. Líderes da região protocolaram projeto no Plano Rio Grande para construção de mais ligações entre os municípios. (Foto: Aldo Lopes/Arquivo)

Resiliência climática

Técnicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição responsável pela modelagem do contrato, fizeram adaptações nos estudos, com inclusão de projetos de resiliência climática, diz o secretário Capeluppi.

“O parâmetro das obras mudou. Em fóruns pelo país sobre o tema, o que mais se debate é a inclusão de obras para suportar episódios extremos. Claro que não é para toda a rodovia, mas olhando para os trechos em que houve mais danos”.

No entendimento do secretário, é possível cumprir essas fases e lançar o leilão em 2025. Caso esse prazo seja possível, tendo interesse da iniciativa privada, o contrato poderia ser assinado no segundo semestre. Com isso, a nova empresa poderia assumir os pedágios entre o fim do próximo ano ou início de 2026.

Obras em rodovias do Daer

Outros R$ 970 milhões serão divididos para dez trechos sob gestão do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Neste conjunto, há duas rodovias do Vale do Taquari.

Estão contempladas as ERSs 332 e 129. Na parte alta do Vale, o trecho vai da entrada de Encantado até Soledade. São mais de 90 quilômetros que terão recapeamento asfáltico total, promete o Estado. A outra rodovia com nova pavimentação vai da ligação com a BR-386, entre Lajeado e Estrela, até a ligação com a ERS-130. Ao todo, serão 27 quilômetros de obras.

Ponte sobre o Rio Taquari e anel viário

Na avaliação de Nilto Scapin, tanto as obras preparatórias ao futuro plano de concessões quanto a recuperação das ERSs-332 e 129, são os primeiros passos para a melhoria da infraestrutura viária do Vale do Taquari. “Temos mais necessidades, deixamos isso claro ao governo do Estado e vamos manter o diálogo e a cobrança”, afirma.

As organizações do setor produtivo, do Conselho de Desenvolvimento (Codevat) e das associações políticas municipais (dos prefeitos e vereadores), protocolaram no Funrigs a necessidade de investimentos em pontes sobre o Rio Taquari, para ligação entre Lajeado e Estrela, e de um anel viário entre rodovias estaduais com a BR-386.

“Precisamos deixar claro ao Estado que essa primeira leva de recursos ainda é insuficiente. Estamos reféns de uma ponte sobre o Taquari, em caso de colapso, ficamos ilhados”, argumenta.

Na avaliação de Scapin, as forças da região precisam continuar coesas. “Quando falamos sobre as nossas prioridades, precisamos ser uníssonos. Quanto mais unidos estivermos, mais força teremos para reivindicar essas obras.”

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