“Faço sapatos de pau para manter e preservar a cultura”

ABRE ASPAS

“Faço sapatos de pau para manter e preservar a cultura”

Tradição westfaliana, o sapato de pau é um símbolo do município. Embora em número menor do que no passado, o calçado permanece sendo confeccionado e ajuda a manter a cultura viva. Hugo Pott, 68, é o responsável pelo trabalho. Ele começou há cerca de seis anos, após participar de um concurso, e segue sendo referência em Westfália

“Faço sapatos de pau para manter e preservar a cultura”
Foto: Mateus Souza

Quando você começou a confeccionar o sapato de pau?

O senhor Aldo Brune, que fazia o sapato de pau em Westfália faleceu na década passada e, durante uns dois, três anos, ninguém queria fazer. É um símbolo do município. Então, o grupo de danças, que precisava do item para fazer as apresentações, lançaram concurso em conjunto com a prefeitura para ver quem se interessava e eu participei.

Mas essa é uma tradição que tem ligação com a sua família, certo?

Sim, eu faço parte do grupo Amigos do Sapato de Pau e a confecção está um pouco no sangue, pois o antigo fabricante era primo do meu pai. Nossa atividade principal sempre foi a agricultura, mas ele fazia também serviços de marceneiro. Então, em 2018 [quando foi lançado o concurso] eu me inscrevi e acabei selecionado.

Por que você se inscreveu para o concurso?

Eu tenho minha atividade, mas faço para manter e preservar a cultura [do sapato de pau]. O que confeccionava antes estava na função desde jovem, era uma tradição dele. O neto dele tinha aprendido também, mas trabalhava em banco e não tinha como assumir. Ele fez umas oficinas de instruções para interessados.

Como é a produção? Muito trabalhosa?

Bastante. É demorado. Tem que manter o produto na água antes de iniciar o serviço. São várias etapas que devem ser cumpridas, como escolher a madeira, lixar, pintar. Isso leva um tempo.

E qual é sua média de produção?

Já fiz cerca de 110 pares. Tem um modelo menor, de lembrancinhas, que faço 60 por ano. Agora, estou fazendo uma nova remessa, de 27 pares que estão em produção. Comecei há dois meses e tenho alguns ainda na água, outros no acabamento.

Qual a importância de manter essa tradição viva?

É muito importante que alguém dê continuidade ao trabalho. É uma gratidão enorme fazer esse serviço para recordar as tradições que os nossos antepassados trouxeram para Westfália. Mas como o grupo é pequeno, é preciso bastante empenho para fazer. Enquanto tiver condições, me disponho a continuar, adaptando algumas situações para facilitar e não ficar só no serviço braçal, que é cansativo. Ainda mais para mim, que estou próximo dos 70 anos.

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