Eleição imprevisível coloca os EUA no centro das atenções

REPERCUSSÃO INTERNACIONAL

Eleição imprevisível coloca os EUA no centro das atenções

Empatados tecnicamente nos estados considerados mais importantes, Kamala Harris e Donald Trump representam partidos com rivalidade histórica. Gaúcho especialista em marketing político acompanha o pleito in loco

Eleição imprevisível coloca os EUA no centro das atenções
Kamala e Trump: disputa entre democratas e republicanos pela presidência dos EUA. (fotos: divulgação)

Os olhos e as atenções do planeta se voltam, nesta semana, para a nação mais poderosa do mundo. A eleição presidencial dos Estados Unidos da América, momento de grande repercussão internacional, tem visibilidade ainda maior neste ano pelo cenário acirrado e imprevisível, polarizado entre dois candidatos.

Na chamada “super terça-feira”, milhões de norte-americanos escolherão o presidente para os próximos quatro anos. Pelo Partido Democrata, concorre a atual vice Kamala Harris, após a desistência do atual mandatário, Joe Biden. Pelo Partido Republicano, o ex-presidente Donald Trump tenta retornar ao cargo que ocupou entre 2017 e 2020.

As últimas pesquisas reforçam a tendência de uma disputa sem favorito. Em todos os estados-chave, considerados cruciais para a definição do novo presidente, Kamala e Trump estão tecnicamente empatados. Nestes locais, não há uma preferência histórica dos cidadãos por democratas ou republicanos, diferente do que ocorre em outras regiões do país.

O voto nos Estados Unidos é facultativo. Os mais de 160 milhões de eleitores registrados não são obrigados a irem às urnas. A estimativa é de que mais de 70 milhões já tenham votado de forma antecipada. No entanto, são os 270 votos do chamado Colégio Eleitoral que irão decidir o pleito.

Esse grupo é formado pelo conjunto de 538 delegados que são nomeados para representar cada um dos 50 estados norte-americanos, além do Distrito de Colúmbia. Ou seja, pode ocorrer do candidato mais votado não ser o novo presidente. Em 2016, Trump recebeu menos votos da população do que a adversária, Hillary Clinton, mas se elegeu após conquistar 306 delegados.

Campanha digital

A eleição dos Estados Unidos também atrai o olhar dos profissionais de marketing político de diversos países. Estratégias adotadas por partidos e candidatos são costumeiramente replicadas mundo afora.

Especialista em marketing político, o publicitário gaúcho Tiago Brum é um dos vários profissionais brasileiros que estão no país para acompanhar o pleito. Ele integra o Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (Camp) e vivencia uma eleição norte-americana pela segunda vez. Em 2012, acompanhou in loco a reeleição de Barack Obama.

A primeira grande diferença da eleição norte-americana para a brasileira, segundo Brum, é a questão visual. “Não se vê campanha padronizada de rua, é muito pouco. A não ser por voluntários. O que tem aqui é algo muito escrachado, sarcástico. Eles batem [nos adversários] com humor, mas batem forte. São coisas pesadas”, salienta.

Como o voto é facultativo, Brum salienta também a importância da campanha para convencer as pessoas a irem às urnas. “Vemos muito comercial pago de TV, redes sociais e um CRM violentíssimo. É tudo monetizado. E tem muitos adereços para venda, de todos os jeitos”.

 

Semelhanças com o Brasil

Apesar das diferenças evidentes, o cenário de polarização, para Brum, encontra semelhanças com o contexto político vivido pelo Brasil. O profissional esteve em um comício de Trump e enxerga narrativa semelhante à adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em suas campanhas.

“Foi uma hora e meia de discurso basicamente chamando a Kamala de comunista e burra, com essas palavras, além de dizer que os democratas permitiram a invasão aos Estados Unidos, na questão das fronteiras, e que controlam a mídia, as pesquisas e que as urnas são fraudadas”.

Por outro lado, a campanha de Kamala tem apostado na presença de artistas, algo que, segundo Brum, apareceu também no Brasil, com a eleição de Lula em 2022. “Está prevista a presença da Oprah, da Lady Gaga, do Ricky Martin, entre outros. E o que os democratas dizem? Não podemos perder a liberdade, que Trump é um tirano, uma ameaça à democracia e nutre ódio à diversidade”.


Entenda como funciona o processo eleitoral nos EUA:

  • Ao todo, são mais de 160 milhões de norte-americanos aptos ao voto, que é facultativo no país. No entanto, são os 538 delegados que compõem o colégio eleitoral que decidirão a eleição;
  • O número de delegados é proporcional ao tamanho da população em cada estado. A Califórnia lidera em número de delegados, 54, seguida por Texas (40), Flórida (30) e Nova York (28);
  • Todos os estados, com exceção de Maine e Nebraska, usam o sistema de eleição de delegados conhecido como “o vencedor leva tudo”. Ou seja, o candidato mais votado nessa região leva os votos de todos os delegados;
  • Sete estados são alvos preferenciais das campanhas, com potencial de definir o pleito: Arizona, Carolina do Norte, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin;
  • Em alguns estados, há a possibilidade do voto antecipado, mecanismo adotado sob a justificativa de evitar longas filas no dia das eleições. Neste caso, o eleitor pode mandar seu voto pelos Correios, por exemplo;
  • Algumas regiões do país tem urnas eletrônicas. A maior parte da população, porém, vota em cédulas de papel. Com isso, a contagem dos votos costuma ser lenta e a apuração pode levar dias para ser concluída.

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