Comunidades celebram 200 anos da presença luterana na região

DIA DA REFORMA

Comunidades celebram 200 anos da presença luterana na região

Feriado religioso, esta quinta-feira, 31, marca o movimento reformatório de Martinho Lutero em relação à Igreja. Vale ainda vive heranças da religião na fé, na cultura e nas escolas

Comunidades celebram 200 anos da presença luterana na região
Uma das celebrações que marcam o feriado religioso ocorre na Igreja de Cristo, em Lajeado. (Foto: Bibiana Faleiro)
Vale do Taquari

Celebrado pelos luteranos nesta quinta-feira, 31, o Dia da Reforma Protestante marca a data em que o monge Martinho Lutero pregou as suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha. Feriado religioso para algumas cidades do Vale do Taquari, as comunidades também celebram os 200 anos da presença luterana no Brasil. Para comemorar essa passagem, ocorre, na manhã de hoje, às 9h, um culto ecumênico na Igreja de Cristo, em Lajeado.

As celebrações continuam no dia 26 de novembro, às 19h, com a palestra do pastor e professor Dr. Martin Dreher, e no dia 8 de dezembro, às 19h, com programação de Natal.

Pastor da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana na cidade, Henrique Arnold destaca que a data envolve todo o movimento reformatório que ocorreu no século XVI, que teve como um dos líderes Martinho Lutero. Mas afirma terem havido tentativas anteriores de fazer uma reforma dentro da cultura e da teologia da Igreja da época.

“O dia 31 é marcante, porque Lutero foi ousado, ele fixa as 95 teses, que apresentam muitas críticas aos modelo de Igreja do seu tempo”, afirma o pastor.

Com o passar do tempo, príncipes e outras autoridades começaram a achar interessantes as ideias de Lutero, e o movimento reformatório se espalhou, junto com a religião.

A Igreja Luterana começou a se inserir também em outras partes do mundo, com movimentos migratórios, e chegou ao Brasil junto aos imigrantes de origem alemã. No país, ela está presente em todo o território, dividida em 18 regiões. “A lembrança da história nos faz ter gratidão por aqueles que vieram para este país com novas perspectivas e trouxeram consigo a fé, a Bíblia, o catecismo”.

Respeito e resistência

Também pastor da comunidade, Mauro Alves afirma que apesar do movimento reformatório ter prosperado, Lutero sofreu muita perseguição. Ele conta que o religioso teve a experiência de redescobrir a palavra de Deus. “Até então, a sociedade da época vivia mais com medo de Deus do que tinha gratidão e amor à Ele. Essa redescoberta mexeu com a vida de Lutero a ponto dele começar a questionar algumas coisas dentro da Igreja”.

Hoje, a relação entre a Igreja Luterana, Católica, entre outras religiões cristãs, é pacífica.

“Existem movimentos históricos, distanciamentos, aproximações, mas a busca entre as igrejas cristãs sempre deve ser pela unidade, pela paz, reconhecendo suas diferenças, mas fazendo sempre essa aproximação”.

Marcas no Vale

Pastor Sinodal do Vale do Taquari, Luis Henrique Sievers participa das celebrações religiosas da região neste feriado, e destaca as contribuições das comunidades luteranas para o desenvolvimento da região.

A presença do luteranismo no país iniciou com a vinda dos imigrantes alemães, que trouxeram, na bagagem, a fé. Sievers reforça que as comunidades saíram da Europa em busca de novas condições de vida, para fugir da pobreza. Uma vez em terras brasileiras, tiveram que abrir picadas e construir suas próprias comunidades. “Diante de todos esses desafios e dificuldades, a fé os fortaleceu e é, ainda hoje, uma herança dessa imigração”.

O pastor conta que as primeiras instituições construídas das terras colonizadas eram as igrejas e as escolas. Por isso, a educação também está entre os legados dos luteranos na região.

“A Reforma enfatizou a importância da escola na formação do povo e dos cristãos. Uma boa leitura e interpretação da Bíblia faz parte do jeito luterano de ser cristão”. Lutero também defendia a educação para todos, incluindo as meninas, que até então eram proibidas de estudar. Hoje, escolas da região contam essa história, em cidades como Lajeado, Estrela, Teutônia, entre outras.

Em 200 anos de presença luterana no país e na região, Sievers reforça a importância de preservar a história para que o presente e o futuro façam sentido.

O pastor ainda comenta sobre novos movimentos da Igreja para incentivar a maior participação da comunidade na fé. No dia 16 de outubro, em Brasília, foram aprovadas as metas missionárias para 2025 a 2030. Entre elas, está fortalecer a vitalidade comunitária e o crescimento integral da Igreja, além de fortalecer a incidência do testemunho público nas instituições.

Celebração ecumênica

  • Data: 31 de outubro
  • Horário: 9h
  • Local: Igreja de Cristo, em Lajeado

A Reforma

Início: A Reforma Protestante começou em 1517 com Martinho Lutero, que fixou as “95 Teses” na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha, protestando contra práticas da Igreja Católica, como a venda de indulgências.

Ideais: A Reforma defendia o retorno aos ensinamentos bíblicos, com princípios como a “Sola Scriptura” (a Bíblia como única autoridade) e a “Sola Fide” (salvação pela fé, não pelas obras).
Consequências: A Reforma levou à divisão do Cristianismo ocidental em catolicismo e protestantismo. Surgiram diversas denominações protestantes, como o luteranismo, o calvinismo e o anglicanismo.

Impacto: Houve conflitos religiosos e políticos, e o poder da Igreja Católica foi enfraquecido na Europa. A Reforma também estimulou a educação e a tradução da Bíblia para outros idiomas, permitindo maior acesso ao conhecimento religioso.

No Brasil: O luteranismo influenciou o desenvolvimento social e cultural nas comunidades alemãs no país. Se consolidou, principalmente, nas regiões sul e sudeste. Hoje, está presente em todo o país, com a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) sendo uma das principais instituições luteranas no território.

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