Eu estava na 5° série, em uma aula de Educação Física, no colégio São Miguel, em Arroio do Meio, justamente ministrada pelo meu pai, professor Rogério Rother, quando experimentei o voleibol pela primeira vez. Não vou dizer que foi amor à primeira vista. Eu não era muito bom e nem tinha o perfil físico mais privilegiado para essa modalidade. Na verdade eu era o contrário: baixo, lento e pouco habilidoso com as mãos.
Tampouco as condições eram atrativas: quadra de cimento (não era polido não!), exposta a toda a sorte de intempéries que uma quadra aberta no Rio Grande do Sul pode proporcionar, além da escassa quantidade e qualidade duvidosa das bolas da época. Quem viveu esse período da história sabe do que estou falando, pois uma manchete no inverno numa bola dura daquelas era um desafio à saúde.
Contrariando todas as perspectivas, todo cenário adverso, comecei a gostar do vôlei. A medida que me desenvolvia fui melhorando. O toque começou a encaixar, a garra com que eu jogava começou a aflorar um espírito de liderança. Nascia um levantador. Junto dele, uma paixão que dura por toda minha vida até hoje.
Tive minhas aventuras, joguei em equipes importantes, busquei o sonho de me tornar um atleta profissional. Venci, perdi, me lesionei, me recuperei, recebi prêmios de destaque, fiz grandes amizades. Até que chegou um momento em que precisei optar por um dos vários caminhos que a vida estava me apresentando. Cursar Educação Física era um deles. Uma opção que me atraía, afinal de contas, eu amava o vôlei. Lembro do meu pai me dizendo, do alto da sua experiência: “Não vai para a Educação Física, não dá dinheiro. Pensa bem.”
Eu segui sua instrução, mas só a parte do “pensa bem”. Pensei que se fosse para eu parar de jogar, teria que ser para fazer alguma coisa que eu amava. Foi assim que vim parar na Educação Física. O amor falou mais alto que o dinheiro.
Todo esse relato foi para chegar na seguinte conclusão: escolhi como profissão fazer o que amo e a vida me tornou um professor! Acho que essa pode ser uma boa definição dessa linda profissão: “Aquele que faz o que ama”. Eu sempre me pergunto: será que escolhi esta profissão ou será que foi ela que me escolheu?
Conto minha história sabendo que cada professor também tem a sua. Que, assim como eu, também foi um dos escolhidos e aceitou sua vocação mesmo diante das condições mais adversas. Na semana em que se comemora o Dia dos Professores, deixo minha homenagem aos meus/minhas colegas. Somos abençoados por fazermos o que amamos! Amém.