Iniciadas no fim de setembro, as obras para recuperação da ponte sobre o Rio Taquari, entre Lajeado e Estrela, entrarão na etapa mais complexa entre o fim de novembro e começo de dezembro. É o que projeta a CCR ViaSul, que, por enquanto, mantém para seis meses o prazo de conclusão dos trabalhos na estrutura, danificada pela enchente histórica de maio.
Em entrevista ao programa Frente e Verso, o gerente de operações da CCR ViaSul, Paulo Linck, e o coordenador de engenharia, Gabriel Cunha, detalharam o andamento das obras e os próximos passos. Segundo eles, está sendo feito o reforço estrutural na parte dos pilares da ponte. Depois, a reestruturação começa a tomar forma.
“Isso deve iniciar no fim de novembro, começo de dezembro e se estender pelos próximos dois meses. Vamos entrar na parte mais pesada das obras. Estaremos com equipamentos maiores, entrando no reforço da fundação, que será feito com um conjunto de estacas raízes. Vamos levar elas até o topo da superfície e fazer a consolidação com o bloco existente”, projeta Cunha.
Segundo o coordenador de engenharia, o problema que levou à interdição da ponte foi justamente nas fundações. Na semana pós-cheia, quando as primeiras avaliações da estrutura foram feitas pela concessionária, já haviam sido identificados danos. “Continuando com as investigações, verificamos problemas significativos de maior monta nas fundações. São tubulões antigos da época da obra [de construção da ponte]”.
A partir dessa reanálise e de novas avaliações, foi apontada a necessidade da interrupção do fluxo de veículos no local, medida que pegou a comunidade regional de surpresa. “Só a recuperação feita anteriormente não atingiria o efeito desejado e não daria estabilidade à obra. Então tivemos que ampliar os trabalhos, trazendo equipe especializada”.
Prazo mantido
Por ora, segue o prazo de seis meses para finalização dos trabalhos. Linck, no entanto, não descarta que possam ocorrer liberações parciais, à medida em que a reforma avançar e passar por novas avaliações. “É um prazo coerente com o tamanho da obra e magnitude dela. Seguimos esse cronograma e trabalhamos com afinco para, quem sabe, reduzi-lo”, afirma.
Com todos os estudos e testes de carga realizados, segundo Cunha, atualmente não há a possibilidade de liberação parcial de uma faixa, como já foi cogitado no início. “Vamos trabalhar de forma a estruturar a ponte. E, aí sim, continuando os estudos, faremos uma nova avaliação. Quem sabe numa recuperação em alto nível, pode ser pensada uma liberação”.
Multa a Lajeado
Sobre a multa aplicada pelo Ibama ao município de Lajeado por conta da obra de recomposição do asfalto na Bento Rosa, Linck ressalta que a concessionária tem obrigações legais pautadas no contrato de concessão e lembra que o problema não foi com a obra em si.
“O município não ficou impedido de fazer. Tem requisitos que deveriam ser cumpridos, e o entrave se deu nesse ponto, com a empresa contratada pelo município, que deveria cumprir com requisitos de segurança pela equipe que atuaria no local”, comenta Linck, que diz ter tomado conhecimento da multa pela imprensa.
A multa do Ibama ao município é de R$ 500 mil. O órgão federal aponta que houve crime ambiental. O governo de Lajeado vai recorrer e considera a punição improcedente, pois estava em estado de calamidade.
Entenda a obra
- Será necessário realizar o reforço das fundações que dão sustentação à ponte. Para isso, equipe especializada em trabalho offshore (dentro de embarcações no rio) fará a execução de novas estacas consolidando-as com o bloco de fundação existente.
- Esse bloco será ampliado para receber os esforços advindos do tabuleiro da ponte e transferi-los para as novas fundações executadas. Para este trabalho serão necessários balsas de apoio, perfuratrizes e equipe de mergulhadores especializados.
- Outra equipe continuará trabalhando nos serviços de recuperação dos pilares, já em andamento, ampliando a sessão original do pilar utilizando andaimes e plataforma de acesso para trabalho sobre o rio.