O impasse entre Lajeado, Corsan/Aegea e o Fórum das Entidades não é político, é inteiramente técnico e jurídico. E o movimento do grupo de associações lajeadenses em questionar o eminente acordo é muito importante e louvável.
O governo de Lajeado negocia com a Corsan/Aegea um aditivo ao contrato sobre o fornecimento de água e tratamento de esgoto. O Fórum das Entidades não aprova os termos e teme mais um período de poucos investimentos na estrutura do município.
O diretor da Aegea, Fabiano Dallazen, classifica como “equivocados” os argumentos dos líderes de Lajeado. O gestor acena com o contrato válido até 2033 e avisa que um rompimento acarretaria em uma indenização de R$ 200 milhões aos cofres públicos. Por sua vez, o Fórum das Entidades discorda e se vale do mesmo contrato para questionar benfeitorias não feitas no município.
Entramos aqui numa barreira que só se supera, na prática, com um cálculo que considere o tempo de contrato a ser cumprido e os investimentos consolidados.
Não se vislumbra muitas saídas ao governo a não ser assinar o tal aditivo e assegurar o fornecimento de água durante os próximos anos. Agora, todo e qualquer movimento pelo Fórum das Entidades é compreensível, legítimo e necessário pela relevância do tema e impacto imediato para todos de Lajeado. A decisão será sempre do gestor público. Mas as entidades precisam ser ouvidas.
Um indeciso Eduardo Leite
Domingo das eleições, este colunista indaga o governador Eduardo Leite da seguinte forma enquanto ele se dirigia ao local de votação em Pelotas: “Daqui a dois anos o senhor voltará aqui votar como candidato?”. Para quem conhece jornalismo, há a resposta e o que se entende dela, as entrelinhas.
Leite respondeu em tom de indefinição, disse que o momento é de buscar a reconstrução do Rio Grande do Sul. O tom de voz, o olhar e a firmeza não são os mesmos do que na oportunidade em que ele delegou o cargo ao vice, o Delegado Ranolfo para disputar dentro do partido o espaço para concorrer à presidência.
Sem possibilidade de nova candidatura ao governo estadual, Leite pode e, acredito que assim será, ficar fora do próximo pleito enquanto candidato. Até mesmo em Pelotas, Leite não conseguiu emplacar seu candidato, Fernando Estima, para o segundo turno. Aliás, ela tem tudo para integrar o governo estadual e, provavelmente, na área de educação.
Contextualizando:
- Em Lajeado, caso o vereador Luis Benoitt seja escolhido (e aceite) integrar o secretariado de Gláucia Schumacher, o primeiro suplente do partido é Professor Ramatis, que somou 579 votos, 14 a mais do que Jair Hemming, que recebeu 564 votos e ficou na segunda suplência do partido.
Sobre Benoit, a especulação é que ele possa assumir a secretaria do Meio Ambiente ou até de Obras. - O Estado retoma em novembro o debate sobre o modelo de concessões de rodovias, aquela discussão mesmo que gerou polêmica no ano passado, antes das enchentes. Os prefeitos e demais líderes do Vale precisam se organizar quanto a isso. Na outra oportunidade, o governo articulou de forma paralela com cada microrregião, de forma habilidosa. É uma oportunidade para a mobilização regional se fazer valer.
- Quem final de ano vive o prefeito de Encantado, Jonas Calvi. Reeleito com uma vitória esmagadora, prestes da cidade que ele comanda inaugurar o complexo do Cristo Protetor, o Boulevard e outros projetos. E tem o reforço que ele tanto enfatizou na campanha, um vice-prefeito. Baixinho Orsolin do MDB será este “braço direito” de Calvi no governo de 2025-2028 nos holofotes e nos bastidores.