Vale reivindica acesso a fundo para custear ponte sobre o Taquari

INFRAESTRUTURA VIÁRIA

Vale reivindica acesso a fundo para custear ponte sobre o Taquari

Com o pagamento da dívida com a União suspenso por três anos, Estado terá cerca de R$ 20 milhões para a reconstrução do RS

Vale reivindica acesso a fundo para custear ponte sobre o Taquari
Pilares foram danificados pela inundação de maio. Concessionária projeta finalizar reforma até o fim do primeiro trimestre de 2025. (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari

Manter a região no centro do debate no Estado e em Brasília como estratégia para garantir acesso a recursos públicos voltados à infraestrutura. Essa é a estratégia dos líderes locais para avançar com o investimento na construção de mais uma ponte sobre o Rio Taquari.

O grupo formado por representantes do setor produtivo, autoridades públicas e do conselho de desenvolvimento (Codevat) protocolaram o pedido no Fundo de Reconstrução do RS (Funrigs).

“Esse é o primeiro passo. Deixar claro ao governo gaúcho que essa é uma prioridade”, ressalta a presidente do Codevat, Cintia Agostini. Após a tragédia de maio, o governo do RS teve o pagamento da dívida com a União suspenso por três anos, com um montante estimado de R$ 20 bilhões.

“Precisamos acessar uma parcela desta verba. A construção de uma nova ponte representa melhorias na segurança e na logística para o Vale e ao estado como um todo”, adverte a presidente.

Dentro do fundo, um dos conselheiros é o empresário e diretor de infraestrutura da Câmara da Indústria e Comércio (CIC-VT), Nilto Scapin. “Participamos de reuniões e apresentamos ao secretário Pedro Capeluppi (Reconstrução Gaúcha) o nosso pedido. Tem dinheiro do Estado, tem dinheiro da União. Então temos de ficar em cima, reivindicar o que é legítimo e justo.”

Os danos após a enxurrada de maio comprometeram os pilares da estrutura sobre o Rio Taquari entre Lajeado e Estrela, na BR-386. Na visão dos representantes locais, a falta de alternativas na ligação entre as cidades fragiliza a logística de todo o RS.

Como houve comprometimento dos pilares, a CCR ViaSul, responsável pela rodovia federal, trabalha na reforma da ponte.

O prazo previsto vai até o primeiro trimestre de 2025. Enquanto isso, muitos transtornos. Com poucas rotas alternativas, Estradas vicinais em Estrela, Colinas, Imigrante registram aumento de fluxo e danos nas passagens devido ao excesso de peso.

Pela BR-386 passa cerca de 70% do Produto Interno Bruto gaúcho. No trecho da 4ª delegacia da Polícia Rodoviária Federal, que abrange Tio Hugo até Tabaí, a estimativa é que transitem uma média de 20 a 25 mil veículos por dia.

Falta de representatividade

“Precisamos manter toda a região unida. Todas as entidades e os governos municipais de um mesmo lado, na defesa de projetos estruturantes, como é o caso da nova ponte”, realça o presidente da CIC-VT, Angelo Fontana.

Na avaliação dele, essa interlocução permanente com o centro do poder faz com que as dificuldades enfrentadas pelo Vale estejam na pauta do Piratini. “Temos de falar no mesmo tom pelas melhorias na nossa infraestrutura, manter uma agenda voltada à coletividade. Do contrário, seremos esquecidos”.

Para o diretor de infraestrutura da CIC-VT, Nilto Scapin, a estratégia é manter o diálogo de maneira uníssona com o Executivo Gaúcho e conquistar o apoio de outras regiões, devido à BR-386 ser uma rota fundamental ao transporte das produções.

Neste sentido, a pressão para acessar recursos do Funrigs também tenta preencher a lacuna da falta de representatividade na assembleia legislativa e na câmara federal. “Não temos nenhum deputado vinculado ao Vale do Taquari. Por isso, temos que estar trabalhando juntos com todas as organizações da região.”

O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte do RS (Setcergs), Diego Tomasi, coloca a construção de uma nova ponte sobre o Rio Taquari como uma necessidade de curto prazo.

“Estamos pagando o preço da estagnação e a enchente de maio cobrou um preço. Sempre alertamos sobre a necessidade de uma outra alternativa, porém esperamos pois não parecia urgente. Agora, mais do que nunca, precisamos avançar e construir novas pontes.”

Anel viário: meta de médio a longo prazo

Conforme a presidente do Codevat, Cintia Agostini, em paralelo à reivindicação pela nova ponte, o grupo regional também solicita a instalação de um anel viário, ligando estradas do RS com a rodovia federal.

“Ainda que pareçam andar juntas, o anel viário teria outra fonte de recursos. Não estaria dentro do Funrigs. Então, essa é uma demanda que corre ao lado, mas, ao que parece, será necessário mais tempo”, destaca.

O primeiro passo é conseguir o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (Evetea). Para tanto, essa determinação precisa partir do governo federal, por meio do Ministério dos Transportes.

Parte de uma decisão política, diz Cintia, em que é determinado ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) a elaboração do documento. Esse trâmite costuma ocorrer com a contratação de uma empresa para fazer Evetea. “Nos informaram que o orçamento, a cota, para estudos neste ano já foi encaminhada, e que seria pouco provável adicionar o anel viário no Vale do Taquari”, diz a presidente do Codevat.

Conforme informações do Dnit, entre os estudos garantidos para 2024 está a Viabilidade para a Duplicação da BR-101: Trecho entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, também para modernização de ferrovias (em especial da malha sul) e a construção de pontes em áreas críticas determinadas pelo departamento. Neste ano, o orçamento para estudos desta natureza foi estimado em R$ 1,5 bilhão. Para 2025, a perspectiva é que seja R$ 300 milhões superior a esse montante.

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