Novas projeções indicam clima favorável à produção agrícola

ESPERANÇA NO CAMPO

Novas projeções indicam clima favorável à produção agrícola

Com chuvas dentro da normalidade, a projeção é de boa produtividade por hectare plantado. Por outro lado, propriedades da região ainda vivem desafios de recuperar áreas após enchentes

Novas projeções indicam clima favorável à produção agrícola
Produtor Maico Stacke, de Linha Perau, em Marques de Souza, espera uma boa colheita nesta safra. (Foto: Gabriel Santos)
Vale do Taquari

Diante de um cenário de recuperação de solos e plantações, o Rio Grande do Sul supera expectativas para o agro. Segundo o primeiro levantamento da safra de grãos 2024/2025, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estado poderá ter a melhor safra da história, impulsionada pela produtividade do arroz e da soja. Se confirmada a previsão, será a maior marca registrada para o estado na série histórica da Conab, iniciada no ciclo 1976/1977.

A região vive realidade semelhante com projeções positivas para algumas culturas, mas ainda mostra marcas dos impactos da tragédia climática no agronegócio. Doutor em meteorologia, Daniel Caetano afirma que a previsão climática para os próximos meses indica chuvas dentro da normalidade ou, em alguns pontos, um pouco abaixo da média, devido a chegada da La Niña. O especialista afirma que desde a enchente de maio, tem chovido menos do que o habitual no país.

“Ainda não estamos sentindo esse impacto porque ainda temos muita umidade no sono. Agora, com períodos de maior calor, vamos ter solos mais secos”, afirma.

O fenômeno vai interferir, em especial, nas plantações de verão. Caetano acredita que o milho não sofra com a falta de chuvas. Já com o arroz e a soja, o cuidado deve ser redobrado.

Caetano recorda que o agro vem sofrendo com as condições climáticas dos últimos anos, em especial com a falta ou excesso de chuvas. “Tivemos o La Niña muito extenso, que se estendeu de 2020 até 2023, e isso fez com que o agro sofresse bastante. Depois tivemos o El Niño entre 2023 e 2024, com as chuvas extremas. Estamos passando por muitos extremos, seja por chuvas muito abaixo ou muito acima da média”.

Caetano diz que o período ainda é muito crítico e o agro ainda se recupera das cheias de maio, que contabilizou perda de campo, solos mais arenosos, entre outros desafios.

Produtividade na região

Gerente-adjunto da Emater Regional de Lajeado, Carlos Augusto Lagemann afirma que o Vale possui uma das áreas de várzea mais ricas em nutrientes do estado, mas o fenômeno das cheias danificou parte das propriedades, em especial as que tiveram entulhos, lama e areias depositados. Terrenos nas encostas dos rios também sofreram com a erosão.

Segundo Lagemann, a projeção para a próxima safra é de uma diminuição de 5 a 6% da área plantada de milho no setor de grãos, e 4% para silagem. Por outro lado, há um incremento no plantio de soja equivalente a 3%.

Apesar de menos área de plantio, a produtividade por hectare deve ser positiva, superando as perdas. Lagemann ainda diz que a produção de grãos na região equivale a menos de 0,5% da produção do estado. O Vale importa mais grãos do que produz.

Para reverter prejuízos

Produtor Maico Stacke, de Linha Perau, em Marques de Souza, espera uma boa colheita nesta safra. A família espera reverter os prejuízos da enchente de maio quando acumularam perdas do milho e também de uma boa quantidade de silagem utilizada para alimentação do rebanho leiteiro.

Neste período, dos 37 hectares que a família dispõe, apenas 8,5 foram recuperados. “Este período pós enchente foi muito difícil para nós. Todo o solo foi afetado. Fizemos análises e contamos com o auxílio de maquinário pesado para conseguir acessar as propriedades e fazer o plantio. Investimos na adubação. Se o tempo colaborar, teremos uma boa safra, porém temos muito trabalho pela frente”.

Até o final do ano, a intenção de Stacke é de realizar o plantio de milho em pelo menos 30 hectares.

No estado

  • A produção gaúcha para a safra 2024/2025 está prevista em 38,35 milhões de toneladas, 3,3% a mais do que na safra anterior;
  • Isso coloca o estado na posição de terceiro maior produtor de grãos do país, atrás do Mato Grosso e do Paraná.
  • Um dos principais alimentos consumidos pelos brasileiros, o arroz deve ter aumento de 15,3% na produção gaúcha, chegando a 8,26 milhões de toneladas.
    – O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% do arroz que é produzido no país, o que ajuda a impulsionar a safra nacional do cereal.

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