A força das ideias

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

A força das ideias

Não tomem quartéis, tomem escolas e universidades; não ataquem blindados, ataquem ideias gerando dúvidas, e propondo um diálogo permanente, nunca apresentando certezas, mas devem estar preparados
para preencher as dúvidas antes que a consciência individual o faça; não assaltem bancos, assaltem redações de jornais; não se mostrem violentos, mas pacifistas e vítimas da ‘direita’” (…) “A conquista do poder cultural é prévia à do poder político, e isto se consegue mediante a ação concertada dos intelectuais chamados orgânicos infi ltrados em todos os meios de comunicação, expressão e universitários”. Antonio Gramsci

O Estado derivou sua força da figura masculina. O pai, o sacerdote e depois o rei estão presentes na gênese do Estado.

No mundo árabe o poder continuou nas mãos ou de uma família (o rei- sheik) ou então nas mãos do descendente da entidade religiosa (o sacerdote-aiatolá).

Já no mundo ocidental, a revolução francesa teve o mérito de romper com o clero e a monarquia absolutista ao mesmo tempo.

Seus princípios de igualdade, liberdade e fraternidade bem como a separação dos poderes influenciaram o mundo todo.

Não seria demais dizer que os valores revolucionários de 1789 dominam ainda hoje o ideário do mundo ocidental. Ou seja, duzentos anos depois ainda não se conseguiu pensar num modelo melhor.

No Brasil não é diferente. Em nossa constituição estão alguns princípios revolucionários: a separação dos poderes, a proteção aos cidadãos e as garantias individuais.

A base teórica dessa revolução foi pensada pelo filósofo e suíço Jean-Jacques Rousseau, falecido em 1778. Ele concebia o homem como um ser livre, igual a seus semelhantes, com os quais deveria conviver fraternalmente. O Estado não deveria ser um elemento de dominação, mas um ente a serviço do cidadão. Essa vertente de pensamento do estado moderno é chamada hoje de jusnaturalista.

Nela ocorre um pacto entre os indivíduos para constituir o Estado. Cada um delega e abdica de sua própria autoridade em nome da autoridade única do soberano que é, ele próprio, um indivíduo.

A esse modelo se contrapõe o pensamento de Hegel e Marx: Para eles a liberdade é impossível dentro dos limites do Estado. Contrário a Rousseau e selando o rompimento com o jusnaturlismo, Marx vê no Estado uma forma necessária apenas para as organizações sociais de exploração e afi rma que apenas a extinção do Estado poderá dar origem à verdadeira história humana, o tal reino da liberdade sonhado por Rousseau. A realização da sociedade humana passa, pois, pela destruição do Estado, e não por sua instituição.

No mundo, os Estados de inspiração marxista agonizam, com exceção da China que manteve o Estado forte típico dos governos com essa orientação, mas liberou a economia e caminha para se tornar tao capitalista quanto os Estados Unidos, mas com a mão forte dos estados comunistas.

No Brasil nunca tivemos o Estado sonhado por Rousseau, onde a razão preponderaria sobre as paixões individuais. Aqui sempre poucos se serviram da estrutura estatal para proveito próprio, mas eram todos jusnaturalistas, ou seja, seduziam o eleitorado com propostas de um governo baseado nos princípios da razão para depois entregar corrupção e defesa de interesses inconfessáveis.

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