Vale sugere assumir a gestão de 46 quilômetros da ferrovia

Trem turístico

Vale sugere assumir a gestão de 46 quilômetros da ferrovia

Proposta foi apresentada ao governo federal e visa garantir retomada dos passeios turísticos entre Guaporé e Muçum

Vale sugere assumir a gestão de 46 quilômetros da ferrovia
Levantamento sobre trecho turístico da região mostra que houve avarias em 20 quilômetros. Maior dificuldade é na limpeza dos túneis e nos 60 pontos de deslizamentos. (Foto: Fábio Kuhn)
Vale do Taquari

Comitiva regional formada pela Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales) e de prefeitos da região esperam respostas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) sobre a reforma da ferrovia da malha sul, em especial no trecho de Guaporé a Muçum.

“Estivemos em Brasília e entregamos um pedido para o governo federal autorizar que a região, por meio de parceria entre setor público e privado, assumisse a gestão destes 46 quilômetros”, diz o coordenador do Trem dos Vales, Rafael Fontana.

Sem resposta faz quase um mês, os líderes locais buscam uma nova agenda com a Secretaria Nacional das Ferrovias para o início de novembro. “Vamos persistir. Manter o assunto em voga e mostrar o nosso interesse.”

Em agosto, foi formado um grupo de trabalho entre a equipe da ANTT, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), governo do RS e da Rumo Logística, concessionária responsável pela malha ferroviária do eixo sul (Paraná, Santa Catarina e RS).

Um relatório prévio aponta que foram pelo menos 700 quilômetros de trilhos com necessidade de reforma. Seria necessário um investimento entre R$ 3 bi até R$ 4 bilhões para retomar o transporte.

No entanto, a concessão com a Rumo está no fim (o prazo encerra em 2027). Neste sentido, o governo federal se prontificou em fazer um aporte financeiro e, junto com a empresa, fazer com que a ferrovia voltasse a ter condições.

Situação do Vale

Um estudo paralelo, feito pelos municípios da região, aponta que o trecho do trem turístico teve menos avarias na comparação com os trechos da ligação com Santa Catarina e na Serra gaúcha.

Dos 46 quilômetros, houve 60 deslizamentos, com uma estimativa para retirada de 50 mil metros cúbicos de material. O percurso soma 20 quilômetros, com oito pontos com necessidade de aterro, reparo em três viadutos e reconstrução de sete quilômetros de trilhos.

“Tendo a liberação para administrarmos o trecho regional, nosso plano é fazer uma parceria com empresas, governos e entidades regionais para investirmos nessa reforma”, conta Fontana.

No documento regional entregue à Secretaria Nacional de Ferrovias, também foi pedido para incluir na próxima concessão a exploração turística e cultural das ferrovias. “Queremos discutir como será o processo das novas concessões, porque do jeito que está, ficamos à mercê da concessionária, como se fosse um favor. A concessionária não dá o valor adequado para o uso turístico da ferrovia”, frisa Fontana.

Malha mais ociosa do país

São mais de 3 mil quilômetros de ferrovias que interligam o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul aos estados do centro-oeste do país. Antes de maio, menos da metade da malha tinha transporte regular por locomotivas.

Nas três décadas de concessão, não houve investimento para modernização dos ramais. Com trilhos antigos e sem manutenção, locomotivas ultrapassadas e mais lentas tornaram a opção pelo modal pouco atrativa.

Junto com isso, a Rumo também passou a ofertar poucas linhas. Sem periodicidade e prazos de entrega sem previsão, a malha gaúcha se tornou a mais ociosa do país.

As linhas que interligam o RS a Santa Catarina estão danificadas desde a grande inundação de maio. Na logística, o principal prejuízo está no transporte de cargas, em especial metais e combustíveis. Junto com isso, todos os passeios turísticos e culturais pelos trechos históricos também foram suspensos.

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