Dois pesos, duas medidas: mais uma de tantas controvérsias do governo lulista

Opinião

Jeniffer Harth

Jeniffer Harth

Psicóloga, empresária e pós-graduada em Ciência Política

Dois pesos, duas medidas: mais uma de tantas controvérsias do governo lulista

No início dessa semana testemunhamos mais um tema controverso no governo petista, mais um de tantos que já ocorreram nos últimos dois anos. Na terça, dia 08/10, o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho,  declarou que o governo federal barrou os trâmites de uma licitação para a aquisição de blindados de artilharia  para o Exército porque a empresa vencedora é de Israel. O Ministro deixou claro que a decisão do governo se  deu por questões ideológicas, ignorando o processo legal. Em outras palavras, antissemitismo.

A primeira questão a ser levantada é justamente a controversa alegação de que a decisão tem o intuito de evitar  o financiamento da guerra no Oriente Médio. É ingenuidade pensar que o governo estaria preocupado em não beneficiar financeiramente Israel em relação à guerra, afinal, por que não existe essa mesma preocupação em  relação à Rússia, que está em guerra com a Ucrânia há mais de dois anos? Avalie os fatos. De acordo com os  dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em 2021 o Brasil importou R$ 5,6  bilhões em produtos russos, e em 2023 esse valor chegou a R$ 10 bilhões. Também em 2023, entre janeiro e  abril, foi importado R$ 3 bilhões em diesel, já em 2024 o valor foi de R$ 9 bilhões para o mesmo período. Vocês acham que esses valores em importação não financiaram os ataques da Rússia contra a Ucrânia? Quanta  hipocrisia, enquanto uma guerra é amplamente condenada, a outra é ignorada, mas não se iludam, não se trata de hipocrisia, apenas. Vamos à segunda questão.

O governo lulista é sabidamente antiético e imoral, e age sem qualquer constrangimento para alcançar seus interesses ideológicos, e com Israel não é diferente. O Hamas iniciou um ataque sem precedentes à Israel,  matando indiscriminadamente mais de 1.200 pessoas, além de terem sequestrado mais de 200. Mulheres foram  estupradas, crianças foram degoladas, famílias inteiras assassinadas pelos terroristas, que inclusive transmitiram os massacres ao vivo nas redes sociais de muitas das vítimas. Como alguém pode achar justificável toda essa  barbárie, condenando Israel por se defender? Nada é dito da Rússia que violou a soberania de um país, matando milhares de civis ucranianos, assim como nenhum negócio foi desfeito para não financiar essa guerra.

O atual governo é mestre em relativizar as atrocidades dos seus aliados. É impossível explicar o conflito em  Israel em poucas linhas, mas uma coisa é fácil de entender: se Israel for passivo aos ataques que sofre, seu povo será dizimado. E esse é um dos objetivos defendidos pelo Hamas, exterminar os judeus da face da Terra. A  palavra genocídio foi tão banalizada que muitas pessoas não se chocam mais com a tentativa de um novo  Holocausto em pleno século XXI.

Como se já não bastasse os fatos até aqui, vale lembrar que a balança desse governo sempre pende em favor de regimes autoritários. Em 2023 foi vetada a venda de 450 blindados da indústria nacional à Ucrânia, veículos tipo ambulância que seriam usados para o transporte de vítimas e feridos da guerra. Veja bem, além desse governo  estar sempre preocupado em honrar acordos com ditaduras, ainda se nega a fazer negócios com um país que  busca soluções para os ataques sofridos. Tudo pela democracia. Relativa, é claro.

É lamentável que a cegueira ideológica impeça tantas pessoas de enxergarem o tamanho do buraco vexatório em que estamos enfiados. O Brasil se aliou ao que há de pior no mundo, estamos de mãos dadas com países que  ferem gravemente os Direitos Humanos, com direito a aplausos de uma militância politicamente analfabeta diante de discursos vazios sobre justiça social e paz mundial. A verdade, gostem ou não, é uma só: na balança  ideológica imposta por esse governo, os pesos nunca terão medidas justas.

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