Mensagens dos alunos perduram para o futuro

VIVER CIDADES

Mensagens dos alunos perduram para o futuro

Concurso cultural premia redações e vídeos feitos nas escolas. Seminário nesta tarde encerrou ano de atividades voltadas à educação ambiental e análises sobre qualidade da água nos mananciais da região

Mensagens dos alunos perduram para o futuro
Programação teve palestra sobre superação de traumas e painel sobre impactos das catástrofes na região. (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari

Em uma cápsula do tempo, as redações de seis alunos do Ensino Fundamental de escolas da região serão reabertas daqui a 20 anos. Nos textos, sentimentos, lembranças e desejos. De pontos comuns, criticam o desrespeito com a natureza e esperam um futuro melhor.

Entre a preocupação e a esperança, o 2º Seminário Viver Cidades reuniu professores, alunos e familiares para uma tarde voltada ao pensar a relação humana com o ambiente. A programação também marcou a entrega dos prêmios do concurso cultural.

Foram 474 redações de alunos do Ensino Fundamental e 31 vídeos produzidos por estudantes do Ensino Médio. A provocação para os jovens foi de refletir sobre consciência ambiental, cuidado com o Rio Taquari e com a natureza. No geral, 32 escolas de 11 municípios participaram.

Além das premiações principais, o evento reconheceu produções em categorias específicas, como melhor roteiro, melhor imagem, melhor narração e melhor edição, premiando estudantes que se destacaram na elaboração dos vídeos.

O Projeto Viver Cidades é uma realização do Grupo A Hora e conta com o patrocínio da Folhito, Reinigend, Fasa, Tintas Nobre, Disim Energia Solar, Mak Serviços, Global Eco e Boqueirão Desmonte. O apoio é do Governo de Lajeado.

No Dia dos Professores, Viver Cidades homenageou docentes durante o seminário

Inspiração após o trauma

A redação de Rafaela Gaio Dorigon, estudante do Colégio São Miguel, de Arroio do Meio, venceu na categoria do Ensino Fundamental (5º e 6º ano). “Vi muito da destruição. Não fui atingida diretamente, mas todos, de alguma forma, sofremos com a enchente. De alguma forma, toda essa sensação fez com que escrevesse”, conta. “Eu não acreditava que seria escolhida. Fiquei muito feliz, pois todos os textos achei muito bons”, diz a estudante.

Aluna da escola Otto Gustavo Daniel Brands, de Venâncio Aires, Ester Frey foi uma das premiadas. “Me inspirei com as condições que está o Rio Taquari. Está muito poluído. espero que em 2024 ele esteja melhor. Foi isso que escrevi. Eu estava muito nervosa, nunca tinha ganho um prêmio. Agora estou muito, muito feliz.”

Felicidade compartilhada por Manuela Brenner Ingrácio, que ficou com a segunda melhor redação. Estudante do Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat), em Lajeado, os motivos que a levaram a escrever são diversos. “Não sei direito. Só pensei em ajudar o próximo. E, neste momento, temos de cuidar do meio ambiente.”

Acolhimento emocional

Na abertura do seminário, houve dois momentos de debate e troca de experiências. Começou com a psicóloga, mestre em ensino, orientadora educacional do Ceat e professora da Univates, Denise Polonio.

“A experiência de estar junto a vocês no chão da escola foi de uma profundidade que nenhuma formação poderia prever”, realça Denise. Segundo ela, há diferenças entre a técnica da psicologia e o enfrentamento real diante das tragédias.

Na palestra, Denise enfatizou a importância de criar espaços de acolhimento para crianças e adolescentes afetados pelas enchentes. Ela destaca que o processo de lidar com traumas não é linear, e cada indivíduo tem seu tempo para processar as perdas. “Estamos em um momento em que a vida parece seguir em frente, mas muitos ainda carregam a tristeza e a irritabilidade. Precisamos estar atentos a esses sinais”, alerta.

Redes de apoio

Para Denise, é imperioso fortalecer a rede de apoio comunitária, em especial nas escolas, a partir da criação de momentos de escuta e diálogo. “Cada sujeito sente de forma diferente e precisa de um tempo próprio para lidar com a experiência.”

Em casos críticos, destaca a necessidade de serviços especializados, onde o sofrimento emocional é mais intenso, pois o processo de ressignificação é único para cada um, enaltece.

Resiliência e melhores escolhas

No painel “Futuro Sustentável: o papel dos jovens na construção de um ambiente melhor”, a professora de Arquitetura e Urbanismo, Jamile Weizenmann e a economista, presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento (Codevat), Cintia Agostini, detalharam desafios e o significado das inundações para o setor produtivo e à habitação.

“Estamos falando da maior tragédia brasileira do século. E foi sobre o Vale do Taquari. Isso é importante repetir para mostrar o tamanho das inundações”, afirma Cintia Agostini. A economista ressaltou que, mesmo meses após as enchentes, ainda existem pessoas vivendo em abrigos em cidades como Cruzeiro do Sul e em outras localidades do Vale. “Estamos em outubro, e muitos ainda não têm uma perspectiva imediata de voltar para suas casas. Precisamos pensar no futuro e planejar”.

Para ela, não adianta pensar apenas no problema de um município isolado. “Precisamos agir de forma integrada. Se não pensarmos coletivamente, não conseguiremos superar os desafios que temos pela frente.”

Para Jamile Weizenmann, os jovens de hoje terão a missão de tomar melhores decisões no futuro. “Nossa geração errou muito. Agora, cabe a vocês, hoje estudantes, serem melhores.”

A crise climática, que já não é mais uma previsão distante, afirma Jamile. Ela impacta diretamente a realidade de todos. Em cima disso, a professora realça a importância de contribuir no planejamento urbano e nas políticas climáticas.

“Pesquisas recentes indicam que 81% dos jovens estão atentos ao contexto global e aos efeitos das mudanças climáticas, mas apenas 36% têm conhecimento sobre os biomas onde vivem.”

Vídeos destaque

Melhor Imagem
“A Esperança”
– Carolina Cardoso
– Colégio Scalabriniano São José (Roca Sales)

Melhor Narração
“O Destino do Rio Taquari”
– Eduardo Schaffer
– Escola Estadual de Ensino Médio Estrela (Estrela)

Melhor Roteiro
“Versos que Fluem”
– Manuela Conte Feil
– Centro de Educação Básica Gustavo Adolfo (Lajeado)

Melhor Edição
“Para onde corre o Rio Taquari”
– Dominick S. Jandrey
– Escola Estadual de Ensino Médio Estrela (Estrela)

Premiados do 2º Concurso Cultural Viver Cidades

Ensino Fundamental: Categoria A
(5º e 6º ano)

  • 1º Lugar:
    Rafaela Gaio Dorigon
    “Uma Carta para o Futuro”
    Colégio Bom Jesus São Miguel (Arroio do Meio)
  • 2º Lugar
    Manuela Brenner Ingrácio
    “Melhoras, Rio Taquari”
    Colégio Evangélico Alberto Torres (Lajeado)
  • 3º Lugar
    Ester Frey
    “Querido Rio Taquari”
    Escola Municipal Otto Gustavo Daniel Brands (Venâncio Aires)

Ensino Fundamental: Categoria B
(7º ao 9º ano)

  • 1º Lugar:
    Érika Mathina Wunsch
    “A Ponte do Tempo: Lembranças do Rio Taquari”
    Colégio Scalabriniano São José (Roca Sales)
  • 2º Lugar
    Murilo André Burghardt
    “O Taquari para a Próxima Geração”
    Escola Municipal Nova Viena (Lajeado)
  • 3º Lugar
    Narge Fernanda Kollet
    “O Futuro do Rio Taquari”
    Escola Municipal Frei Henrique de Coimbra (Santa Clara do Sul)

Produção de Vídeo

Ensino Médio
“Para onde corre o Rio Taquari?”

  • 1º Lugar:
    Júlia Graziela Balt, Ellin Luíza Girardi, Érita Giovana Zarth e Ana Júlia Weiler
    Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara (Santa Clara do Sul)
  • 2º Lugar
    Kauane Roberta Eede, Giovana Renner e Bruna Cassal Dietrich
    Escola Estadual de Ensino Médio Estrela (Estrela)
  • 3º Lugar
    Amanda Wumch Magedanz, Mariana Tomasi, Geórgia Bertoldi e Priscila de Souza
    Colégio Scalabriniano São José (Roca Sales)

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