Mais de seis meses após a tragédia climática que atingiu o estado, problemas logísticos persistem no Vale. As enchentes deixaram pelo menos seis pontes destruídas ou danificadas nas principais estradas da região, que ainda não foram recuperadas. Como consequência, desvios, lentidão no trânsito e dificuldade de acesso entre a parte alta e baixa do Vale.
Por outro lado, obras estão em andamento, com a promessa de serem concluídas nos próximos meses. Diante da espera, a comunidade também se mobiliza para diminuir problemas nas estradas.
Parte das obras são custeadas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), como é o caso da ponte sobre a ERS-130, entre Lajeado e Arroio do Meio, além de recursos do governo federal, vindos para a reconstrução das pontes em Canudos do Vale, Forquetinha, e para a nova Ponte de Ferro, que será construída ao lado da atual.
Outros projetos ainda são financiados pelas comunidades e municípios, como a Associação Amigos de Marques de Souza e Travesseiro, que financia a nova ponte para ligar os dois municípios. Expectativa é que algumas dessas estruturas sejam finalizadas ainda este ano.
Marques de Souza e Travesseiro
O governo federal anunciou um investimento de cerca de R$ 4,7 milhões para a reconstrução da ponte. O município de Travesseiro enviou um plano de trabalho para o governo federal, mas a liberação dos recursos depende de análises e tramitação de projetos. Enquanto isso, outra iniciativa liderada pela Associação Amigos de Marques de Souza e Travesseiro trata da construção de uma ponte baixa. A obra é orçada em R$ 2,5 milhões. O recurso é proveniente de arrecadações, sendo uma delas do Sicredi, com R$ 1 milhão, R$ 1,2 milhão do Programa Reconstrói RS, e o restante de doação de pessoas físicas e jurídicas.
Canudos do – Vale – área central
A primeira parcela dos recursos foi depositada. O valor chega a quase R$ 1 milhão, equivalente a 30% do total da obra, orçada em R$ 3,2 milhões, liberados por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. No fim de outubro, ocorreu o içamento das vigas para a nova ponte, que permite reunificar a cidade. A estrutura terá dimensões de cerca de 7,2 metros de largura e 70 metros de extensão, com duas pistas e passarela. A antiga ponte localizada entre as ruas José Paulo Kobber e João José Briesch, foi arrancada pela enchente no início de maio. Atualmente a passagem de veículos é feita por uma estiva e de pedestres pela pinguela.
Forquetinha – Bauereck
O projeto enviado para o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional foi aprovado e a empresa para executar a obra foi contratada por meio de processo licitatório. O valor a ser aplicado é de R$ 3,9 milhões. Após assinatura do contrato, no início de outubro, a empresa tem cinco meses para concluir o trabalho.
A estrutura foi inaugurada em 1975, sendo uma das principais ligações entre a ERS-424 às comunidades de Jammerthal, Picada Hermann, Marques de Souza e moradores do outro lado da margem do arroio, além da Sociedade XV de Novembro. Agora, o acesso para a área central da cidade deve ser feito pela ponte baixa, localizada em Vila Haas.
Muçum – Brochado da Rocha
As obras seguem. Há perspectiva de finalização entre dezembro e janeiro, a depender do ritmo de execução, questões climáticas, entre outros fatores. A parte rodoviária da estrutura, que também serve para a passagem de trens, foi destruída na cheia de setembro de 2023. Para a recuperação, são colocadas vigas, feita a instalação das treliças, a colocação das vigas sobre a estrutura e a instalação das lajes. A empresa Traçado, responsável pela execução da obra, está projetando o início de colocação das vigas para a segunda quinzena de novembro. A obra é orçada em R$ 9,6 milhões, com verba do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Arroio do Meio – ERS-130
Obra é de responsabilidade da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) que, juntamente com a empresa Engedal, finalizou no dia 25 de outubro, a etapa dos estaqueamentos fora do leito do Rio Forqueta. Ao todo, foram colocadas 60 estacas do tipo cravadas para dar sustentação aos pilares de construção da nova ponte. As estacas foram instaladas em quatro locais situados fora do eixo do rio para formar os blocos da fundação. As equipes ainda fazem perfurações para a colocação das estruturas que serão compostas dentro do fluxo do rio. Ao todo, serão colocadas 48 estacas do tipo raiz em três pontos distintos. Com as fundações concluídas, inicia-se a colocação dos blocos de fundação.
No parque fabril, os trabalhadores avançam na produção das vigas e das lajes que serão utilizadas na construção: 16 estruturas de 28 metros já estão prontas e outras estão sendo preparadas pelos funcionários. A nova ponte está sendo construída com 172 metros de extensão – 51 metros maior e cinco metros acima da antiga – , além de contar com duas faixas no pavimento principal e espaço para travessia de pedestres e ciclistas. O custo está estimado em R$ 14 milhões, financiado com recursos do ingresso da cobrança do pedágio da EGR.
Lajeado e Arroio do Meio – nova Ponte de Ferro
Foram liberados R$ 10,5 milhões do governo federal para a construção. A nova ponte será construída ao lado da Ponte de Ferro, estrutura que, apesar da importância histórica, não permite a passagem de veículos pesados. A nova construção, com duas vias e composta por concreto, terá 120 metros de comprimento, 9,3 metros de largura e será três metros mais alta que a atual, prevenindo futuros danos causados por enchentes. A prefeitura de Lajeado foi responsável pelo processo de licitação e encaminhamento das documentações necessárias ao governo federal para a liberação do recurso.
Pontes foram danificadas ou destruídas com as cheias de setembro de 2023 e maio deste ano. Para agilizar recuperação, comunidade e empresas encontraram soluções provisórios. A Ponte de Ferro no local de origem, reconstruída pela Construtora Lyall, foi uma das poucas travessias recuperadas até o momento.