Futuro do porto passa por discussão regional, diz prefeita eleita de Estrela

INFRAESTRUTURA

Futuro do porto passa por discussão regional, diz prefeita eleita de Estrela

Carine Schwingel defende integração entre setores produtivos, agentes públicos locais e especialistas para formar projeto sobre o complexo portuário

Futuro do porto passa por discussão regional, diz prefeita eleita de Estrela
Vale do Taquari

As marcas da tragédia de maio estão no pátio do Porto de Estrela passados mais de seis meses. As inundações destruíram máquinas, galpões, depósitos e a sede da E-Log, empresa pública de logística criada para administrar o complexo e o aeródromo depois da municipalização dos terrenos.

Além disso, os episódios extremos comprovaram um temor histórico: a cota atual da área portuária desaconselha investimentos e a instalação de empresas. Para a prefeita eleita, Carine Schwingel, qualquer decisão precisa ser debatida entre todos os setores da sociedade regional.

“Vamos propor esse debate, pois precisamos sair do conceito e ir para a prática. As empresas precisam perceber o porto como um meio de uso. Não é o setor público que vai determinar”, diz.

Neste aspecto, Carine realça: “o porto não é de Estrela, é da região. Queremos reunir as entidades empresariais, os prefeitos, as autoridades do Estado e do governo federal. E, assim, vermos qual o caminho e quais os mecanismos de uso possível para o espaço.”

Carine Schwingel reforça que futuro do porto precisa ser debatido com a comunidade

A destruição das estruturas interferiram sobre os planos para retomada dos modais hidroviário e ferroviário. A permissão para uso das áreas pela iniciativa privada também passa por revisão. Pavilhões, salas administrativas, toda a fiação elétrica e hidráulica foram destruídas. O que resistiu foram os silos para estocagem de insumos agropecuários, tanto que a empresa Nutritec voltou a operar no local.

Limpeza da área e reformas

Nos pontos onde estavam as balanças, galpões e na sede da E-Log, ainda há muitos escombros. Conforme a administração municipal, não há previsão para retirada dos materiais e limpeza do terreno. Alguns trabalhos para remoção de ferros e materiais contaminantes foram feitos à pedido da vigilância sanitária, diz a presidente da E-Log, Elaine Strehl.

Foi encaminhado à Defesa Civil nacional um pedido de recursos emergenciais para algumas reformas pontuais na área onde estão as repartições públicas e onde ocorriam as feiras, como a Estrela Multifeira e a Feira de Ciências Regional.

A volta das operações, para funcionamento do complexo como no projeto de entreposto de recebimento e distribuição, é pouco provável. O uso da área, estima Elaine, será para concessão para um tipo específico de empresa, que possa se deslocar com mais facilidade caso seja necessário, como uma distribuidora ou transportadora, acredita. “Teria de ser uma organização capaz de retirar os materiais com facilidade”, ressalta.

O Porto de Estrela ocupa uma área de 50 hectares. A municipalização do terreno começou de maneira temporária em 2017, como uma forma de dar autonomia ao governo local para projetos para uso da propriedade. Em abril de 2024, foi concedida a licença integral para gestão do município.

E-Log deve virar departamento

A prefeita eleita, Carine Schwingel, pretende reavaliar a estrutura da E-Log. A proposta da nova administração é reduzir as despesas, que, segundo ela, não se justificam mais nas condições atuais. “Quando foi criada, existia fundamentação. Agora, temos de rediscutir, repensar e reavaliar todo o processo.”

Sobre a E-Log, a ideia é transformar a empresa pública em um departamento dentro da pasta de Desenvolvimento Econômico.

O complexo portuário multimodal de Estrela foi inaugurado em 15 de outubro de 1977

Administração e Uso

  • 1977-2014: Administrado pela Companhia Docas, do Governo Federal.
  • A partir de 2014: Passa a ser administrado pela Superintendência de Portos e Hidrovias do estado do Rio Grande do Sul.
    O complexo é municipalizado em agosto de 2020

Período de Apogeu

Décadas de 1980 e 1990: O porto vive seu auge, sendo um importante entroncamento rodo-hidro-ferroviário, facilitando o transporte de mercadorias diversas, desde insumos para produção de alimentos até fumo para a exportação.

Declínio

  • Início dos anos 2000: Redução gradual das operações ferroviárias e hidroviárias devido à falta de investimentos e manutenção.
  • 2014: Fim das operações ferroviárias no porto.
  • 2015: Interrupção das operações hidroviárias, marcando o início do declínio acentuado do porto.

Ruína

  • Maio de 2024: O complexo portuário sofre uma inundação devastadora, resultando em danos significativos à infraestrutura e interrompendo os projetos para retomada.
  • Pós-Inundação: A recuperação do porto enfrenta desafios, com a necessidade de investimentos substanciais para restaurar a capacidade operacional.

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