MP sugere prazo de 30 dias para prefeito decidir sobre aditivo

SERVIÇOS DA CORSAN/AEGEA

MP sugere prazo de 30 dias para prefeito decidir sobre aditivo

Comunidade lota salão do Ministério Público de Lajeado durante audiência pública. Diretores da companhia apresentam negociações com o município e Fórum das Entidades mantém posição contrária à prorrogação do vínculo por mais 40 anos

MP sugere prazo de 30 dias para prefeito decidir sobre aditivo
Audiência na tarde de ontem durou mais de três horas. População mostrou descontentamento com histórico da Corsan Bonecos Marcelo Caumo Prefeito de Lajeado João Pedro Togni Promotor de Justiça. (Foto: Filipe Faleiro)
Lajeado

O futuro do abastecimento de água e do tratamento de esgoto em Lajeado foi tema de audiência pública na tarde de ontem. Organizado pelo Ministério Público (MP), o encontro ocorreu no salão da promotoria. Os espaços ficaram lotados, mais de 70 pessoas acompanharam a discussão, que durou mais de três horas.

Para o promotor de Justiça, João Pedro Togni, a presença do público é uma amostra do quão necessário é aprofundar o conhecimento social sobre o saneamento básico, em especial no que tange o abastecimento de água e tratamento de esgoto.

O tema central do encontro foi a prorrogação ou não do contrato com a Corsan/Aegea para atender o marco regulatório. “Nosso propósito foi de levar o máximo de informações à comunidade. Acredito que conseguimos aproximar o diálogo e sanar a maioria das dúvidas”.

Ao fim da audiência, o representante do MP sugeriu o prazo de 30 dias para o prefeito Marcelo Caumo decidir sobre o contrato com a Corsan. “É suficiente para darmos uma resposta. Consideramos a proposta positiva para a cidade. Chegamos em um momento que tanto o município quanto a Corsan/Aegea querem resolver”, diz o prefeito.

No caso do aditivo ser assinado, a Corsan/Aegea atuará como única prestadora de serviços de abastecimento e saneamento básico, eliminando a necessidade de associações de água.

Em cima disso, o MP expressa preocupação com o ressarcimento de prestadores de serviços, solicitando a inclusão de uma cláusula no contrato que mencione eventuais indenizações e prazos de pagamento.

Investimento de R$ 290 milhões

O diretor de Relações Institucionais da Aegea Saneamento e Participações, Cesar Faccioli, destaca que as equipes técnicas fizeram o diagnóstico e tem um plano para cumprir com a meta do tratamento de esgoto.

Na negociação, três aspectos se sobressaem: abastecimento de água, tratamento de esgoto e a outorga (pagamento ao município para exploração do serviço). Entre ofertas e cobranças, Faccioli ressalta que as metas são possíveis de atender. “Temos um investimento previsto para sair de menos de 1% do tratamento de esgoto para 90% em cinco anos.”

De acordo com ele, o contrato atual não estabelece as metas de atendimento tanto na água quanto no esgoto. “O modelo anterior era contrato de programa. Para conseguirmos cumprir os investimentos sem onerar a tarifa, é preciso mudar para um acordo de concessão”, ressalta.

Lajeado teria três modelos para tratamento de esgoto. Com a coleta absoluta, mista (associada a rede pluvial), além da coleta e transporte direto das fossas em locais distantes. Dos 38 municípios do Vale, 14 revisaram o contrato e estabeleceram novos cronogramas com a Corsan/Aegea.

“Política do medo”, diz empresário

Integrante do Fórum das Entidades e diretor de Infraestrutura da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), o empresário Nilto Scapin, considera que a pressão pela assinatura do aditivo como única alternativa para o município é um erro. “Temos de cuidar de quais informações são levadas ao público. A empresa coloca medo nos gestores, assustam a comunidade. Não podemos decidir com medo.”

Assim como as demais instituições partícipes do fórum, Scapin destaca que as condições de exploração dos serviços de água e esgoto partem de tarifas elevadas. “Com uma licitação, o município terá o poder de estabelecer as metas e objetivos do contrato.”

Para o grupo, o formato de concessão encaminhado para os próximos 40 anos de serviços é negativo para o município. Pelos estudos, há mais vantagens em termos de preço da tarifa, serviços e outorga (retorno de investimento aos cofres públicos) com uma concorrência pública.

A atual prestadora de serviços, a Corsan/Aegea, tem contrato vigente até 2032. Para Scapin, o melhor caminho seria o rompimento do contrato. “Falam em indenização de R$ 300 milhões para a Corsan. Mas quanto a companhia teria de pagar ao município por não ter cumprido suas obrigações?”, questiona.

O Fórum das Entidades entregou uma nota ao Ministério Público, às autoridades e à comunidade. No texto, ressalta que o propósito da organização é alertar para a oportunidade de garantir um contrato com tarifas mais baixas e que garanta sustentabilidade à futura concessionária.

Termos do contrato atual

Esgoto

  • Atingir 90% dos efluentes domésticos tratados até 2028. Cinco anos antes do previsto no marco regulatório.
  • Por meio de três formatos: absoluto (com ligação direta em rede exclusiva de esgoto da casa até a estação); misto (com uso da rede pluvial, também sendo levada até a central de tratamento); e por meio da limpeza periódica da fossa doméstica (Corsan fazendo a coleta).
  • Cobrança só começa em janeiro de 2029, inclusive com a suspensão da taxa paga pelos moradores do bairro Moinhos.

Água

  • Autorizar o uso de poços artesianos onde há sociedades de água e rede administrada pelo município.
  • Nas localidades atendidas pelo município, a comunidade terá dois anos para seguir com a tarifa cobrada pelo poder público.
  • Corsan/Aegea será a responsável por negociar com as sociedades de água.

Outorga

  • Investimento estimado em R$ 290 milhões.
  • Indenização pelas redes do município estimada em R$ 10 milhões.
  • Outorga por economias atingidas estimada em R$ 20 milhões.
  • Com isso, o município receberia com a assinatura do aditivo algo em torno dos R$ 30 milhões.

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