Nome: Sabrina Marques Wolf
Idade: 32 anos
Qual a sua profissão: Engenheira Florestal
Por que você escolheu cursar Engenharia Florestal? A minha escolha pela Engenharia Florestal foi algo bem natural, pois venho de uma família que sempre trabalhou com plantio e corte de árvores.
Quem foi o precursor na sua família? Meu avô paterno se chamava Mário Nicolau Wolf e tinha um Horto Florestal na cidade de Cruz Alta-RS. Nas décadas de 1960 e 1970 ele decidiu fazer mudas de Eucalipto. Como ele não tinha muito recurso financeiro, levou meu pai e meus tios em um lixão que tinha em Cruz Alta e separou sacos de leite descartados para usar como saquinho para as mudas. Ele coletava as sementes de árvores nativasnos pátios das casas e nos matos. Vendia as mudas das árvores para os moradores de Cruz Alta e região. Vendia até Pinheiro-alemão (Cunninghamia lanceolata (Lamb.) Hook.) na época de Natal, mas o carro-chefe do horto eram as mudas de Eucalipto (Eucalyptus sp.). Naquela época, meu avô conseguiu importar sementes da Austrália. Ele fazia até teste de germinação.
Como a segunda geração da família seguiu o trabalho do seu avô? Quando estavam adultos, meu pai e meus tios trabalhavam plantando as mudas nas propriedades e depois fazendo o corte da madeira. Depois que meu avô morreu, em 1995, o horto foi vendido. Meu pai foi trabalhar em Barra do Ribeiro-RS, onde plantou 90 hectares de Acácia-negra (Acacia mearnsii De Wild.). A venda do cavaco para biomassa e da madeira para fazer carvão sustentou a minha família.
Como você descobriu a Engenharia Florestal? Enquanto cursava o Ensino Médio, em 2008, fiz o curso técnico em Celulose e Papel na cidade de Guaíba-RS. Na época, esse curso era oferecido de forma gratuita pelo Colégio Gomes Jardim em parceria com a empresa Aracruz (hoje CMPC Brasil). Na hora de escolher o próximo passo dos estudos, li em um jornal a descrição do curso de Engenharia Florestal e essa profissão se apresentou perfeita para mim. Então, em 2009, fiz o vestibular na Universidade Federal de Santa Maria e entrei no curso. Me formei no ano de 2014. Hoje trabalho no que eu gosto. Amo muito minha profissão.
Quais as áreas que você já atuou? Em 2015, meu primeiro trabalho foi como líder de equipe no Inventário Florestal Nacional (IFN). O projeto foi coordenado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e consistiu na coleta de dados diretamente nas florestas naturais e plantadas de todo o Brasil. As equipes saiam a campo e realizavam a medição das árvores, a coleta de amostras botânicas e de solo e entrevistavam os moradores para descobrir qual a perspectivas desses sobre a importância das árvores. Eu trabalhei no sul do Rio Grande do Sul.
Em qual área você trabalha atualmente? Após sair do Inventário Florestal Nacional, ingressei em 2015 na Prefeitura de Lajeado, onde estou até hoje. Trabalho majoritariamente com arborização urbana, por meio do licenciamento florestal de árvores existentes na área pública e do plantio da Reposição Florestal Obrigatória. Componho a equipe do Programa Lajeado Mais Verde que foi implantado no ano de 2017 com objetivo de promover e incentivar a arborização urbana responsável e que até hoje plantou mais de 3 mil mudas. Também componho a equipe do Inventário da Arborização Urbana (IAU) de Lajeado que busca descobrir a quantidade de árvores que existem nas áreas públicas do município, conhecer qualitativamente a arborização e identificar situações conflitantes com o meio.
Além do trabalho na Administração Municipal de Lajeado, você tem outras atividades? Também atuo de forma voluntária em diferentes associações de classe e no conselho profissional, ocupando atualmente os cargos de presidente da Associação Gaúcha de Engenheiros Florestais (AGEF), de 2ª secretário da Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais (SBEF) e de inspetorsecretário da Inspetoria de Lajeado do CREA/RS.
Quais áreas da Engenharia Florestal você considera promissoras? A Engenharia Florestal é um ramo da engenharia ligada às ciências rurais e possui seis grandes áreas de atuação, sendo elas: Manejo Florestal, Silvicultura, Tecnologia de Produtos Florestais (madeireiros e não madeireiros), Mensuração Florestal, Sensoriamento Remoto e Gestão Ambiental. Todas essas áreas são promissoras, pois o Brasil é um país essencialmente florestal. Somos o segundo país com maior área florestal do mundo, com quase 5 milhões de km² de cobertura, perdendo apenas para a Rússia.
Quais as principais atividades do engenheiro florestal? O Engenheiro Florestal pode atuar tanto na produção econômica como na preservação dos recursos naturais, como solo, água, vegetação e fauna. Na atuação na indústria, pode trabalhar como consultor nos setores ligados aos produtos de madeira, como madeireiras e serrarias, empresas do setor de celulose, papel e compensados, instituições ligadas ao mercado de carbono, entre outras. Na área de conservação ambiental, pode atuar em unidades de conservação, na educação ambiental, na elaboração de relatórios de impactos ambientais, na arborização urbana e no paisagismo e na recuperação de áreas degradadas.
Diante das enchentes ocorridas em 2023 e 2024, como o engenheiro florestal pode contribuir? Acabamos de vivenciar umas das maiores enchentes no Rio Grande do Sul que causou uma catástrofe social e ambiental. Além de contribuir com a retomada econômica do Estado por meio da cadeia produtiva de florestas plantadas, podemos elaborar projetos técnicos e avaliativos das áreas afetadas, de projetos de restauração ambiental e da participação no planejamento de ações preventivas. A realização de serviços topográficos, geoprocessamento e georreferenciamentos com a utilização de tecnologias também são atribuições do Engenheiro Florestal, havendo significativa demanda nestas áreas.
Como os engenheiros florestais podem fazer a diferença no meio ambiente e na sociedade? Eu acredito que através da busca por uma boa formação técnica dentro da universidade e da atuação ética e comprometida no mercado de trabalho. O profissional que deseja ingressar no mercado precisa desenvolver habilidades como boa comunicação oral e escrita, resolução de problemas, proatividade, liderança e trabalho em equipe, vivências diversas, saber utilizar tecnologia e softwares de análise de dados, inclusive planilhas, dominar a estatística florestal básica e elaborar e gerir projetos.