““Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?!”” Castro Alves
Utopia, é um livro de 1516 escrito por Thomas Morus (1478-1535). Escrito originalmente em latim, foi sua principal obra literária. O nome se originou da composição dos termos gregos “ou” (advérbio de negação), “tópos, ou” (lugar) e “ía” (qualidade, estado). Portanto, refere-se a um “não lugar”, um lugar inexistente. Foi esse o modo irônico como o pensador batizou sua sociedade “perfeita”.
A partir dessa obra, a palavra “utopia” tornou-se sinônimo de uma sociedade ideal, embora de existência impossível, ou por outro lado, uma ideia generosa, porém, impraticável.
Já a distopia é caracterizada pela filosofi a e pela literatura como uma sociedade imaginária controlada de forma opressiva pelo Estado ou por outros meios extremos, de maneira que as condições de vida dos indivíduos se tornam insustentáveis. Muito comum na ficção literária ou cinematográfica, a distopia é geralmente associada ao futuro.
Os 2 melhores livros de distopia são as obras-primas “1984” de George Orwell e “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley e elas são radicalmente e assustadoramente diferentes na sua abordagem do totalitarismo:
“O que Orwell temia eram aqueles que proibiam livros. O que Huxley temia era que não houvesse razão para proibir livros, pois não haveria ninguém interessado em ler um. Orwell temia que nos privassem de informação. Huxley temia que nos dessem tanta informação que seríamos reduzidos a uma passividade egoísta.
Orwell temia que a verdade fosse oculta de nós. Huxley temia que a verdade fosse afogada em um mar de irrelevância.”
Dias atrás publiquei o último parágrafo em um grupo de escritores e recebi uma sagaz resposta do escritor e amigo João Paulo da Fontoura, residente em Taquari:
“Distopia é o contrário de utopia.
Um mundo utópico seria um mundo todo certinho, quadradinho, tudo justo e acordado.
Eu fora de viver num mundo assim, utópico!
Entre os dois pensamentos, sou Orwell integralmente. Quero mais e mais livros, quanto mais melhor, o discernimento e arbítrio sobre os que são bons e os que pregam o mal é meu, meu, sempre meu. A decisão do ministro Dino mandando eliminar alguns livros me remete a 1938 e as fogueiras de livros dos nazistas.
Livros,
Livros,
Livros à mão cheia,
Que faz o povo pensar!”
O final da resposta do João Paulo me alegra ainda mais pois do alto do seu conhecimento enciclopédico ele faz um intertexto com o genial poeta de vida curta e trágica Castro Alves:
“Oh! Bendito o que semeia
Livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo n’alma
É germe – que faz a palma,
É chuva – que faz o mar! “