Quem trafega pela RSC-287, quase no entroncamento com a BR-386, percebe a movimentação crescente de máquinas e trabalhadores. A retirada de vegetação, limpeza de terrenos e escavação indica o avanço das intervenções para possibilitar a construção de uma nova pista na rodovia, importante corredor logístico do RS.
Iniciada em outubro desde ano, a duplicação da rodovia é uma das obras mais aguardadas no RS. O trecho urbano de Tabaí, entre os quilômetros 30 e 31, concentra parte desses trabalhos, enquanto outra equipe atua no perímetro de Santa Cruz do Sul, entre os trevos do Gaúcho Diesel e do Fritz e Frida.
A projeção do Grupo Sacyr, vencedor do leilão da 287 há três anos, é de investir R$ 3,6 bilhões para duplicar todos 204 quilômetros entre Tabaí e Santa Maria. O pacote de investimentos da concessão prevê ainda viadutos, rotatórias, passarelas, novas pontes e faixas laterais.
Pelo Vale, além de Tabaí, a rodovia cruza os municípios de Venâncio Aires, Bom Retiro do Sul e Taquari. A tendência é de que este trecho, em direção a Santa Cruz, Vera Cruz e Candelária, esteja totalmente duplicado até 2030, quando se completam nove anos de concessão.
Afetado pela enchente do rio Taquari, o trecho de Vila Mariante, em Venâncio Aires, deve receber as obras somente em 2025, após conclusão e aprovação do projeto de reconstrução. Havia a possibilidade de que a obra fosse antecipada, mas o planejamento inicial foi mantido.
Alternativa importante
Para o Vale do Taquari, ter mais uma rodovia duplicada representa um importante acréscimo na infraestrutura logística regional. Se soma à duplicação da BR-386, cujo trecho entre Estrela e Tabaí foi executado na década passada, e o de Lajeado a Marques de Souza está na reta final, com parte da pista ampliada já liberada para o tráfego de veículos.
O vice-presidente de transportes do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul (Setcergs), Diego Tomasi, defende a importância da 287 como um eixo de ligação de toda a região Central até Porto Alegre.
“Tem uma grande movimentação de caminhões e também de veículos de passeio, e que por muitos anos foi uma rodovia muito perigosa por ser de pista simples e ter o acostamento deteriorado. A antiga concessão havia sido muito mal feita, pois não previa essas grandes obras de infraestrutura”, recorda.
Entre 1998 e 2013, a rodovia foi administrada pela Santa Cruz Rodovias, em concessão costurada no governo de Antônio Brito. Porém, o plano não previa obras de grande porte na estrada. “Agora, com essa nova concessão, esperamos que as intervenções aconteçam dentro de uma velocidade razoável, pois é muito importante para a logística do RS que ela seja duplicada”, frisa Tomasi.
Expectativa
Em Tabaí, o início das obras gera expectativa na comunidade. O município de pouco mais de 4 mil habitantes já conta com o trecho urbano da BR-386 duplicado. Agora, uma nova janela de oportunidades se abre com a duplicação da RSC-287, na avaliação do prefeito eleito, Anderson Vargas.
Conforme o futuro gestor, ter duas rodovias com a capacidade ampliada, além de melhorar a segurança de motoristas e pedestres, também amplia as possibilidades de desenvolvimento do município.
“Precisamos nos valer tanto da 287 quanto da 386 para atrair novas empresas e indústrias, que possam gerar mais empregos e trazer retorno em ICMS. Vamos trabalhar para divulgar esses espaços que temos às margens das rodovias”, salienta Vargas, mencionando a proximidade com a região metropolitana como um diferencial.