Demora para liberar crédito ameaça safra de verão

Agricultura familiar

Demora para liberar crédito ameaça safra de verão

Medidas do governo federal para socorrer produtores atingidos pelas inundações chega a conta-gotas, diz Fetag. Governo federal avalia ampliar Fundo Social para reforçar linhas de crédito do BNDES

Demora para liberar crédito ameaça safra de verão
No Vale do Taquari, são mais de 40 mil laudos de perdas para acessar o seguro agrícola. Estimativa é que pelo menos 45% das áreas produtivas foram degradadas após as três inundações de setembro, novembro e maio. (Foto: Gabriel Santos)
Vale do Taquari

Os descontos, a anistia das dívidas e o acesso a financiamentos prometidos pelo governo federal demoram a chegar e aumentam o sofrimento das famílias campesinas. É o que afirma a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (Fetag). Como forma de elevar a pressão sobre o poder público, os representantes chamam a atenção para o risco do RS ter uma redução significativa na safra de verão.

“Participamos de uma série de reuniões e audiências públicas em Brasília. Buscamos apoio dos deputados para solucionar os problemas dos agricultores. É preciso destravar as linhas de crédito”, afirma o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva.

A partir das reivindicações, o governo federal avalia o pedido de mais um aporte financeiro para o Fundo Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Parlamentares, representantes dos produtores e o próprio Ministério da Agricultura solicitam mais R$ 10 milhões para a linha de capital de giro destinada a produtores, cooperativas, cerealistas e revendas de insumos afetados pelas enchentes.

De acordo com o subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, a demanda adicional existente é de R$ 5 bilhões. Já parlamentares da bancada gaúcha destacam o endividamento do setor e pedem o dobro.

Financiamentos de R$ 3,7 bilhões

A coordenadora estadual de Mulheres da Fetag, Lérida Pavanelo, participou de audiência da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados nesta semana. Segundo ela, a situação é dramática, em especial para famílias que tiveram perdas acima de 60% das propriedades. “Os processos de compensação e financiamento demoram demais.”

Até o momento, foram liberados cerca de R$ 3,7 bilhões em financiamentos para capital de giro para produtores e empresas gaúchas. Foram R$ 412 milhões contratados em outubro e R$ 3,3 bilhões no início de novembro, conforme informações do Departamento de Modelagem do BNDES. Conforme o órgão, a demanda suplementar informada pelos bancos credenciados é de R$ 3 bilhões.

Para a Fetag-RS, existe a necessidade de mais alinhamento entre as leis e a liberação de recursos suficientes para que as linhas de crédito do BNDES realmente funcionem. Caso contrário, muitos agricultores podem ficar sem financiamento e sem condições de plantar a safra de verão, o que pode prejudicar a produção de alimentos no país.

Barreiras para o acesso ao crédito

Conforme Lérida Pavanelo, há limitações que dificultam o acesso aos créditos e o fundo é insuficiente. “Seriam necessários em torno de R$ 25 bilhões, pois o problema é ainda maior porque muitos agricultores não conseguem acessar os recursos por não terem garantias suficientes para oferecer aos bancos”, afirma.

Para a representante dos agricultores, o Fundo Garantidor criado para facilitar o acesso ao crédito não dá conta. “Na prática não é cumprido como o prometido. Os agricultores familiares estão sem ter a quem recorrer. Por isso, não conseguem crédito para a próxima safra.”

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