Quatro anos após não conseguir a reeleição, Donald Trump voltará a comandar a nação mais poderosa do mundo. Em eleição presidencial acirrada nos Estados Unidos, o candidato do Partido Republicano obteve a maioria dos votos dos 538 delegados e derrotou Kamala Harris, atual vice e representante do Partido Democrata.
Trump também teve maior apoio popular e obteve mais de 71 milhões de votos, conforme a contagem mais recente, enquanto Kamala somou 66,6 milhões. Em 2016, quando se elegeu pela primeira vez, havia perdido no voto popular para Hillary Clinton, mas conseguiu a vitória por conquistar mais votos de delegados.
Considerado um dos eventos políticos mais importantes do mundo, a eleição norte-americana foi assunto nos quatro cantos do planeta e teve grande atenção da mídia internacional. E também foi acompanhada com expectativa pelo Brasil, tanto no aspecto econômico quanto no político.
Conservador “de carteirinha”, Trump teve como grandes bandeiras no pleito deste ano a retomada de políticas migratórias mais restritivas e um plano econômico focado no corte de impostos e aumento de tarifas para produtos importados.
O primeiro pronunciamento após a vitória deu a tônica de como será o novo mandato de Trump, que afirmou receber “um mandato poderoso e sem precedentes” e prometeu a retomada “da era de ouro da América”.
Reflexo no Brasil
Com posições antagônicas às do novo mandatário dos Estados Unidos, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, parabenizou Trump pela vitória em uma rede social. Na publicação, disse que a democracia “é a voz do povo” e “sempre deve ser respeitada”, e pregou diálogo com o gestor norte-americano.
Dias antes, Lula havia, na mesma rede social, declarado apoio a Kamala Harris e teceu críticas a Trump. Na avaliação de especialistas, há dúvidas sobre como será o tratamento entre os dois chefes de estado e também a relação entre os países.
Para o professor da Univates e doutor em história, Mateus Dalmáz, qualquer tipo de distúrbio que ocorra numa relação entre os dois países seria muito mais proveniente de Trump do que de Lula, e acredita que pode haver um tratamento “de indiferença” do norte-americano, o que não mudaria caso o brasileiro se mantivesse neutro na disputa presidencial.
“Para o Brasil, é interessante manter relação próxima com o Hemisfério Norte, por mais que tenha proximidade também com o Sul global. Mas Trump tem uma postura unilateral e nacionalista. Representa um perfil mais à direita do Partido Republicano, que quer fortalecer o papel de superpotência dos Estados Unidos. Para ele, não é interessante que haja engajamento climático e fortalecimento de blocos em que Rússia e China fazem parte”.
Disputa em 2026
Dalmáz considera “cedo” falar sobre impactos da eleição de Trump na sucessão de Lula em 2026. O presidente eleito dos Estados Unidos conta com grande simpatia do grupo político ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que tenta reverter a inelegibilidade para se candidatar daqui dois anos, ou viabilizar um nome forte para enfrentar o petista.
“O Bolsonaro parabenizou o Trump antes do Lula. O bolsonarismo copiou muita coisa do fenômeno do trumpismo, incluindo retóricas e algumas práticas. A vitória do Trump significa uma referência sobre como esse campo político pode proceder para ter mais poder em 2026”, analisa.