O mercado de trabalho tem enfrentado desafios crescentes no que diz respeito à formação e retenção de mão de obra qualificada, especialmente nas indústrias. Para o gerente de Operações do Senai Vale do Taquari, Jerry Hibner, a combinação de fatores como o envelhecimento da população, a escassez de profissionais jovens e as exigências das novas tecnologias tem dificultado o acesso das empresas a uma força de trabalho capaz de atender às suas necessidades.
“É um desafio complexo. A força de trabalho está diminuindo, não apenas pelo envelhecimento da população, mas também pela falta de profissionais jovens que entram no mercado. Estima-se que, até 2030, um em cada seis adultos terá mais de 65 anos, o que agrava ainda mais essa questão”, observa.
O cenário do Vale do Taquari e de outras regiões industriais do Brasil revela uma disparidade crescente entre a demanda das empresas por profissionais qualificados e a oferta no mercado de trabalho. Hibner explica que as tecnologias emergentes também são um obstáculo. “As empresas precisam constantemente atualizar seus parques industriais, o que exige uma mão de obra com alta capacitação tecnológica.”
Outro ponto destacado pelo gerente do Senai é o perfil da nova geração de trabalhadores. “Na minha época, a pessoa se comprometia a fazer carreira na empresa, ficava por anos, mas hoje os jovens estão mais focados nos seus próprios sonhos. Isso dificulta o planejamento das indústrias em termos de continuidade de mão de obra.”
Além disso, “faltam pessoas que tenham desde o nível básico de conhecimento quanto profissionais para desenvolver atividades técnicas mais aprofundadas. Temos várias possibilidades de soluções, mas não é simples, é um planejamento muito maior. As empresas vão precisar investir muito na modernização tecnológica dos seus parques.”
Embora o cenário seja desafiador, Hibner aponta que existem algumas boas práticas que têm mostrado bons resultados, como as parcerias entre empresas e instituições de ensino. Programas de formação contínua dentro das próprias indústrias, aliados à educação formal, têm sido eficazes para qualificar a mão de obra local.
“O principal desafio é atrair o jovem para as vagas, mas a retenção é ainda mais difícil. É preciso valorizar quem tem vontade de aprender e investir na capacitação contínua”, afirma. Segundo ele, muitas empresas da região estão com mais de 150 vagas abertas, mas a dificuldade em atrair e reter jovens é um obstáculo constante. Além disso, a remuneração salarial continua sendo um dos fatores mais citados pela falta de interesse dos candidatos.
Projetos Senai para 2025
Para atender à crescente demanda por mão de obra qualificada, o Senai Vale do Taquari tem oferecido cursos de qualificação e capacitação através do programa Qualifica Indústria, com carga horária de 160 a 180 horas, em horários noturnos, sem custo para os alunos e com turmas cheias. Hibner considera esse programa uma alternativa de grande êxito, mas reconhece que o maior desafio continua sendo o engajamento dos jovens.
“Cada vez que oferecemos um novo programa de qualificação, aprendemos lições valiosas para melhorar o atendimento e a formação. Porém, a falta de interesse, especialmente entre os mais jovens, ainda é um grande obstáculo”, aponta.
Para 2025, o Senai projeta uma ampliação significativa na formação de alunos para o nível técnico, focando em áreas essenciais para a infraestrutura tecnológica que as empresas da região estão adquirindo. Além disso, a escola está investindo na melhora de sua infraestrutura, incluindo novos laboratórios para simulações práticas.
Uma das novidades para o próximo ano será a disponibilização de 12 bolsas integrais para cursos técnicos. As inscrições para o processo seletivo já estão abertas e podem ser feitas até o dia 20 de novembro.
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